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Notícias de Bonito MS

Caderno Viagem e Aventura
Bonito - Nas entranhas do Brasil

À mesa, um show de cores e sabores

Combinações regionais ganham toques refinados, como o pintado ao molho de urucum. Mas cuidado com a pimenta!

Pintado ao molho de urucum, jacaré, galinha caipira, peixes com molho gratinado, sorvete de guavira, suco de cabeçudo... As opções são as mais variadas, assim como os restaurantes. Opções não faltam. Bonito tem desde a imperdível culinária regional até a japonesa.

Um lugar longe do burburinho, que serve a mais regional das culinárias e ainda convida o visitante a entrar na intimidade dos habitantes da cidade, é o Cantinho do Peixe (67-255-3381 - abre diariamente, das 11 às 14 horas e das 18 às 22 horas; no domingo fecha para jantar). É daqueles restaurantes simples que servem uns pratos divinos.

O cardápio diz que jacaré e peixes são as especialidades da casa. Vá direto ao assunto. Peça um prato de filé de pintado com urucum (R$ 20 meia porção; R$ 35 para uma pessoa muito bem servido). Prepara-se o pintado de diversas maneiras: ensopado, grelhado e em porções também estão na lista. Mas tenha muito cuidado com a pimenta. "É bem forte, tá?", avisa o simpático garçom Alexandre Carvalho.

Outro endereço que merece uma visita é o Taboa Bar (67-255-1862; www.taboa.com.br - aberto a partir das 17 horas; na alta temporada, abre a partir das 10h30). Dificilmente há um turista que vá a Bonito sem pisar ali. São dez anos de tradição. Uma das marcas do local é a cachacinha artesanal, que leva guaraná em pó, canela e mel. O destilado tem a mão da dona, a fabricante do produto.

No balcão, em alguma mesa ou na varanda, peça a cachaça pura com mel, canela, cereja, abacaxi, goiaba, guavira, ameixa ou pêssego. A dose custa R$ 3,50. E note que no Taboa a caipirinha atende por caipitaboa (R$ 7,50). "É mais leve", garante a proprietária, Andréa Braga Fontoura. Para acompanhar, há porções (de R$ 1 a R$ 20), pratos rápidos e caldos, além de saborosas sobremesas. Quem quiser, pode levar para casa uma garrafa do tal produto artesanal.

Os baladeiros e pés-de-valsa têm um espaço reservado: um palco onde tocam bandas ao vivo. Quando não há apresentações, o lugar se transforma numa pequena pista de dança. As paredes, que mudam de cor a cada temporada, estão tomadas por assinaturas de quem já passou por lá. Na caixa de som, muita MPB, reggae e forró.

Aos que já conhecem o local, aí vai uma novidade: acabaram de inaugurar uma lojinha de artesanato. Os produtos, alguns feitos com material reciclado, são de primeiríssima qualidade e de muito bom gosto.

Há bandejas de madeira com detalhes em osso, kit com garrafa e copinho de cachaça (R$ 22), telas de pintura (R$ 1200), mesa com trabalhod e marchetaria (R$ 400), porta-guardanapo (R$ 4,50), quadro com garrafa da Taboa (R$ 40), agenda com capa de papel reciclado e até um quebra-cabeça para montar na vertical ou na horizontal, entre muitos outros produtos.

Figueira e Tapera

A cerca de cinco quilômetros do centro de Bonito fica o Restaurante da Figueira, no balneário Praia da Figueira (ingresso a R$ 20 por pessoa). Lá também é servido o pintado ao molho de urucum com uma camada de queijo. Custa R$ 20 a meia porção, que serve bem a uma pessoa.

Prestigiar um lugar tradicional deve fazer parte da programação. Então, vá ao restaurante Tapera (67-255-1757 -aberto das 11 às 15 horas e das 18h30 à meia-noite), um dos mais antigos da cidade, e prove o peixe à moda da casa. Um prato serve duas pessoas e, detalhe, é preparado pelos donos. O mais caro é o jacaré, que custa R$ 35. "Bonito é uma cidade para viajar com a família", costuma dizer o dono, Antonio Carlos Egles.

A novidade da temporada é a costela nabileque, uma costela desossada que era muito comum no Pantanal. "Estou resgatando essa receita", empolga-se Egles. Outra sugestão é o suco de cabeçudo - um tipo de coquinho da região. Trata-se de uma fruta nativa que se produz em qualquer época. "Com essa fruta vou derrubar a Coca-Cola, brinca ele.

