Notícias de Bonito MS
O Pantanal sul-mato-grossense deve ter a maior seca dos últimos 35 anos. Segundo previsão da Embrapa Pantanal, em Corumbá, o nível do Rio Paraguai deverá atingir o pico de 3 metros em meados deste mês ou de junho. Este índice é o mais baixo desde 1973 e deverá bater o recorde de 2001, quando a régua de Ladário, município que faz divisa com a Cidade Branca, mediu 3,15 metros.
Segundo o pesquisador Ivan Bergier, autor do levantamento, é a terceira maior seca da região registrada nesta década. Os outros dois grandes períodos de estiagem ocorreram em 2001 e 2005. A previsão de cheia é feita com base no Modelad (Modelo de Previsão do Nível do rio Paraguai em Ladário). O modelo utiliza a medição da régua de Ladário e a série histórica de dados coletados desde 1900 pela Marinha do Brasil.
"A segunda previsão do Modelad aponta para um ano de seca na planície de inundação do rio Paraguai. A previsão realizada em abril, com erro médio de 29,5 cm, situa-se na porção inferior da previsão realizada em março, sugerindo que o rio Paraguai deve ter seu nível máximo ao redor de 3 metros na Base Naval da Marinha em Ladário", explicou Ivan. "Nos últimos 35 anos os três menores níveis máximos observados ocorreram nesta década", afirmou o pesquisador.
A maior estiagem em 35 anos reduzirá a quantidade de peixes na planície pantaneira, segundo a pesquisadora Emiko Kawakami de Resende. De acordo com ela, a produção de peixes na região está diretamente relacionada à cheia. "Quanto maior a cheia, maior a produção. O inverso também é verdadeiro", explicou. Emiko alertou que a produção de peixes na região será menor pelos próximos dois ou três anos. "Parece que este ano está pior. Aqueles que dependem dessa atividade econômica - tanto o turismo, quanto o pescador profissional artesanal - devem se precaver", disse.
De acordo com a pesquisadora Márcia Divina de Oliveira, especializada em ecologia de rios e áreas inundáveis, a decoada não deverá ser significativa em 2009, por conta do baixo nível das águas na cheia. "Como o nível do rio deverá ficar em torno de 3 metros, não ocorrerá decoada em grandes escalas. Ela tende a ser mais forte quando o nível do rio passa dos três metros, o que aumenta a interação entre o rio Paraguai e a planície. A decoada consiste principalmente por alteração nas características da água, com ênfase na baixa concentração de oxigênio dissolvido, resultante da decomposição da matéria orgânica seca inundada na planície quando as águas sobem", esclareceu.
Com a primeira viagem comercial agendada para o dia 16, o Trem do Pantanal sairá da estação de Indubrasil às 7h30 de sábado. Às 11h30, o trem pára em Piraputanga para embarque e desembarque. A chegada em Aquidauana acontece às 12h30, de onde o trem parte às 15h. Três horas depois, às 18h, ele chega a Miranda.
No domingo, o Trem do Pantanal deixa a cidade de Miranda às 8h30. Às 11h30, chega a Aquidauana, onde permanece até às 14h. Uma hora depois, o trem passa por Piraputanga e chega à Capital às 19h30.
Veja o valor das passagens:
Classe econômica (sem serviço de bordo) - Campo Grande/Aquidauana: R$ 32; Aquidauana/Miranda: R$ 23; Campo Grande/Miranda: R$ 39.
Vagão Turístico (serviço de bordo com comissário, lanche e refrigerante) - Campo Grande/Aquidauana: R$ 61 para adultos e R$ 28,60 para crianças; Aquidauana/Miranda: R$ 39 (adultos) e R$ 19,80 (crianças); Campo Grande/Miranda: R$ 77 (adultos) e R$ 37,40 (crianças).
Vagão Executivo (serviço de bordo com comissário bilíngue, lanche, água, refrigerante e cerveja) - Campo Grande/Aquidauana: R$ 93 (adultos) e R$ 45,40 (crianças); Aquidauana/Miranda: R$ 51 (adultos) e R$ 28,60 (crianças); Campo Grande/Miranda: R$ 126 (adultos) e R$ 57 (crianças).
