Notícias de Bonito MS
Bonito não é só para os radicais, pelo contrário: a flutuação dos seus rios é a aventura mais relaxante que você pode ter
Matéria publicada na edição 100 (Fevereiro/2008) de Próxima Viagem
LUCIANO CANDISANI
Águas translúcidas, vida preservada e sossego: assim é a flutuação
Mais do que Bonito, o nome dessa cidade às portas do Pantanal Sul-mato-grossense, a pouco mais de 300 quilômetros de Campo Grande, já foi Paz de Bonito. Faz sentido. Estrela do ecoturismo brasileiro, com estrutura e planejamento exemplares, Bonito tem tranqüilidade e beleza de sobra. Poucas sensações se comparam à leveza de flutuar nos rios de água cristalina de Bonito, com visibilidade que parece infinita, junto com cardumes coloridos. É essa, justamente, a atividade mais famosa da cidade. Quem nunca esteve em Bonito imagina: mas flutuar não é algo que pode ser feito em outras águas doces também? Até pode, mas a constituição dos rios da região é o que faz a diferença. Com muito calcário, as águas são naturalmente limpas, o que permite uma visibilidade subaquática de até 30 metros. As correntezas mais fracas fazem com que você, usando máscara, snorkel, roupa de neoprene, colete e papete, veja o fundo dos rios passivamente, praticamente imóvel. Um espectador privilegiado da natureza. Dourados, pintados, piraputangas, curimbatás, piaus, matogrossinhos, caranguejos e outros bichos e plantas de rio ficam a seu alcance.
Depois de um dia de flutuação, sentindo-se leve, esbalde- se com a culinária local. Peixes, jacarés e javonteses (mistura de javali com porco montês) são servidos em aperitivos e em pratos mais substanciosos. Eles podem ser acompanhados da cachaça local, a Taboa - que é um clássico de Bonito e tem até um bar ligado a ela. Para os que curtem a noite, a pedida, em plena madrugada, é provar um dos sabores da terra servido no Palácio dos Sorvetes. Só fecha depois das 4 da manhã na temporada.
Se você não ficou tomando sorvete até altas horas, acorde bem cedo para mais um dia de aventuras - devidamente agendadas, pois só assim se passeia em Bonito. Há diferentes modalidades de mergulho em Bonito, inclusive o discover dive, um batismo de mergulho que pode ser feito até por crianças. Ainda na água, mas acima da superfície, Bonito tem também uma série de cachoeiras - no caminho para a Boca do Onça, queda com 136 metros, há nada menos que 11 delas! -, piscinas naturais, praias de rio e aventuras boas para se fazer em grupo, como a descida de bote pelo Rio Formoso.
Além da vida nos rios, há verde suficiente nas matas para fazer arvorismo ou caminhadas, nas quais se vêem muitos pássaros, macacos e árvores centenárias como grandes ipês. Apesar de estar rodeada pela pecuária, a cidade de Bonito e suas vizinhas próximas ficam numa das últimas áreas de mata nativa preservada da região, a Serra da Bodoquena. Daí a profusão de beleza, na água e fora dela.
Um programa "a seco", porém, frustra muitas expectativas. A Gruta do Lago Azul, a atração mais fotografada da cidade, é acessível depois de uma suada caminhada, com direito a uma escada íngreme. Mas que só pode ser vista de certa distância. Obviamente, o espetáculo provocado pela reflexo dos raios de sol nas águas, um caleidoscópio de muitas tonalidades de azul, é de cair o queixo. Tanto que dá vontade de mergulhar e se fundir nessas águas, depois de tanto esforço. Não pode. Bonito é assim: o turismo é controlado nos detalhes, do número de visitantes aos minutos em cada atração. Só assim sua natureza tem permanecido em paz.
OS 10 MAIS DE BONITO
Difícil escolher entre os quarenta passeios oferecidos em Bonito? Veja nossas sugestões:
1 Flutuação no Rio Sucuri
2 Flutuação no Aquário Natural
3 Visita ao Lago Azul
4 Flutuação no Rio da Prata
5 Mergulho no Rio Formoso
6 Rapel e mergulho no Abismo Anhumas
7 Visita à Caverna de São Miguel (foto)
8 Passeio até a Boca da Onça
9 Caminhada do Rio do Peixe
10 Descida de bote pelo Rio Formoso
Referência em ecoturismo e modelo de gestão ambiental, a cidade de Bonito-MS recebe os prêmios de Destino para Eventos, Centro de Convenções e Hotel de Médio Porte das regiões Centro-Oeste e Norte.