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As surpresas da Serra da Bodoquena

A apenas 55 km de Bonito está a Boca da Onça, a maior cachoeira do Estado

A 55 quilômetros de Bonito, a Fazenda Boca da Onça, em Bodoquena, é programão de dia inteiro, para ecoturista nenhum botar defeito. No lugar é possível caminhar numa trilha que passa por 11 cachoeiras, praticar rappel e flutuação e ainda passear de bike - as duas últimas atividades ainda estão em fase de regulamentação. E nem adianta ficar desanimado quando o guia avisar que, no meio da caminhada, é preciso vencer quase mil degraus, até um mirante. Aqui, absolutamente tudo compensa.

Comece, então, pelo passeio mais disputado de lá: a trilha ecológica até a Cachoeira Boca da Onça, a maior de Mato Grosso do Sul, com 156 metros de queda - o equivalente a um prédio de 50 andares. No percurso, de quatro quilômetros, o vistante passa por outras dez quedas-dágua.

Para relaxar, as paradas para banho nas piscinas naturais e no Rio Salobra são mais do que bem-vindas.

Depois de tanto bem-bom, lembre-se: no fim da trilha deve-se vencer uma escalada de exatos 86 degraus, construída nm paredão de calcário. A subida leva uma hora e meia, em média. Quem se cansar, volta de oncinha, o carro da fazenda. O passeio dura o dia inteiro e custa R$ 70 por pessoa.

Quem preferir, pode ir até a Boca da Onça de bicicleta, outro passeio oferecido na fazenda. São cinco quilômetros de percurso. A atividade também sai por R$ 70 por pessoa.

Rappel negativo

Quer radicalizar um pouquinho? Que tal, então, fazer um rappel com descida, em negativo - sem apoio -, de 90 metros de altura? A modalidade é praticada no mirante da Serra da Bodoquena. Dizem que a vista para o canyon do Rio Salobra é daquelas para levar de lembrança pra o resto da vida. Mesmo com todo o esforço exigido pelo rappel. Custa R$ 190 por pessoa com seguro, almoço e guia.

Os que querem apenas curtir a natureza podem fazer o que os guias chamam de flutuação cênica no Rio Salobra. Neste caso, em vez da observação de peixes, como ocorre na flutuação tradicional, as atrações principais estão fora dágua: no caminho é possível observar cutias e tucanos, além, claro, da mata nativa.

Munido de roupa e bota de neoprene, o turista flutua por três quilômetros. A atividade custa R$ 70 por pessoa.

Reservas: Boca da Onça Ecotour (67) 255-3410 (Bonito ou no (67) 268-1711 (na fazenda);
www.bocadaonca.com.br

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Onde reina a natureza, não é preciso muito para viver dias inesquecíveis

Um dos destinos mais ecoturísticos do País, Bonito reserva um sem-fim de atividades ao ar livre - e alguns eventos culturais

Um lugar para contemplar a natureza. É assim que se resume Bonito, em Mato Grosso do Sul, uma das cidades que carregam o título de capital do ecoturismo. E que, assim como outras, depende de uma estrada de terra para receber seus turistas.

Nada que cause um trauma. Mesmo porque, desde o início do mês, quando começou a alta temporada, o aeroporto da cidade foi reaberto - para desespero dos ambientalistas e glória de quem vive do turismo - e está recebendo dois vôos fretados por semana. Ambos vêm de São Paulo: um da TAM (em parceria com a CVC) e outro da BRA. Especla-se que a primeira seguirá com a operação até o fim do ano.

Localizada na Serra da Bodoquena, Bonito tem cerca de 17 mil habientantes. Em suas antigas fazendas, foram descobertas nascentes de rios cristalinos e muitas cavernas. Isso tornou a cidade um pólo de ecoturismo e, consequentemente, um destino visitado por pessoas de todos os cantos do planeta.

Preços tabelados

Aos turistas que gostam de fazer viagens independentes, vale um aviso. Não pense que é só chegar na cidade e fazer os passeios por conta própria. O número de visitantes, em qualquer um dos tours, é controlado. E o valor é tabelado. O negócio é fazer as reservas com antecedência. Todos os passeios são acompanhado por guias, que precisam ser credenciados pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Tudo para proteger e preservar o ecossistema. Um exemplo que vem ganhando adeptos.

As opções em Bonito são bem variadas e com toques de aventura. No roteiro não podem faltar visitas ao Aquário Natural e à Gruta Azul, além dos passeios das atividades nos Rios da Prata e Sucuri e uma incursão ao misterioso Abismo Anhumas, com paisagens deslumbrantes.