Crianças de até dois anos tem gratuitade total. De 2 a 5 anos, a viagem é gratuita desde que não ocupem assento. A tarifa é válida para crianças de 5 a 12 anos.
"Na vida tem dois caminhos: o de ida e o de volta", trecho do filme Paralelos, sobre o Trem do Pantanal
A imponência da Serra de Maracaju, as formas do cerrado, o infinito número de dormentes abandonados às margens do caminho, a felicidade dos que saem de casa correndo para acenar um tchau. Imagens que podem ser avistadas da janela panorâmica do Trem do Pantanal.
Depois de mais de uma década distante dos trilhos, o som do apito, na estação de Indubrasil, soou às 7h45 de sábado, pondo em marcha a primeira viagem com destino a Miranda.
O ritmo dos sete vagões, sendo cinco para passageiros, é ditado pela locomotiva a diesel, sob o comando do maquinista Claudemir Sabbo. A velocidade média de 27 km/h, imposta pelo estado de conservação da malha ferroviária, evidencia que esta e viagem para quem não tem pressa.
Dentre os vagões de passageiros, dois se tornam atrações: o vagão bar (destinado às apresentações culturais) e o camarote. O primeiro, que reproduz tuiuiús, ipês floridos e o céu azul do Pantanal, será acessível para passageiros que pagarem a partir de R$ 39, valor mínimo para embarcar no trem.
Já o segundo só será conhecido pelos que desembolsarem R$ 126. No vagão camarote, as cabines de madeira, as luminária e fotos antigas do trem, ainda em preto e branco, garantem o clima de nostalgia.
Nas classes turística e econômica , há ar condicionado e poltronas em courino. O vagão turístico ainda inclui lanche, guia e apresentação cultural. Serviços ausentes na classe econômica. A classe executiva tem bancos em couro, guia bilíngüe e janelas amplas, que proporcionam melhor visão ao viajante.
No percurso até Aquidauana, o trem vai parar apenas em Piraputanga. Contudo, o breve tempo de dez minutos para embarque e desembarque promete frustrar os comerciantes locais. No caminho até a cidade "Portal do Pantanal" ainda há o distrito de Palmeiras, mas o cronograma de paradas do trem deixa os moradores do pequeno povoado na saudade.
No trajeto, apenas araras e bois se mostram ao olhar do viajante, que finda a viagem sem ver moradores ilustres do ecossistema, como o tuiuiú. Cabe frisar que o trajeto mais próximo da maior planície alagada do planeta foi feito no fim da tarde, quando a penumbra dificulta visualizar a paisagem.
O passeio se torna quente quando o sol do meio dia leva os seis ares condicionados à exaustão. Prestativos e diligentes, os guias ainda não dominam os pontos de passagem do trem, como o equívoco de confundir a estação de Piraputanga com a de Camisão.
Comovente - Pelo caminho, a população expressa alegria, carinho e esperança com a volta do velho trem. Adultos, crianças, idosos: todos se apressam para olhar, acenar, fotografar e aplaudir. Na estação de Aquidauana, inaugurada em 1911, a banda de musica recepciona os passageiros com o clássico composto por Paulinho Simões e Geraldo Roca: "Trem do Pantanal".
Lá, gente como Moisés Alencar, motorista de van de turismo, comemora. "O turismo é muito importante para a cidade, que não tem industrias, grandes empresas", afirma. "Estou muito feliz", resume o aposentado, Gerson de Alencar, que viajou no tempo da Maria Fumaça.
"A cidade é o que é por causa do trem. Quando o trem deixou de funcionar, uma parte da alma de Aquidauana também se fragmentou", enfatiza o prefeito Fauzi Suleiman. Às 16 horas, o som do apito põe o trem novamente em marcha.
No trajeto para Miranda, o viajante é brindado com a beleza do rio Aquidauana e pelo pôr do sol que avermelha o horizonte. Em seguida, a lua cheia imensa e amarela passa a boiar no céu.
Ultima parada, Miranda fez festa para ver o Trem do Pantanal. As pessoas se aglomeraram no entorno da ferrovia, pondo fim aos anos de espera. Na estação, fundada em 1912, cerca de duas mil pessoas aguardavam pelo trem, que chegou às 19h30.