A cidade de Bonito-MS se consolida como destino de eventos ao receber três Jacarés no Prêmio Caio 2007, o "Oscar dos eventos":
- Jacaré de Ouro como Melhor Centro de Convenções de Médio Porte das regiões Centro-Oeste e Norte (Centro de Convenções de Bonito);
- Jacaré de Ouro como Melhor Hotel para Eventos de Médio Porte das regiões Centro-Oeste e Norte (Wetiga Hotel).
- Jacaré de Prata como Destino para Eventos das regiões Centro-Oeste e Norte;
"Trata-se de um momento histórico para turismo em Bonito MS, um destino de ecoturismo que se insere de forma sustentável no segmento de eventos. Os três prêmios deste ano demonstram que temos uma infra-estrutura de excelência para receber convenções, congressos, seminários e demais eventos de porte nacional e internacional.", diz Rodrigo Coinete, proprietário do Centro de Convenções de Bonito e diretor de marketing do Bonito CVB.
Coinete explica que a cidade está aplicando o modelo de excelência em gestão ambiental também para o segmento de eventos: Nos Passeios em Bonito o participante de eventos terá conforto, segurança e tecnologia; além de uma experiência única de contato com os exuberantes atrativos naturais da região. Também dimensionamos o centro de convenções para receber somente eventos que respeitem a capacidade de suporte de nosso meio-ambiente."
Ganhador do Jacaré de Ouro já em seu primeiro ano de operações, o Centro de Convenções de Bonito tem o formato de uma grande aldeia indÃgena, conta com auditórios no formato de anfiteatros, grande área de exposição, todos os espaços climatizados e recursos tecnológicos de ponta para receber eventos de até 1.500 pessoas. A cidade conta com aeroporto e rede hoteleira com 4.300 leitos. A região de Bonito e Serra da Bodoquena conta com 40 atrativos naturais reconhecidos internacionalmente, entre eles o Rio da Prata - eleito o melhor atrativo turÃstico do Brasil pelo Guia Quatro Rodas 2008.
Água se espalha em rios e cachoeiras por todos os cantos da cidade sul mato-grossense
Mergulhar nas piscinas naturais em meio aos peixes coloridos é a principal diversão em Bonito
A cidade de Bonito, na Serra da Bodoquena, chega a ser um exagero molhado. São várias cachoeiras, corredeiras, encostas, lagos e aquários naturais que chegam a 200 quilômetros quadrados, uma das várias opções ideais para o mergulho. De tão abundante, a água vem e vai dos rios Formoso, Sucuri, do Peixe e da Prata, que fazem o roteiro Caminho das Águas da Bodoquena. Como é impossível ter só água em pleno Pantanal, dourados, curimbatás, piraputangas e muitos outros peixes nadam em cardumes, além da presença de plantas aquáticas e animais.
Ao chegar em Bonito, provavelmente, você vai questionar se está no lugar certo. A referência de beleza dessa cidade do Mato Grosso do Sul vai além do seu próprio nome, mas isso fica por conta dos atrativos naturais mais afastados da pequena cidade, que tem apenas uma rua principal. A 20km do centro da cidade (de apenas 17 mil habitantes) está seu principal cartão-postal, a Gruta Lago Azul. A imensa abertura (extraordinária por sinal) dá início a mais pura das obras de arte, onde as estalactites (aquelas que crescem para baixo) formam a moldura da paisagem.
O sol brilha na água e, refletindo em minérios, rendem o lindo e translúcido azul. O lago chega a medir 70m de profundidade, a água é tão limpa que em quase toda sua extensão é possível ver os peixes coloridos e tão desinibidos com a presença de seres estranhos como os humanos. O Lago Azul é também fonte de achados arqueológicos, como fósseis de um bagre dente-de-sabre e uma preguiça gigante medindo 3m de altura.
Em Bonito, é como se Deus quisesse montar seu próprio aquário utilizando "ferramentas" da própria natureza brasileira, . Nadar na gruta é totalmente proibido, mas voltar para casa sem experimentar um pouco da vida dos peixes de Bonito é cruel demais. Felizmente, para que não haja tal frustração, Deus criou outros aquários naturais para nós, mortais, aproveitarmos. O Balneário do Sol, a 11km do centro urbano, é uma dessas piscinas. Às margens do Rio Formoso, peixes como piraputangas, curimbas e dourados têm na sua moradia belíssimas cachoeiras. Também é possível usufruir de lanchonete, espaço para um cochilo em redes, quadras de esportes e churrasqueiras com mesas e cadeiras. O lugar é ideal para um piquenique.
Com estrutura similar, os balneários Municipal (7km), Monte Cristo (9km) e Tarumã são ótimos para mergulho. O segundo fica no Monte Cristo Parque, onde nasce o Formosinho. Nela há um lago de cinco hectares, cascatas, trilhas de 2km e ainda a Praia da Figueira, que não tem esse nome à toa. Uma figueira de quase 30 anos cresceu o suficiente para ocupar mil metros quadrados de área, na mesma região ocupada por um lago de 60 mil metros quadrados, totalmente construído pela natureza.