Bonito não pára

Reserve um dia para rodar pela cidade e descobrir suas peculiaridades e um pouco da história de sua gente. Se quiser conhecer de perto a diversão dos nativos, vá dançar carapé no Clube do Laço. É lá que eles se divertem ao som de música sertaneja.

E mais: até sábado, Bonito será palco de diversas manifestações culturais no 6° Festival de Inverno.

No fim de semana, por exemplo, haverá shows com Fagner, Fernanda Abreu e Elza Soares - que encerrará a festa.

Em novembro, o evento da vez será o Festival da Guavira, em homenagem à fruta nativa. "É uma forma de trazer o povo da periferia para o centro", diz o organizador Antonio Carlos Egles, dono do Restaurante Tapera.

E um detalhe imporatante: leve dinheiro em espécie, pois em Bonito não há caixa 24 horas (só um posto do Bradesco e um do Banco do Brasil). Além disso, muitos estabelecimentos comerciais não aceitam cartão de crédito. Mas nem é preciso muito para viver dias inesquecíveis nesse santuário ecológico.

Fotos: Ulisses Matandos e Marcos Leonardo

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Ponte pênsil, morcegos e uma caverna de 600 milhões de anos

A ida até a Gruta São Miguel já é uma aventura; lugar tem até luz artificial

Um dos caminhos para chegar à Gruta São Miguel - uma formação do período pré-cambriano com cerca de 600 milhões de anos - é por meio de uma ponte pênsil de 180 metros. "A idéia é não ter de abrir trilha na mata, para poder conservá-la", explica a guia Vânia Mugartt Picolli.

A ponte fica na altura da copa das árvores, com uma vista maravilhosa. Dá vontade de ficar um bom tempo ali curtindo o visual, pensando na vida, apreciando a Serra da Bodoquena, os bois pastando... Mas o tempo vai passando e os guias apressam a galera.

A alguns passos da entrada, a guia pára num ponto para mostrar que está pisando no teto da caverna. Lá dentro, a temperatura é bem agradável. "Felizmente, o lugar tem muito morcego", comenta Vânia, sob o olhar de reprovação da ala feminina. "É sinal que a gruta está viva e preservada. Eles só saem em busca de alimento", explica ela, ressaltando que não é motivo para temê-los.

Mas o que realmente interessa é a grande variação de espeleotemas, que crescem cerca de meio centímetro por ano. Tocá-los, nem pensar - tome cuidado de não ultrapasar os limites demarcados com pedras.

A caverna se divide em um salão principal e duas galerias de dimensões diferentes. Uma das atrações é um bloco de coralóides, formações que absorvem a umidade como se fossem gotas de suor da rocha. "Foi o que eu mais gostei de ver", comenta o pequeno gaúcho João Pedro Oster Maya, de 8 anos. Com a lanterna, a guia alcança profundidades inimagináveis e apresenta os pequeninos mercegos. "Pensei que fosse um passeio de cinco minutos, mas tinha um monte de coisas para ver", diz o menino.

Por um instante, a guia pede silêncio para que todos possam ouvir o gotejamento dentro da caverna. Em outro momento, ela apaga as luzes artificiais - sim, dentro da gruta foram instaladas luzes artificiais - , para que o turista aprecie o visual só com a luz natural.

Na saída, é engraçado olhar para trás e pensar daquela pequena entrada foi possível conhecer a imensidão - afinal, são 3.149 metros quadrados de área - que existe ali dentro.

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Um aquário natural para os turistas

Assim é a flutuação na Reserva Ecológica Baía Bonita; no fim do percurso há uma tirolesa, para quem ainda tiver fôlego

Mergulhar, literalmente, num outro universo. Essa é a sensação de quem faz o passeio pelo Aquário Natural, na Reserva Ecológica Baía Bonita, em Bonito. Relaxe e deixe-se levar pelas águas calmas da nascente do Rio Baía Bonita até o Rio Formoso. É durante a flutuação que o visitante terá a oportunidade de dividir espaço com muitos e muitos peixes e conferir de perto a vegetação aquática das mais variadas espécies.

Para começar bem, nem pense em usar repelente ou protetor solar. Não será uma atitude ecologicamente correta naqueles rios cristalinos. Depois de vestir a roupa de neoprene, o colete, o snorkel e o papete - e antes de seguir para a nascente, todos caem numa piscina para o treinamento. Hora de se acostumar a respirar só pela boca, aprender algumas técnicas essenciais para o bom desempenho e aproveitamento do passeio e, principalmente, de testar os equipamentos.

