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Notícias de Bonito MS

Atrações turísticas se unem a projetos ecológicos como a preservação das ameaçadas araras-azuis e da onça-pintada

Pantanal, cachoeira, rappel, cavernas, zebrões e canoagem são algumas das opções para quem deseja aliar aventura e ecoturismo. Em até sete noites, é possível fazer essa mistura nos três destinos mais procurados de Mato Grosso do Sul: Pantanal, Bodoquena e Bonito.

A partida se dá no Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, a 236 quilômetros de Campo Grande. No Refúgio, atrações turísticas se unem a projetos ecológicos, como a preservação das ameaçadas araras-azuis e da onça-pintada. Enquanto aprende sobre fauna e flora do Pantanal, o turista navega de canoa, percorre trilhas e faz focagem noturna de animais.

Se o negócio é disparar a adrenalina, há a opção do passeio nos zebrões, carros semelhantes aos usados nos safáris africanos, e o fufu, nome dado à observação bem próxima dos jacarés. Para aqueles que preferem uma atividade bem pantaneira, a condução dos bois do Refúgio é uma opção.

Já a caminho de Bonito, está incluída uma parada em Bodoquena para conhecer a Cachoeira Boca da Onça e fazer rappel. Antes de terminar o dia, chega-se a Bonito, onde é possível descarregar a adrenalina em escaladas e mergulhos.

Águas cristalinas, natureza preservada, comida típica e passeios de encher os olhos fazem da cidade localizada no Estado de Mato Grosso do Sul um paraíso para aventurar, curtir belas paisagens ou relaxar.

Por Roberta Salles

Paraíso natural, localizado no Estado do Mato Grosso do Sul, Bonito facilmente poderia ser chamado de "Lindo". O município, a 330 quilômetros da capital Campo Grande, reserva uma infinidade de atrações, passeios, comidas típicas, esportes radicais e áreas de sossego. São quase cinco mil quilômetros de áreas verdes e mananciais que podem ser aproveitados praticamente em todas as épocas do ano. A temperatura do clima tropical beira os 22°. Além disso, a proximidade de 127 quilômtros do Pantanal coloca a natureza como rainha soberana na região. Portanto, passar mais de sete dias na região é mais do que recomendado pelos guias e por quem já esteve no local.

Para começar a diversão e se acostumar com a natureza à sua volta, vale a pena procurar o passeio à Bacia do Rio Sucuri. Lá, a satisfação é garantida em um grande aquário natural, com centenas de espécies de peixes. Um destaque especial pode ser encontrado no caminho ao passeio: são diversas trilhas em um trecho de 500 metros. Para auxiliar os visitantes, a infra-estrutura conta com três deques e seis escadas de madeira - ótimos opntos para mergulho ou para apreciação da infinidade de peixes. As águas são cristalinas e ideiais para flutuação com snorkel. A flutuação começa em um bote que sobe ao encontro das águas dos rios Formoso e Sucuri. Depois, basta se jogar na água e deixar que a correnteza o leve. Coletes salva-vidas dão aos visitantes toda a segurança necessária. Tudo é monitorado e acompanhado de perto pelos guias locais.

O passeio pode ser feito a qualquer hora do dia. Se resistir à tentação de cair na água, pode-se ficar tarnquilo, somente para apreciar a paisagem. O local conta com vestiários e área de lazer externa, com campo de futebol e quadras para prática de outros esportes. Um passeio para os mais radicais leva ao Abismo Anhumas. Carinhosamente chamado de "o buraco", o local permite a exploração de uma fenda de 72 metros de profundidade e dez metros de largura por meio de descida com rapel, que termina em uma caverna e um lago com águas transparentes. Lá embaixo, existem surpresas, como mais de 20 cones de formação calcária. É só colocar a roupa de neoprene e aproveitar o que a natureza oferece.

A aventura começa na noite anterior à descida. Assim, monitores fazem um treinamento com os participantes e uma descida com rapel por oito metros avalia quem conseguirá continuar com a aventura. Para se chegar ao Abismo Anhumas são 23 quilômetros de estrada de terra que terminam na entrada do buraco. Como em outros passeios, os monitores oferecem total segurança aos visitantes. Para manter e garantir a preservação ambiental do local, somente 16 pessoas por dia podem fazer o passeio. A descida pela fenda dura cerca de cinco minutos. Mas a altura e a adrenalina são suficientes para que o passeio não seja muito indicado a pessoas com problemas cardíacos. O passeio dura um dia inteiro e, por isso, recomenda-se levar lanches, roupas leves, tênis, roupas de banho e repelente. Vale a pena consultar uma agência para programar os passeios.