E ainda tem mais! Existem outras ótimas atrações para se conhecer e que tornam a escolha difícil. Algumas delas são: Parque das Cachoeiras, Projeto Vivo/Fazenda da Barra, Cachoeira do Rio Peixe e Gruta Mimoso - considerada uma das melhores do mundo para mergulhos.
Adrenalina em cenários de tirar o fôlego
A principal atração de Bonito é, sem dúvida, o lazer aquático, entretanto, atividades terrestres, aérea e verticais completam muito bem o pacote de diversão. O Abismo Anhumas (22km), por exemplo, é adrenalina pura. Para explorá-lo, os aventureiros descem fazendo rapel, 72m até um lago de águas cristalinas do tamanho de um campo de futebol. Debaixo d´água, mais surpresas e belezas para os praticantes de mergulho livre e autônomo.
Boca da Onça é uma trilha de 2.780m pela mata virgem que leva ao fim do Rio Salobra, onde se tem a vista da cachoeira mais alta (156m) de Mato Grosso do Sul, além de um paredão de 90m para descida de rapel. Esse passeio exige um curso básico no dia anterior, sendo que os participantes recebem o certificado após fazer o percurso.
Para visitar as atrações de Bonito é exigido por lei a companhia de um guia turístico credenciado pela Embratur e prefeitura municipal. Além disso, muitas atrações ficam em propriedades privadas, exigindo a compra de ingressos. No geral, os passeios são um pouco mais caros que em outras regiões do Brasil.
Numa viagem de quatro dias por Bonito, o visitante deverá gastar uns R$500, fora hospedagem e transporte (é claro!). No caso da Gruta Lago Azul, a visita custa R$10 por pessoa, na entrada é possível comprar aperitivos e souvenirs na loja de artesanato, presente na maioria dos destinos da região, assim como lanchonetes e restaurantes.
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
Considerada um dos mais importantes destinos ecológicos do Brasil, a cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, oferece um leque de atrações para ecoturista nenhum botar defeito: além da cinematográfica gruta do Lago Azul, principal cartão-postal da região, a rica fauna pantaneira, os imensos paredões procurados por adeptos de rapel, trilhas em meio à exuberante flora local, cachoeiras e rios propícios à prática do mergulho superficial, do rafting, do caiaque, do bóia-cross e da flutuação, proporcionando ao visitante a sensação de estar submerso num imenso aquário natural, cercado de plantas aquáticas, piraputangas, dourados, pintados, piaus e outra infinidade de peixes fazem a festa dos aficionados por esportes de aventura.
Tudo, é claro, sem desrespeitar as mais severas normas de preservação, essenciais para que todo este patrimônio natural não desapareça por conta do turismo predatório e do número crescente de visitantes. Para tanto, a maior parte das grutas e estâncias apresentam número limitado de pessoas por dia. Passeios concorridos como a gruta do Lago Azul e o rio da Prata chegam a exigir agendamento com pelo menos um mês de antecedência em feriados e na alta temporada, e só podem ser adquiridos por meio de agências locais, concentradas na avenida principal do município. Caso contrário, o turista desavisado poderá partir de Bonito sem ter conseguido visitar suas principais atrações.
Protetor solar, repelentes e outros cremes também são proibidos aos que pretendem mergulhar em lagos e corredeiras, pois as substâncias químicas destes produtos prejudicam o ecossistema subaquático. Coletes salva-vidas e bóias também são exigidos em alguns lagos de baixo nível d?água a fim de que o visitante não pise nas plantas submersas. As regras, enfim, são muitas, mas valem a pena para que o nome da cidade continue a fazer jus às suas belezas.
Grutas emolduram o cenário
A gruta de São Miguel, com seu salão de pedra, raízes de figueiras que atravessam a rocha, estalagmites, estalactites, cortinas, pérolas e outras formações de pedra milenares, seria capaz de impressionar até mesmo um geólogo experiente pela variedade de formas esculpidas pela água e pelo tempo. Esta exposição permanente de formações rochosas fica a 12 km do Centro de Bonito, na Reserva Natural Parque Ecológico Vale Anhumas. Na gruta, o turista trava um dos primeiros contatos com a natureza. Além da sensação de imponência por ser envolvido por toneladas de pedra calcárea em permanente transformação, pode-se ver morcegos, ossos de pequenos animais que foram alimento da coruja que habita a caverna e, com um pouco de sorte, ver a própria ilustre habitante do local.
Oito quilômetros adiante, a 20 km de Bonito, está a famosa gruta do Lago Azul. Após uma trilha pela mata e depois de chegar ao fundo da caverna, o queixo do visitante se encontrará provavelmente na mesma altura que o do índio terena que descobriu a entrada da gruta, quando atingiu aquele mesmo platô em 1924: no nível do chão.
