sexta, 06 de janeiro de 2006
Correio Braziliense
Prática da descida de cachoeiras em cordas requer equipamentos com rígidas normas de segurança(Foto: Marcos Michelin)
Projeto para normalização do setor de turismo de aventura inclui 19 normas. Proposta pretende aumentar segurança dos praticantes e qualificar os serviços das agências
Do Correio Braziliense
Frio na barriga, sensação de liberdade, êxtase total. Em busca de novas experiências, um número cada vez maior de pessoas busca no turismo de aventura um meio de se desligar da vida moderna e colocar à prova o coração e os nervos. A crescente procura de clientes por modalidades radicais como tirolesa, arvorismo, rafting, rapel e outras fez com que o Ministério do Turismo, por meio do Instituto Hospitalidade, formulasse uma proposta para a regulamentação do setor. O Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura propõe normas para a operação segura e responsável de atividades desse tipo no país. O objetivo é prevenir acidentes e qualificar os serviços oferecidos pelas empresas que trabalham na área. A expectativa é que o projeto esteja pronto este ano.
Ao todo estão previstas 19 normas para o setor, selecionadas a partir da análise do número de acidentes, fluxo de turistas e número de organizações que oferecem as diferentes modalidades. "O foco do projeto é a qualidade e segurança dentro do turismo de aventura", diz Leonardo Persi, técnico do projeto.
Persi explica que as normas fazem parte de um documento técnico e não de um regulamento ? assim as empresas que não se adequarem não serão fechadas. "Elas não são leis. Ou seja, as empresas não são obrigadas a segui-las. Porém, se a operadora se enquadrar tecnicamente dentro dessas normas, ela terá maior possibilidade de crescimento comercial. Afinal, os clientes buscam qualidade e segurança no serviço", destaca.
"Como forma de incentivo para que as operadoras adotem os novos parâmetros, o ministério concederá benefícios como acesso a financiamento com juros baixos para compra de equipamentos e para qualificar seu pessoal", explica o coordenador do projeto, Gustavo Timo.
Aumento
20% - É o crescimento anual do setor de turismo de aventura a partir de 1998, de acordo com dados da Organização Mundial do Turismo e da Sociedade Internacional de Ecoturismo
Redução do perigo
Seis normas transversais, que contribuirão para a redução do risco em todas as atividades do turismo de aventura, estão sendo desenvolvidas. Outras 13, já selecionadas, estão relacionadas à modalidades específicas como caminhada, cavalgada, cicloturismo, arvorismo, turismo com veículos fora de estrada, canionismo e rafting, entre outras. Em outubro, foram publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) as duas primeiras normas técnicas brasileiras do setor: a Norma de Informações Mínimas Preliminares a Clientes e a Norma de Condutores de Turismo de Aventura ? Competências de Pessoal.
"As normas já estão disponíveis para que o mercado as utilize como referências na operação responsável e segura do turismo de aventura", comenta Persi. "Por enquanto não teremos uma norma específica para a modalidade do bungee jump, mas as normas em desenvolvimento certamente contribuirão para uma maior segurança na prática dessa modalidade de turismo de aventura", completa o técnico.
Recentemente, o Instituto de Hospitalidade lançou o Manual de Busca e Salvamento em Turismo de Aventura, que também estava sendo desenvolvido no âmbito do projeto. O documento orienta e apóia grupos voluntários e o poder público na organização de equipes de busca e salvamento para atividades de turismo de aventura.
Em dezembro, a população teve a possibilidade de avaliar dois projetos de normas técnicas desenvolvidos pelo projeto: Sistemas de Gestão da Segurança ? Requisitos de Competências para Auditores (CE 54:003.02) e Competências Mínimas do Condutor de Rafting (CE 54:003.07). A consulta ficou disponível no site da ABNT (www.abntonline.com.br/consultanacional) até o fim de dezembro com acesso dos internautas para votação. Os interessados podiam aprovar, aprovar com ressalvas ou desaprovar as normas. Passada esta fase, as Comissões de Estudo, responsáveis pelo desenvolvimento dos projetos de norma, voltam a se reunir para avaliar os votos.
A primeira norma técnica estabelece os requisitos mínimos dos auditores que atuarem na verificação de sistemas de gestão da segurança implementados nas organizações. Já a segunda estabelece as competências mínimas de condutores relacionados à preparação e condução do cliente de rafting. A modalidade será a primeira do segmento de turismo de aventura a ter uma norma técnica específica. Comissões de Estudo da ABNT estão desenvolvendo outras cinco normas de competências específicas para condutores: escalada e montanhismo, caminhadas de longo curso, canionismo e cachoeirismo, espeleoturismo e turismo fora-de-estrada.
30/08/2023 - 00:00