Culinária Peculiar

Preparada para atender turistas de todo o mundo, Bonito tem restaurantes que atendem a todos os gostos. Contudo, conhecer as especiarias do cerrado pode ser um grande prato. A comida é farta de coisas típicas da região, como a fruta pequi, usada tanto em pratos salgados, como em licor. Peixes são boa pedida, preparados cozidos, fritos ou assados, bem como o churrasco, sempre acompanhado de mandioca e farofa. Há coisas exóticas como o caldo de piranha, ou a carne seca que pode ser consumida em forma de paçoca (ralada) cozida frita, assada ou no arroz. Complementar a refeição com tereré, uma espécie de erva-mate gelada ou guaraná ralado na hora, estimula e dá energia suficiente para aproveitar as condições naturais. Para sobremesa o forrundu, doce de mamão e rapadura de cana, é mais do que indicado.

Eu fui...

"Já estivemos em Bonito por sete vezes desde a primeira vez, em 1992. E pretendemos voltar sempre que possível. Recomendamos a viagem de carro. Além da liberdade de parar nos locais que bem entender, a estrada é tranquila e nos oferece paisagens inesquecíveis. Ao chegar em Bonito, o melhor é procurar os passeios que ofereçam flutuação pelas águas cristalinas, arvorismo ou mesmo um bom papo com os boiadeiros das estradas de terra.

Até hoje é tradicional das boiadas inteiras sendo levadas por meio das estradas. Mas o melhor é poder conversar e ouvir as histórias de todos. Além disso, recomendamos participar de uma boa refeição regional, preparada nos intervalos, no caminho de uma fazenda a outra. Geralmente, são servidos churrasco com mandioca, arroz carreteiro ou carne seca. Há um ritual de preparação, que envolve a montagem do forno de lenha, tempero e distribuição da comida entre os participantes.

No inverno é possível garantir uma época seca e com temperaturas mais baixas. Entretanto, no verão, Bonito é lugar de temperaturas bem quentes e chuvas espaçadas que ajudam a refrescar o corpo. Conhecer o Rio do Peixe, as fazendas, o Rio Sucuri, as cavernas e cachoeiras renovam a alma. Mas é importante lembrar que Bonito é uma região que requer preservação ambiental e cuidados com a natureza. Portanto respeitar o local é obrigação de todo visitante."

Luiz Cesar Freire, capitão do Corpo de Bombeiros
e Cecília Freire, pedagoga da Secretaria Municipal de Educação

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Bonito - Nas entranhas do Brasil

À mesa, um show de cores e sabores

Combinações regionais ganham toques refinados, como o pintado ao molho de urucum. Mas cuidado com a pimenta!

Pintado ao molho de urucum, jacaré, galinha caipira, peixes com molho gratinado, sorvete de guavira, suco de cabeçudo... As opções são as mais variadas, assim como os restaurantes. Opções não faltam. Bonito tem desde a imperdível culinária regional até a japonesa.

Um lugar longe do burburinho, que serve a mais regional das culinárias e ainda convida o visitante a entrar na intimidade dos habitantes da cidade, é o Cantinho do Peixe (67-255-3381 - abre diariamente, das 11 às 14 horas e das 18 às 22 horas; no domingo fecha para jantar). É daqueles restaurantes simples que servem uns pratos divinos.

O cardápio diz que jacaré e peixes são as especialidades da casa. Vá direto ao assunto. Peça um prato de filé de pintado com urucum (R$ 20 meia porção; R$ 35 para uma pessoa muito bem servido). Prepara-se o pintado de diversas maneiras: ensopado, grelhado e em porções também estão na lista. Mas tenha muito cuidado com a pimenta. "É bem forte, tá?", avisa o simpático garçom Alexandre Carvalho.

Outro endereço que merece uma visita é o Taboa Bar (67-255-1862; www.taboa.com.br - aberto a partir das 17 horas; na alta temporada, abre a partir das 10h30). Dificilmente há um turista que vá a Bonito sem pisar ali. São dez anos de tradição. Uma das marcas do local é a cachacinha artesanal, que leva guaraná em pó, canela e mel. O destilado tem a mão da dona, a fabricante do produto.

No balcão, em alguma mesa ou na varanda, peça a cachaça pura com mel, canela, cereja, abacaxi, goiaba, guavira, ameixa ou pêssego. A dose custa R$ 3,50. E note que no Taboa a caipirinha atende por caipitaboa (R$ 7,50). "É mais leve", garante a proprietária, Andréa Braga Fontoura. Para acompanhar, há porções (de R$ 1 a R$ 20), pratos rápidos e caldos, além de saborosas sobremesas. Quem quiser, pode levar para casa uma garrafa do tal produto artesanal.