A cidade investe em divulgação na imprensa nacional para atrair turista: jornalistas vão passar o domingo na cidade, hospedados em famosas pousadas do município. "Das cinco melhores pousadas do Brasil, duas são de Miranda. Temos 824 leitos disponíveis", salienta o secretário de Turismo, Duty Paiva.
Segundo ele, a expectativa é que o Trem do Pantanal reforce a economia da cidade.
Mil passageiros - De acordo com Adonai Aires de Arruda Filho, diretor comercial da Serra Verde Express, que administra o trem, o objetivo é chegar a vinte vagões em 2011, transportando mil passageiros.
No segundo semestre do ano que vem, o trem deverá chegar a Corumbá, trajeto que apresenta a paisagem mais bonita, conforme o relato de antigos viajantes.
"Corumbá e um dos destinos turísticos mais consolidados do Estado", reforça Adonai.
Segundo ele, no feriados, o trem fará apenas o roteiro até Aquidauana, para acelerar o retorno a Campo Grande. Neste dia, haverá parada no distrito de Palmeiras. Passagens para o trem já foram comercializadas no exterior, com grupos agendados, inclusive, para janeiro de 2010.
Desafios - Jornalista da revista "Viaje Mais", Victor Andrade, avalia que a baixa velocidade e o problema no ar condicionado do trem pode comprometer o passeio. "Esta velocidade não está com nada. É por uma questão de segurança, mas se torna chato", observa.
Ele conta que tinha o desejo de fazer a viagem e acredita que a mesma vontade motivará a procura pelo passeio turístico. "Minha tia fez essa viagem ainda no antigo trem", recorda. O gerador dos ares condicionados deverá ser remanejado do fim para o começo do trem.
Sebastião Rosa, dono de agência de viagem e integrante do conselho da Abav/MS (Associação Brasileira de Agências de Viagem), considera que o Trem do Pantanal é um produto vendável. "Mas precisa de um bom plano de marketing. Sob pena de não ter número suficiente de turista para manter o trem em atividade". Para ele, a estadia em fazendas da região será o ponto forte para atrair os turistas.
A viagem para jornalistas e operadores de agência de viagem foi oferecida pela Serra Verde Express, prefeituras de Aquidauana e Miranda, e governo do Estado.
Faltando 21 dias para o anúncio oficial da FIFA com as 12 cidades escolhidas pela entidade para abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, "só resta saber se a subsede do Pantanal será Cuiabá ou Campo Grande". É o que diz o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, em sua coluna publicada na edição deste domingo.
De acordo com Ancelmo Gois, não será surpresa se Manaus, e não Belém ou Rio Branco, for escolhida como a subsede amazônica do Mundial.
O colunista prevê que o Nordeste terá quatro capitais com jogos da Copa de 2014: Fortaleza, Recife, Salvador e Natal.
A FIFA vai anunciar a escolha das 12 cidades entre 17 candidatas no dia 31 deste mês, às 13 horas (horário sul-mato-grossense), em Paradise Island, nas Bahamas.
O trem do pantanal além de abrir portas para a divulgação do nome do Estado de Mato Grosso do Sul na área turística, também pode se tornar um importante veículo de divulgação da cultura pantaneira, uma vez que a BWT operadora, A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) e a Fundação de Turismo de Mato Grosso (Fundtur) de Sul, juntamente com a Secretaria de Estado Governo tem dialogado no sentido de agregar às viagens apresentações culturais de campos variados, como: teatro, literatura, música e dança, entre outras.
Os nomes selecionados surgiram após sugestões recebidas e avaliações efetuadas por parte dos organizadores do evento, os quais tentaram contemplar diferentes áreas e manter um padrão de qualidade que possa bem representar a cultura produzida no Estado.
Dentre os artistas selecionados que integram para a primeira viagem oficial depois da inauguração com o presidente Lula e comitiva, constam o ator e poeta repentista Ruberval Cunha, o grupo Bojo Male e o grupo de Leandro do Portal do Pantanal.
Segundo Ruberval a iniciativa pode ser muito interessante para todos os envolvidos: o governo, a operadora e os artistas. "A associação entre turismo e cultura é uma estratégia que já provou que dá certo em outros locais do país, não vejo motivos para que aqui também não dê, desde que haja seriedade, compromisso e boa qualidade. Turistas querem ver a cultura local em suas várias formas de manifestação. Tem tudo para ser um sucesso."