A tonalidade azulada forte que emana das águas e dá nome ao local tem razão científica tão complicada que até mesmo os guias têm problemas para explicar. Segundo estudos geológicos, a formação das rochas ricas em calcário faz com que a iluminação que entra pela gruta mude a cor da água ao atravessá-la. Como a luz é refletida diversas vezes pelas paredes, antes de atingir o fundo do lago, a imagem se torna única. Mesmo no rio Sucuri, onde o leito do córrego também é rico em calcário, a cor da água não se iguala. Infelizmente, a experiência é apenas para saciar os olhos, pois o banho no lago azul é proibido.
A medida, pouco simpática e que frustra 99% dos suarentos visitantes que descem os 100 m que separam a entrada do último ponto onde se pode chegar na caverna, é parte de uma série de medidas que os responsáveis pelo turismo em Bonito adotaram para preservar as belezas naturais. Em todos os passeios, há claras instruções sobre o que pode e o que não pode fazer. As flutuações no Aquário Natural (a 6 km do Centro) e no rio Sucuri (17 km do Centro) têm regras semelhantes na rigidez. Não se pode bater os pés dentro d'água e entrar nos rios, somente de colete salva-vidas, roupa de neoprene e calçados que ajudam a boiar. Isto porque, nos dois passeios, os rios são bastante rasos e o contato com o fundo dos córregos prejudica a visibilidade da fauna e da flora. Esta é uma das marcas mais impressionantes do turismo em Bonito: o contato regrado, mas muito próximo, com a vida animal e vegetal. Nas flutuações é quase possível tocar nos peixes, nas conchas e nas plantas.
Pacus, curimbas, piraputangas, caranguejos e pintados circulam entre os visitantes sempre desconfiados. Tentar tocar em um peixe é tarefa para os muito hábeis. Em seu hábitat natural, eles são extremamente ágeis e esquivos. Na Reserva Ecológica Baía Bonita, onde está localizado o Aquário Natural, além de flutuar em meio aos peixes nas águas cristalinas do rio que dá nome ao parque, pode-se percorrer a pé uma trilha que leva o visitante a ver e ouvir bem de perto jacarés-do-papo-amarelo, lobos guará, capivaras, antas, macacos-pregos, cotias, pássaros diversos, além de ver árvores raras e típicas da região como bacuri, aroeira, ipê, figueira santa, entre outras. O cenário ainda torna o local propício para a prática de esportes radicais, como a tirolesa.
Cultura tem agenda cheia em junho
Como se já não bastasse o imenso menu de atrativos naturais que fazem do termo Bonito um mero eufemismo, quem visitar a cidade entre os dias 22 e 29 de julho ainda poderá conferir os shows musicais, encenações, mostras de cinema e vídeo, exposições de artes plásticas e demais manifestações artísticas programadas para a sétima edição do Festival de Inverno de Bonito.
Embora a cidade não tenha cinema nem teatro, não é de hoje que a qualidade de sua agenda cultural tem conquistado cada vez mais simpatizantes justamente na época mais fria do ano, em exibições ao ar livre. Só na edição de 2005, foram 45 mil espectadores, atraídos pelas apresentações de pintura, dança, literatura, fotografia, teatro e, principalmente, pelos shows de cantores do quilate de Nando Reis, Moraes Moreira, Fagner, Fernanda Abreu e Elza Soares, além da Orquestra Villa-Lobinhos e de vários ícones da música sul-mato-grossense, como Rodrigo Sater, Marcio Camillo, Dino Rocha e Gilson Espíndola.
As atrações programadas para o festival de 2006 ainda não foram definidas pelo governo municipal, mas já é possível efetuar inscrição para os concursos de fotografia e mostras de vídeo o prazo vai até o dia 30 deste mês. A agenda completa poderá ser conferida a partir de junho na página oficial do evento na internet.
Site www.festinbonito.com.br
Ao alcance dos olhos e da boca
Além da visão e da audição, outro sentido bem bacana para conhecer a vida animal da região é o paladar. Jacarés, piraputangas, surubins, pintados e o javontês, uma raça desenvolvida na região através da mistura do javali com o porco montês, são muito bem-vindos na mesa de alguns dos restaurantes da região.
No Castellabate, uma porção de iscas de jacaré fritinhas e cortadas ao estilo de aperitivo, acompanhadas de limãozinho e molho de urucum, aquela frutinha que o índio usa para se pintar e o homem branco para tingir o arroz, sai por R$ 22. A porção é generosa e a carne, semelhante à textura da lula. Há também a opção do jacaré ao urucum, que vem com o molhinho, queijo e arroz por R$ 27.