Para chegar à nascente é preciso seguir por uma trilha suspensa - uma tentativa de inimizar o impacto ambiental - dentro da reserva. A recepção é feita por macaquinhos, que podem ser vistos durante todo o passeio. No percurso, os turistas são apresentados aos mulungus, imbaúbas, figueiras, ximbuvas, bacuris e outras plantas típicas da mata atlântica. A guia oferece erva-cidreira para quem quiser relaxar.

Um funcionário do aquário acompanha os grupos para fotografar o passeio, cujas imagens poderão ser compradas por R$ 35 (um CD com 80 fotos).

Caindo nágua

Na nascente há um deck onde, aos poucos, todos se preparam para entrar nágua. Dali, é impossível imaginar a profundidade do rio - parece raso, impressão dissipada já no começo da flutuação. A partir daí, é só alegria.

Os peixes chegam muito perto. A única coisa que se ouve é a própria respiração, que vai ficando menos ofegante. Caso alguém se canse, é só subir na canoa que acompanha o grupo por todo o percurso.

A arquiteta Danise Maya teve uma experiência traumática durante uma flutuação em auto-mar em Miami, nos Estados Unidos. Ela se enroscou na corda de uma âncora e, desde então, fica aflita quando precisa entrar na água. "Acho a água linda, mas eu fico com muito medo", conta. "Aqui eu consegui relaxar", diz Denise, surpresa com o próprio desempenho.

Volta

Depois de curtir o maior sossego embaixo dágua na companhia de peixes das mais variadas cores e tamanhos, no fim do passeio há uma parada para quem quiser - e tiver fôlego para - fazer tirolesa ou pular numa cama elástica dentro do rio. A volta é por uma outra trilha dentro do parque, numa espécie de minizoológico, onde se caminha ouvindo de longe o barulhinho do rio. É ali que alguns animais vivem em cativeiro. Entre eles, jacarés do papo-amarelo e do Pantanal e uma loba conhecida como Gisele Bundchen. "Olha como ela anda", comenta a guia Carmem de Alencar Martins.

Para que tudo saia perfeito, só não esqueça de levar uma câmera aquática. Se não tiver, alugue uma na cidade. Custo R$ 20, mas vale a pena. E lembre-se de levar um filme, pois no aquário custa R$ 18.

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Um mergulho de arrepiar, no escuro

Quem não é habilitado pode fazer flutuação no lago de 80 metros de profundidade dentro do Abismo Anhumas.

O único acesso ao Abismo Anhumas, já se sabe, é por meio de rappel. Se a coragem não for suficiente, desista - mas saiba que você vai se arrepender.

A aventura não pára na descida. Depois de tanto esforço, nada como uma flutuação no lago cristalino da caverna - com cerca de 80 metros de profundidade - para ser feliz.

Os corajosos com certificado de mergulho poderão descer mais 18 metros dentro dágua, que tem temperatura média de 18 graus e visibilidade entre 40 e 50 metros. Neste mundo submerso, vão ficar boquiabertos com as formações calcárias da caverna. De deixar, literalmente, sem fôlego.

Antes do mergulho é feito um reconhecimento de área num bote. Um instrutor dá uma volta, que leva cerca de meia hora, para mostrar os espeleotemas que enfeitam as margens do lago. São verdadeiras obras de arte de até 10 metros de altura! Depois disso, todos voltam para o deck, vestem a roupa de mergulho e caem nágua.

Uma boa dica é treinar um pouquinha a respiração - sempre pela boca - antes de "se jogar" no lago. E tentar não engoliar a água calcária que, dizem, é uma espécie de laxante natural.

Em todo caso, quem precisar de um banheiro de emergência, há um daqueles químicos lá dentro. "É o banheiro com a vista mais bonita", diz Marco Dias Soares, dono da Abismo Anhumas, agência que faz o passeio.

Abismo Anhumas
(67) 255-3313
R$ 315 por pessoa (rappel com flutuação) e R$ 480 o rappel com mergulho.

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Viagem às entranhas do Brasil

Exploração do Abismo Anhumas exige técnica e concentração. Recompensa são paisagens surpreendentes

Para os instrutores é só mais um dia de trabalho. Para quem pisa naquele território pela primeira vez, é a chance de superar um limite e de ter uma história para contar por toda a vida.

Se depender da motivação dos instrutores e de quem já passou por essa inesquecível experiência, considere-se lá dentro. O instigante Abismo Anhumas é uma das maiores aventuras do País. Ele fica na área do Vale Anhumas, a mesma em que há outras atrações que merecem a visita, como a famosa Gruta do Lago Azul.