Os baladeiros e pés-de-valsa têm um espaço reservado: um palco onde tocam bandas ao vivo. Quando não há apresentações, o lugar se transforma numa pequena pista de dança. As paredes, que mudam de cor a cada temporada, estão tomadas por assinaturas de quem já passou por lá. Na caixa de som, muita MPB, reggae e forró.

Aos que já conhecem o local, aí vai uma novidade: acabaram de inaugurar uma lojinha de artesanato. Os produtos, alguns feitos com material reciclado, são de primeiríssima qualidade e de muito bom gosto.

Há bandejas de madeira com detalhes em osso, kit com garrafa e copinho de cachaça (R$ 22), telas de pintura (R$ 1200), mesa com trabalhod e marchetaria (R$ 400), porta-guardanapo (R$ 4,50), quadro com garrafa da Taboa (R$ 40), agenda com capa de papel reciclado e até um quebra-cabeça para montar na vertical ou na horizontal, entre muitos outros produtos.

Figueira e Tapera

A cerca de cinco quilômetros do centro de Bonito fica o Restaurante da Figueira, no balneário Praia da Figueira (ingresso a R$ 20 por pessoa). Lá também é servido o pintado ao molho de urucum com uma camada de queijo. Custa R$ 20 a meia porção, que serve bem a uma pessoa.

Prestigiar um lugar tradicional deve fazer parte da programação. Então, vá ao restaurante Tapera (67-255-1757 -aberto das 11 às 15 horas e das 18h30 à meia-noite), um dos mais antigos da cidade, e prove o peixe à moda da casa. Um prato serve duas pessoas e, detalhe, é preparado pelos donos. O mais caro é o jacaré, que custa R$ 35. "Bonito é uma cidade para viajar com a família", costuma dizer o dono, Antonio Carlos Egles.

A novidade da temporada é a costela nabileque, uma costela desossada que era muito comum no Pantanal. "Estou resgatando essa receita", empolga-se Egles. Outra sugestão é o suco de cabeçudo - um tipo de coquinho da região. Trata-se de uma fruta nativa que se produz em qualquer época. "Com essa fruta vou derrubar a Coca-Cola, brinca ele.

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As surpresas da Serra da Bodoquena

A apenas 55 km de Bonito está a Boca da Onça, a maior cachoeira do Estado

A 55 quilômetros de Bonito, a Fazenda Boca da Onça, em Bodoquena, é programão de dia inteiro, para ecoturista nenhum botar defeito. No lugar é possível caminhar numa trilha que passa por 11 cachoeiras, praticar rappel e flutuação e ainda passear de bike - as duas últimas atividades ainda estão em fase de regulamentação. E nem adianta ficar desanimado quando o guia avisar que, no meio da caminhada, é preciso vencer quase mil degraus, até um mirante. Aqui, absolutamente tudo compensa.

Comece, então, pelo passeio mais disputado de lá: a trilha ecológica até a Cachoeira Boca da Onça, a maior de Mato Grosso do Sul, com 156 metros de queda - o equivalente a um prédio de 50 andares. No percurso, de quatro quilômetros, o vistante passa por outras dez quedas-dágua.

Para relaxar, as paradas para banho nas piscinas naturais e no Rio Salobra são mais do que bem-vindas.

Depois de tanto bem-bom, lembre-se: no fim da trilha deve-se vencer uma escalada de exatos 86 degraus, construída nm paredão de calcário. A subida leva uma hora e meia, em média. Quem se cansar, volta de oncinha, o carro da fazenda. O passeio dura o dia inteiro e custa R$ 70 por pessoa.

Quem preferir, pode ir até a Boca da Onça de bicicleta, outro passeio oferecido na fazenda. São cinco quilômetros de percurso. A atividade também sai por R$ 70 por pessoa.

Rappel negativo

Quer radicalizar um pouquinho? Que tal, então, fazer um rappel com descida, em negativo - sem apoio -, de 90 metros de altura? A modalidade é praticada no mirante da Serra da Bodoquena. Dizem que a vista para o canyon do Rio Salobra é daquelas para levar de lembrança pra o resto da vida. Mesmo com todo o esforço exigido pelo rappel. Custa R$ 190 por pessoa com seguro, almoço e guia.

Os que querem apenas curtir a natureza podem fazer o que os guias chamam de flutuação cênica no Rio Salobra. Neste caso, em vez da observação de peixes, como ocorre na flutuação tradicional, as atrações principais estão fora dágua: no caminho é possível observar cutias e tucanos, além, claro, da mata nativa.