À noite, todo mundo se dirige ao Taboa, barzinho no Centro com mesas na calçada e que começa a encher após as 22h. A casa oferece uma honesta e leve cachaça de fabricação própria, a R$ 3 a dose, batizada com o nome do estabelecimento. Um garçom diz que, apesar das informações desencontradas sobre o que veio primeiro o bar ou a aguardente, foi o botequinho quem originou a bebida. O bar já tem 13 anos de funcionamento e traz em suas paredes recados rabiscados nas mais variadas línguas, por visitantes de todos os lugares imagináveis.
No fim da noite, a volta ao hotel reserva uma última surpresa. Depois de certo horário, não há mais táxis no único ponto. A opção é encarar o mototáxi e o ventinho gelado que bate nas pernas de quem achava que bastava uma bermuda. No fim da estadia em Bonito, a única coisa em comum que tem o visitante com aquela comitiva de bois que cruza passado e presente, em um encontro da tradição e progresso, é saber que ele também deixará para trás as paisagens tricolores que encantam os olhos, rumo a um novo destino, restando apenas lembranças do cheiro do barro, do mato, das águas transparentes, do calor, do canto dos muitos pássaros, do gotejar no silêncio das grutas, do gosto do jacaré e da grandiosidade do céu que abraça a região.
Belezas milenares e costumes enraizados
No começo do século XXI, o interior do Brasil ainda surpreende os visitantes com belezas milenares e costumes enraizados na história de uma região que mantém um pé em um passado de estradas de terra e em um presente de vôos fretados em pequenos jatos por turistas alemães, italianos e portugueses. Localizada a 300 km de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, no roteiro de seculares caravanas de bois em busca de pastagens altas para fugir da cheia do vizinho Pantanal, Bonito encanta pelo contato íntimo com a natureza e por ser um dos recantos mais bem preservados do Centro-Oeste.
Situada à beira da Serra da Bodoquena, a cidade conserva estradas de terra que atravessam não apenas o centro urbano de Bonito, mas enormes extensões de terra plana onde o que mais se vê são milhares de cabeças de gado a acompanhar os quadriciclos utilizados nos passeios e verdejantes plantações de soja e de cana-de-açúcar que se estendem até onde os olhos alcançam. O viajante que contempla a paisagem a sua volta tem sempre três cores em seus olhos: o verde da vegetação, o marrom do barro que se desprende do chão quando um veículo passa, e o azul do céu característico da região central do país. O desatento, além de perder a chance de ver de perto animais como gaviões, siriemas, avestruzes e até pequenos lobos, perde-se em meio a caminhos que se repetem e se parecem.
Mesmo na BR-060, que liga a cidade à capital do Mato Grosso do Sul, é possível se deparar com tradições que teimam em persistir apesar dos novos tempos. Verdadeiras comitivas de cabeças de gado refazem caminhos que datam do início da colonização do interior do Brasil, só que agora, em vez de guiadas pelas picadas abertas pelos pioneiros e por bandeirantes, seguem por estradas asfaltadas e sinalizadas por placas que informam: Aquidauana 170 km. Pela velocidade da caravana na rodovia, e pelos cálculos do motorista conhecido como Seu Rodrigues, nascido no interior sul-mato-grossense e habituado à espera de um espaço para passar com sua van no meio do enorme rebanho, a viagem será de quase um mês para os 551 bois e seis peões, entre o destino à beira do Pantanal e o pouso de onde saíram naquela manhã em Sidrolândia.
Para o turista, a viagem é muito menos extenuante. A distância é coberta sem sustos em cerca de três horas, por uma estrada em bom estado em quase toda a sua extensão, mas sem iluminação. Soma-se a este trajeto um vôo de, em média, 1h30, se não houver escalas e conexões, sendo Londrina a parada mais comum, entre São Paulo e o Aeroporto Internacional de Campo Grande.
O Centro de Bonito é pequeno, com poucas ruas asfaltadas. Na principal, a avenida Coronel Pilad Rebuá, o dono do Rincão de Bonito, fazenda que originou a cidade, guarda o que ela tem de mais urbano: agências de turismo, bares, farmácia 24 horas, duas agências bancárias, um ponto de mototáxi e outro de transporte convencional, duas praças e algumas casas. Poucos prédios e nenhum com mais de três andares. O que faz com que, somado ao relevo regional, do centro de Bonito se enxergue intermináveis estradas de terra com longínquas elevações verdes. No horizonte, além do que a vista alcança, estão alguns dos motivos que trazem para este lugar visitantes do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, só para citar alguns dos turistas domésticos mais encontrados por estas bandas do Mato Grosso do Sul.