Quem se aproxima da "boca" da estreita fenda não imagina que poucos metros abaixo irá se deparar com um salão de dimensões similares às de um campo de futebol. Ali dentro, um novo mundo se revela. Tenha consiência de que, para desbravá-lo, você terá de encarar um rapel negativo - sem contato com o paredão - de 72 metros de altura. Isso na hora de descer e, obviamente, na de subir!

A descida não leva mais que cinco minutos, mas é tempo suficiente para sentir o coração disparar, as mãos suare e os olhos buscarem detalhes escondidos. O ponto de chegada é num deck flutuante onde outros monitores esperam para dar o apoio necessário. Nele, há tempo para repor as energias com um leve lanchinho e se preparar para dar uma volta de bote ao redor do lago. Mas não é só isso. Também é possível fazer uma flutuação ou até mergulhar nas águas cristalinas da caverna.

Preparativos

A equipe de instrutores chega cedo para preparar os equipamentos. O clima é de total alegria. Parece até que vai rolar uma grande festa. E não deixa de ser! Na véspera do passeio, todos os participantes são obrigados a fazer um treinamento indoor, onde receberão as recomendações para a experiência.

Geralmente, as pessoas descem em dupla. Aos que não se sentirem seguros, o ideal é descer na companhia de um dos instrutores. Cada um vai numa corda. É bom estar preparado para as brincadeiras e testes de coragem que os instrutores promovem durante o percurso. Mas basta seguir as instruções que tudo flui naturalmente. Como se todos fossem especialistas.

Só não vale se esquecer de curtir cada centímetro que os olhos possam alcançar nesse espetáculo revelador da natureza. São imagens que ficarão gravadas para sempre na memória.

Escalada

Cada "explorador" controla seu ritmo. Para voltar ao topo, serão muitas paradas para conferir a paisagem, olhar para baixo, para cima, descansar... O tempo médio da subida é de 30 a 40 minutos. O importante é ficar atento. Paciência e decicação não faltam aos instrutores. Tudo é muito bem explicado, repetido e conferido para dar segurança ao aprendiz. Só não vale tocar nas rochas.

E eles ajudam os turistas a soltar a imaginação para enxergar as mais variadas figuras formadas nas rochas. "Veja o rosto do índio", diz Aladdin, um dos instrutores, apontando para uma rocha. "Olha aquela estalactite". E por aí vai.

E, quando sentem que a pessoa está relaxando, os guias logo soltam alguma piada, mas em tom de completa austeridade. "Meu avô desceu mais rápido porque ele gosta de adrenalina", brinca Vadu, numa tentativa de colocar mais emoção no trajeto. E quando alguém pergunta sobre o histórico acidente... "O mais grave foi quando quebrei a unha", ironiza ele.

Uma coisa que eles não se cansam de avisar é para não encostar no "stop", que freia a corda. O aparato aquece e pode queimar a pele, os cabelos, a roupa... "O perigo é entrar alguns fios de cabelo no stop, quando a pessoa olha para baixo", conta Maiko. Esse tipo de ocorrência para eles é um incidente, acidente nunca!

Eles contam que certa vez um "gringo" - que não falava nem água em português - enroscou a camisa no stop e os instrutores tiveram de içá-lo. "Ele aprendeu a falar rapidinho: me tira daqui", lembra Maiko, entre gargalhadas.

E o que acontece se a pessoa parar, por medo, no meio do caminho? "A gente desce junto e vai acalmando, conversando", conta Maiko. E funciona mesmo! "Eles passam muita segurança, não senti medo em momento algum", diz a catarinense Joana Farias, de 21 anos.

Registros

Toda pessoa que quer praticar qualquer esporte de aventura tem de assinar um termo de responsabilidade, que leva o título de Declaração de Conhecimento de Risco. Mas, no fim dessa aventura, quem completar a façanha vai assinar o livro dos sobreviventes. O melhor é saber que todos os que assinaram o tal termo também assinaram o livro dos sobreviventes. Ufa!

Nos registros do último livro, que começou em 2002, há assinaturas de gente de todo canto do Brasil e do mundo (do Rio Grande do Sul a Pernambuco e do Paraguai à Nova Zelandia). Entre os corajosos que encararam a aventura, segundo o livro dos sobreviventes, o mais novo tem 11 anos e o mais velho, pasmem, 72. "Quem entra no abismo sai outra pessoa", resume o guia Rogério Alves.