Munido de roupa e bota de neoprene, o turista flutua por três quilômetros. A atividade custa R$ 70 por pessoa.

Reservas: Boca da Onça Ecotour (67) 255-3410 (Bonito ou no (67) 268-1711 (na fazenda);
www.bocadaonca.com.br

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Bonito - Nas entranhas do Brasil

 

Onde reina a natureza, não é preciso muito para viver dias inesquecíveis

Um dos destinos mais ecoturísticos do País, Bonito reserva um sem-fim de atividades ao ar livre - e alguns eventos culturais

Um lugar para contemplar a natureza. É assim que se resume Bonito, em Mato Grosso do Sul, uma das cidades que carregam o título de capital do ecoturismo. E que, assim como outras, depende de uma estrada de terra para receber seus turistas.

Nada que cause um trauma. Mesmo porque, desde o início do mês, quando começou a alta temporada, o aeroporto da cidade foi reaberto - para desespero dos ambientalistas e glória de quem vive do turismo - e está recebendo dois vôos fretados por semana. Ambos vêm de São Paulo: um da TAM (em parceria com a CVC) e outro da BRA. Especla-se que a primeira seguirá com a operação até o fim do ano.

Localizada na Serra da Bodoquena, Bonito tem cerca de 17 mil habientantes. Em suas antigas fazendas, foram descobertas nascentes de rios cristalinos e muitas cavernas. Isso tornou a cidade um pólo de ecoturismo e, consequentemente, um destino visitado por pessoas de todos os cantos do planeta.

Preços tabelados

Aos turistas que gostam de fazer viagens independentes, vale um aviso. Não pense que é só chegar na cidade e fazer os passeios por conta própria. O número de visitantes, em qualquer um dos tours, é controlado. E o valor é tabelado. O negócio é fazer as reservas com antecedência. Todos os passeios são acompanhado por guias, que precisam ser credenciados pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Tudo para proteger e preservar o ecossistema. Um exemplo que vem ganhando adeptos.

As opções em Bonito são bem variadas e com toques de aventura. No roteiro não podem faltar visitas ao Aquário Natural e à Gruta Azul, além dos passeios das atividades nos Rios da Prata e Sucuri e uma incursão ao misterioso Abismo Anhumas, com paisagens deslumbrantes.

Bonito não pára

Reserve um dia para rodar pela cidade e descobrir suas peculiaridades e um pouco da história de sua gente. Se quiser conhecer de perto a diversão dos nativos, vá dançar carapé no Clube do Laço. É lá que eles se divertem ao som de música sertaneja.

E mais: até sábado, Bonito será palco de diversas manifestações culturais no 6° Festival de Inverno.

No fim de semana, por exemplo, haverá shows com Fagner, Fernanda Abreu e Elza Soares - que encerrará a festa.

Em novembro, o evento da vez será o Festival da Guavira, em homenagem à fruta nativa. "É uma forma de trazer o povo da periferia para o centro", diz o organizador Antonio Carlos Egles, dono do Restaurante Tapera.

E um detalhe imporatante: leve dinheiro em espécie, pois em Bonito não há caixa 24 horas (só um posto do Bradesco e um do Banco do Brasil). Além disso, muitos estabelecimentos comerciais não aceitam cartão de crédito. Mas nem é preciso muito para viver dias inesquecíveis nesse santuário ecológico.

Fotos: Ulisses Matandos e Marcos Leonardo

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Ponte pênsil, morcegos e uma caverna de 600 milhões de anos

A ida até a Gruta São Miguel já é uma aventura; lugar tem até luz artificial

Um dos caminhos para chegar à Gruta São Miguel - uma formação do período pré-cambriano com cerca de 600 milhões de anos - é por meio de uma ponte pênsil de 180 metros. "A idéia é não ter de abrir trilha na mata, para poder conservá-la", explica a guia Vânia Mugartt Picolli.

A ponte fica na altura da copa das árvores, com uma vista maravilhosa. Dá vontade de ficar um bom tempo ali curtindo o visual, pensando na vida, apreciando a Serra da Bodoquena, os bois pastando... Mas o tempo vai passando e os guias apressam a galera.

A alguns passos da entrada, a guia pára num ponto para mostrar que está pisando no teto da caverna. Lá dentro, a temperatura é bem agradável. "Felizmente, o lugar tem muito morcego", comenta Vânia, sob o olhar de reprovação da ala feminina. "É sinal que a gruta está viva e preservada. Eles só saem em busca de alimento", explica ela, ressaltando que não é motivo para temê-los.