Localizada na Serra da Bodoquena, a cidade de Bonito não tem esse nome por acaso. A expedição fotográfica Eco Jornada www.ecojornada.com.br esteve lá e comenta esse paraíso de lavar a alma.
Devido ao solo rico em calcário, os rios que cruzam a região possuem uma água cristalina onde se pode observar uma grande quantidade de peixes e plantas. É, na realidade, um convite para a apreciação dessa fauna e flora.
A flutuação é uma possibilidade de estar em contato com uma variedade de peixes no seu próprio habitat. Ela pode ser realizada nos rios Sucuri, Baía Bonita e da Prata.
Outra alternativa de estar no meio subaquático é o mergulho autônomo no rio Formoso ou no rio da Prata, essa atividade nos transporta para um outro mundo de percepções de som e imagens diferenciadas.
Sem dúvida os rios cristalinos são o ?carro chefe? dessa cidade e não poderíamos deixar de mencionar as refrescantes cachoeiras da Estância Mimosa e também da belíssima Cachoeira Boca da Onça, a maior do estado com 156 metros de altura, e que permite uma ótima observação reflexiva.
Entretanto o grande cartão postal de Bonito é a Gruta do Lago Azul, uma caverna moldada por um belíssimo lago de cor azulada devido à quantidade de magnésio na água. Pertinho da gruta se encontra um outro grande diferencial da cidade, o Abismo Anhumas, uma fenda na pedra com 72 metros de altura que através da técnica vertical do rapel leva a um lago de águas cristalinas e recheado de espeleotemas de formações calcárias.
Mas não só do espetáculo das águas vive Bonito, existem outros atrativos como o Circuito Arvorismo que oferece um percurso de desafios andando na altura da copa das arvores. O passeio de Quadriciclo no rio Sucuri também é uma boa pedida. Além disso, existe o Projeto Jibóia que procura desmistificar todo o preconceito dos turistas com as serpentes.
Na verdade a natureza em Bonito foi muito generosa permitindo muitos atrativos as pessoas que vêm conhecer a cidade. Mas o maior atrativo da região é a hospitalidade e alegria dos moradores de Bonito e de todo o Mato Grosso do Sul.
Agradecemos a pousada Águas de Bonito www.aguasdebonito.com.br pela excelente acolhida.
Não há como ignorar o trocadilho: Bonito é realmente muito bonito. A natureza foi ímpar em suas atribuições, e os privilegiados são os turistas, que a cada ano descobrem, no Mato Grosso do Sul, a 278 quilômetros da capital do estado - Campo Grande - esse paraíso. As atrações vão da simples contemplação - que em Bonito ganha um novo sentido - à mais pura adrenalina, especialmente concebida para os adeptos dos esportes radicais.
Bonito fica na Serra da Bodoquena - que abriga a maior extensão de florestas preservadas do Mato Grosso do Sul - e possui o maior aquário natural de água doce do Brasil. As opções de diversão e aventura são inúmeras: trekking, banhos de cachoeiras, grutas de águas cristalinas, como a belíssima Gruta do Lago Azul, flutuação nas correntezas de rios como Sucuri, da Prata e Formoso, rafting, mergulho autônomo (com cilindros de oxigênio), trilhas de bike, rapel, parapente, ultra-leve.
O santuário ecológico ainda preserva uma admirável diversidade de espécies animais e vegetais. O mais impressionante é observar a riqueza que habita o fundo de rios e lagoas. A visibilidade das águas da região, garantida pela alta concentração de calcário, que funciona como agente purificador, permite que o turista desfrute desse privilégio.
O sucesso do turismo em Bonito está intimamente ligado à preservação da natureza. Qualquer passeio nesse santuário é acompanhado por um guia local registrado.
Nesse contexto, foram criados o Parque Ecoturístico da Bodoquena e o Projeto Vivo. O primeiro é uma iniciativa da ONG Instituto Peabiru de Ecoturismo e inclui passeios em canoas canadenses, mountain bikes, cavalos e trekking. Já o segundo, promove trekking, rafting no Formoso, passeios a cavalo e atividades especiais para crianças utilizando papel reciclado e reciclagem de lixo. Ambos são empreendimentos de lazer associados à educação ambiental e procuram mostrar como é possível aliar conservação da natureza, ecoturismo e geração de empregos.
História
Bonito tem uma população estimada em 17 mil habitantes. Devido à presença de extensas propriedades rurais que criam gado, a pecuária tem um papel importante na região. Mas o que movimenta a economia mesmo é o turismo, que leva cerca de 70 mil pessoas por ano para lá, sendo responsável por aproximadamente 56% dos empregos gerados.
Para hospedar toda essa gente, Bonito ampliou sua infra-estrutura. São cerca de 80 hotéis e pousadas dos mais diferentes níveis. Possui também restaurantes que oferecem desde refeições rápidas até pratos a base de peixe e carne, inseridos na culinária regional.
Atrações
Gruta do Lago Azul: Após uma descida de 120 m, depara-se com um lago de água intensamente azulada, com a profundidade estimada de 90 m. Os raios solares infiltram-se no lago, originando um espetáculo de rara beleza.
Aquário Natural: Neste aquário há uma visão de vários peixes ornamentais e plantas aquáticas. A flutuação é feita num percurso de 900 m. Não é necessário saber nadar, com a roupa de neoprene você flutua e desfruta dessa beleza natural.
Rio da Prata: Uma hora de caminhada em trilha na mata virgem, acompanhando o Rio da Prata até sua nascente. De lá inicia-se um mergulho superficial com máscara e roupa de mergulho, podendo observar fauna e flora subaquáticas, incluindo Dourados e Pintados que nadam tranqüilos nas águas cristalinas.
Rio Sucuri: O Rio Sucuri tem 2 km de descida, onde você desce por toda correnteza em suas águas cristalinas com bonita vegetação subaquáticas e peixes variados.
Rio do Peixe: Uma fascinante caminhada na Fazenda Água Viva, um dos cenários mais bonitos da região, passando por uma trilha de aproximadamente 1,5 km. Você pode conhecer várias cachoeiras e piscinas naturais.
Cachoeira do rio Mimoso: São feitas caminhadas pelas trilhas para visitar suas 3 cachoeiras formadas por agrupamentos de travertinos esculpindo degraus nas rochas. A maior cachoeira tem 8 m de altura, onde é possível tomar agradáveis banhos com água corrente.
Passeio de bote no Rio Formoso: O passeio pelo Rio Formoso é feito em botes de borracha num percurso de 7 km até a Ilha do Padre, passando por 3 cachoeiras. Nas margens do rio você será acompanhado por macacos e pássaros.
Cachoeira do Rio Aquidaban: Um bonito passeio pela mata nativa. No caminho nos deparamos com 9 cachoeiras com paisagens diferentes. A última cachoeira possui 120 m de altura e do alto avista-se o Pantanal no Nabileque, a Serra da Bodoquema e a reserva Indígena Kadiwéu.
Projeto Vivo: O Projeto Vivo é um empreendimento de lazer e educação ambiental que procura mostrar como é possível aliar conservação da natureza, ecoturismo e produção na propriedade rural. Você pode fazer uma caminhada na trilha e depois descer de bote no Rio Formoso até a barra com o Rio Miranda. Para crianças há programas especiais como reciclagem de papel e mini-trilhas.
Balneário Municipal: As águas cristalinas do balneário permitem uma visão nítida de peixes de cores e tamanhos variados, mas a pesca é rigorosamente proibida.
Abismo Anhumas: Onde pode ser feito rapel de 72 m até um lago do tamanho de um campo de futebol, de águas cristalinas e cones submersos de 16 m de altura. Neste local se pratica mergulho livre ou autônomo. Nas partes secas há vários salões e espeleotemas para serem admirados.
Como chegar
As principais distâncias são:
# Campo Grande via BR 060 / BR 419: 280 km via Sidrolândia, Nioaque, Guia Lopes da Laguna.
# Campo Grande via BR 262 / BR 419: 330 km via Aquidauana, Nioaque, Guia Lopes da Laguna.
# Miranda: 127 km via Bodoquena.
# Belo Horizonte: 1787 km.
# Brasília: 1464 km.
# Cuiabá: 974 km.
# Curitiba: 1047 km.
# Florianópolis: 1454 km.
# Fortaleza: 3677 km.
# Porto Alegre: 1754 km.
# Rio de Janeiro: 1599 km.
# Salvador: 2898 km.
# São Paulo: 1170 km.
De avião:
Descida no aeroporto de Campo Grande. Lá é melhor já ter contratado traslado através de uma agência local, ou já ter reserva em uma locadora de carros. O aeroporto de Campo Grande tem locadoras.
De carro:
Para quem vem de Campo Grande, capital do Estado, até Bonito são 330 km, seguindo pela BR 262 até Anastácio, a partir daí, o ideal é tomar a BR 419 até Guia Lopes da Laguna e depois uma estrada de 56 km até Bonito. Outro acesso ainda para quem vem de Campo Grande, pode ser num percurso de 270 km, é pela BR 060 passando por Sidrolândia, Nioaque, Guia Lopes da Laguna e Bonito.
Vindo de São Paulo também existem duas opções:
A primeira é via Presidente Prudente, entrando no Estado de Mato Grosso do Sul, até a primeira cidade do Estado, que é Bataguassu. Depois segue até o trevo de Nova Alvorada, em direção a Rio Brilhante, Maracajú, Guia Lopes da Laguna e Bonito.