Mas o que realmente interessa é a grande variação de espeleotemas, que crescem cerca de meio centímetro por ano. Tocá-los, nem pensar - tome cuidado de não ultrapasar os limites demarcados com pedras.

A caverna se divide em um salão principal e duas galerias de dimensões diferentes. Uma das atrações é um bloco de coralóides, formações que absorvem a umidade como se fossem gotas de suor da rocha. "Foi o que eu mais gostei de ver", comenta o pequeno gaúcho João Pedro Oster Maya, de 8 anos. Com a lanterna, a guia alcança profundidades inimagináveis e apresenta os pequeninos mercegos. "Pensei que fosse um passeio de cinco minutos, mas tinha um monte de coisas para ver", diz o menino.

Por um instante, a guia pede silêncio para que todos possam ouvir o gotejamento dentro da caverna. Em outro momento, ela apaga as luzes artificiais - sim, dentro da gruta foram instaladas luzes artificiais - , para que o turista aprecie o visual só com a luz natural.

Na saída, é engraçado olhar para trás e pensar daquela pequena entrada foi possível conhecer a imensidão - afinal, são 3.149 metros quadrados de área - que existe ali dentro.

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Um aquário natural para os turistas

Assim é a flutuação na Reserva Ecológica Baía Bonita; no fim do percurso há uma tirolesa, para quem ainda tiver fôlego

Mergulhar, literalmente, num outro universo. Essa é a sensação de quem faz o passeio pelo Aquário Natural, na Reserva Ecológica Baía Bonita, em Bonito. Relaxe e deixe-se levar pelas águas calmas da nascente do Rio Baía Bonita até o Rio Formoso. É durante a flutuação que o visitante terá a oportunidade de dividir espaço com muitos e muitos peixes e conferir de perto a vegetação aquática das mais variadas espécies.

Para começar bem, nem pense em usar repelente ou protetor solar. Não será uma atitude ecologicamente correta naqueles rios cristalinos. Depois de vestir a roupa de neoprene, o colete, o snorkel e o papete - e antes de seguir para a nascente, todos caem numa piscina para o treinamento. Hora de se acostumar a respirar só pela boca, aprender algumas técnicas essenciais para o bom desempenho e aproveitamento do passeio e, principalmente, de testar os equipamentos.

Para chegar à nascente é preciso seguir por uma trilha suspensa - uma tentativa de inimizar o impacto ambiental - dentro da reserva. A recepção é feita por macaquinhos, que podem ser vistos durante todo o passeio. No percurso, os turistas são apresentados aos mulungus, imbaúbas, figueiras, ximbuvas, bacuris e outras plantas típicas da mata atlântica. A guia oferece erva-cidreira para quem quiser relaxar.

Um funcionário do aquário acompanha os grupos para fotografar o passeio, cujas imagens poderão ser compradas por R$ 35 (um CD com 80 fotos).

Caindo nágua

Na nascente há um deck onde, aos poucos, todos se preparam para entrar nágua. Dali, é impossível imaginar a profundidade do rio - parece raso, impressão dissipada já no começo da flutuação. A partir daí, é só alegria.

Os peixes chegam muito perto. A única coisa que se ouve é a própria respiração, que vai ficando menos ofegante. Caso alguém se canse, é só subir na canoa que acompanha o grupo por todo o percurso.

A arquiteta Danise Maya teve uma experiência traumática durante uma flutuação em auto-mar em Miami, nos Estados Unidos. Ela se enroscou na corda de uma âncora e, desde então, fica aflita quando precisa entrar na água. "Acho a água linda, mas eu fico com muito medo", conta. "Aqui eu consegui relaxar", diz Denise, surpresa com o próprio desempenho.

Volta

Depois de curtir o maior sossego embaixo dágua na companhia de peixes das mais variadas cores e tamanhos, no fim do passeio há uma parada para quem quiser - e tiver fôlego para - fazer tirolesa ou pular numa cama elástica dentro do rio. A volta é por uma outra trilha dentro do parque, numa espécie de minizoológico, onde se caminha ouvindo de longe o barulhinho do rio. É ali que alguns animais vivem em cativeiro. Entre eles, jacarés do papo-amarelo e do Pantanal e uma loba conhecida como Gisele Bundchen. "Olha como ela anda", comenta a guia Carmem de Alencar Martins.

Para que tudo saia perfeito, só não esqueça de levar uma câmera aquática. Se não tiver, alugue uma na cidade. Custo R$ 20, mas vale a pena. E lembre-se de levar um filme, pois no aquário custa R$ 18.