Outra opção é pela Rodovia Castelo Branco seguindo em direção ao trevo de Botucatu até a rodovia Marechal Rondon sentido Três Lagoas. De Três Lagoas siga para Campo Grande, depois Sidrolândia, Guia Lopes da Laguna e Bonito.
Projeto para normalização do setor de turismo de aventura inclui 19 normas. Proposta pretende aumentar segurança dos praticantes e qualificar os serviços das agências
Do Correio Braziliense
Frio na barriga, sensação de liberdade, êxtase total. Em busca de novas experiências, um número cada vez maior de pessoas busca no turismo de aventura um meio de se desligar da vida moderna e colocar à prova o coração e os nervos. A crescente procura de clientes por modalidades radicais como tirolesa, arvorismo, rafting, rapel e outras fez com que o Ministério do Turismo, por meio do Instituto Hospitalidade, formulasse uma proposta para a regulamentação do setor. O Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura propõe normas para a operação segura e responsável de atividades desse tipo no país. O objetivo é prevenir acidentes e qualificar os serviços oferecidos pelas empresas que trabalham na área. A expectativa é que o projeto esteja pronto este ano.
Ao todo estão previstas 19 normas para o setor, selecionadas a partir da análise do número de acidentes, fluxo de turistas e número de organizações que oferecem as diferentes modalidades. "O foco do projeto é a qualidade e segurança dentro do turismo de aventura", diz Leonardo Persi, técnico do projeto.
Persi explica que as normas fazem parte de um documento técnico e não de um regulamento ? assim as empresas que não se adequarem não serão fechadas. "Elas não são leis. Ou seja, as empresas não são obrigadas a segui-las. Porém, se a operadora se enquadrar tecnicamente dentro dessas normas, ela terá maior possibilidade de crescimento comercial. Afinal, os clientes buscam qualidade e segurança no serviço", destaca.
"Como forma de incentivo para que as operadoras adotem os novos parâmetros, o ministério concederá benefícios como acesso a financiamento com juros baixos para compra de equipamentos e para qualificar seu pessoal", explica o coordenador do projeto, Gustavo Timo.
Aumento
20% - É o crescimento anual do setor de turismo de aventura a partir de 1998, de acordo com dados da Organização Mundial do Turismo e da Sociedade Internacional de Ecoturismo
Redução do perigo
Seis normas transversais, que contribuirão para a redução do risco em todas as atividades do turismo de aventura, estão sendo desenvolvidas. Outras 13, já selecionadas, estão relacionadas à modalidades específicas como caminhada, cavalgada, cicloturismo, arvorismo, turismo com veículos fora de estrada, canionismo e rafting, entre outras. Em outubro, foram publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) as duas primeiras normas técnicas brasileiras do setor: a Norma de Informações Mínimas Preliminares a Clientes e a Norma de Condutores de Turismo de Aventura ? Competências de Pessoal.
"As normas já estão disponíveis para que o mercado as utilize como referências na operação responsável e segura do turismo de aventura", comenta Persi. "Por enquanto não teremos uma norma específica para a modalidade do bungee jump, mas as normas em desenvolvimento certamente contribuirão para uma maior segurança na prática dessa modalidade de turismo de aventura", completa o técnico.
Recentemente, o Instituto de Hospitalidade lançou o Manual de Busca e Salvamento em Turismo de Aventura, que também estava sendo desenvolvido no âmbito do projeto. O documento orienta e apóia grupos voluntários e o poder público na organização de equipes de busca e salvamento para atividades de turismo de aventura.
Em dezembro, a população teve a possibilidade de avaliar dois projetos de normas técnicas desenvolvidos pelo projeto: Sistemas de Gestão da Segurança ? Requisitos de Competências para Auditores (CE 54:003.02) e Competências Mínimas do Condutor de Rafting (CE 54:003.07). A consulta ficou disponível no site da ABNT (www.abntonline.com.br/consultanacional) até o fim de dezembro com acesso dos internautas para votação. Os interessados podiam aprovar, aprovar com ressalvas ou desaprovar as normas. Passada esta fase, as Comissões de Estudo, responsáveis pelo desenvolvimento dos projetos de norma, voltam a se reunir para avaliar os votos.
A primeira norma técnica estabelece os requisitos mínimos dos auditores que atuarem na verificação de sistemas de gestão da segurança implementados nas organizações. Já a segunda estabelece as competências mínimas de condutores relacionados à preparação e condução do cliente de rafting. A modalidade será a primeira do segmento de turismo de aventura a ter uma norma técnica específica. Comissões de Estudo da ABNT estão desenvolvendo outras cinco normas de competências específicas para condutores: escalada e montanhismo, caminhadas de longo curso, canionismo e cachoeirismo, espeleoturismo e turismo fora-de-estrada.