De acordo com Adonai, gerente comercial da BWT, "a intenção da operadora é tornar a viagem mais agradável e mostrar as belezas que o estado possui. A experiência adquirida em 12 anos no mercado, atuando em outras partes do país nos possibilita uma idéia do que o turista que faz o passeio no trem costuma procurar. Apresentações artísticas normalmente causam um impacto positivo."
No campo musical, o grupo Bojo Malê que é dirigido por Chico Simão é formados pelos músicos: Aline Duenha, Fabiano Gonçalves, Jayana Gomes, Evelyn Le Chuga, Carlos Anunciato, Isis Anunciato, Jonas Feliz e participação especial de Denis Duarte - SP. O trabalho é realizado com base em uma pesquisa direcionada aos ritmos brasileiros através da linguagem musical, o grupo apresenta composições próprias com muitos elementos e formas combinadas. Eventualmente é somado ao grupo, participações especiais trazendo novos elementos e influências musicais à apresentação. Ainda no campo da música o elemento marcante do grupo levado por Leandro será a Harpa Paraguaia, um dos pilares da música fronteiriça que exerce bastante influência em nossa formação musical.
Ruberval Cunha se fará presente com a performance "Feras Sem Jaula" (premiada em 1º lugar em Concursos Nacional e Internacional de Declamação e performance) realizará ainda o seu improviso guaicuru focado no tema pantanal e tocará berrante, resgatando um elemento típico do Pantanal.
A população de Miranda, cidade que fica a 205 quilômetros de Campo Grande, recebeu com muita festa a chegada do Trem do Pantanal. A primeira viagem do trem reinaugurada ontem pelo presidente Lula, até a cidade aconteceu hoje restrita a operadores de turismo e jornalistas.
As margens da ferrovia, moradores acenavam eufóricos para a locomotiva que se aproximava da estação revitalizada para receber o trem de passageiros.
A viagem que teve início às 7h na Estação do distrito industrial de Campo Grande, durou 12h. Ao longo do trajeto, os passageiros recebiam manifestações das pessoas que esperavam às margens da linha férrea a passagem do Trem do Pantanal.
Em Aquidauana, moradores também esperavam na estação o trem que foi recebido com festa com apresentação de banda musical.
Segundo estimativa da Polícia Militar, pelo menos 2 mil pessoas foram até a estação de Miranda, onde acontece diversas apresentações culturais. Maria Aparecida da Luz, de 64 anos, foi conferir de perto a chegada do trem.
Morando há 7 anos na cidade, ela conta que é a primeira vez que viu o Trem do Pantanal. Para ela, retorno às viagens trará desenvolvimento para a cidade e a revitalização da estação é a prova disso.
De acordo com o secretario de Turismo, Tuty Paiva, na obra foram empenhados aproximadamente R$ 800 mil. A estação, a população indígena local, estimada em 6 mil pessoas, servirá de mais um ponto de venda do artesanato hoje comercializado no centro cultural indigena.
Na avaliação do secretario, a cidade é ponto estratégico para turismo no Estado, pois esta localizada entre Bonito e Corumbá, roteiros consolidados do turismo.
O Pantanal mato-grossense experimenta, em 2009, o período mais seco dos últimos 35 anos e as mudanças climáticas podem tornar este tipo de fenômeno mais recorrente nas próximas décadas. O alerta é do pesquisador da Embrapa Pantanal, Ivan Bergier, em entrevista concedida ontem (9) ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
"Este ano será bastante atípico. Vai se realmente seco. Já temos detectados focos de incêndio e a incidência de queimadas deve ser alta até o fim do ano", afirmou Bergier.
Entre 1974 e 2008 o nível do Rio Paraguai se manteve sempre alto, na faixa entre 3 metros e 5 metros. Este ano a projeção dos especialistas é de que fique abaixo dos 3 metros. A última seca prolongada na região ocorreu entre os anos de 1963 e 1973. Não é possível afirmar que vá se repetir um ciclo parecido. O prognóstico indica até um aumento de precipitação na região até 2050. Entretanto, também não permite descartar a preocupação com novas situações atípicas.
"Hoje estamos vendo um ano muito seco e daqui para frente é uma incógnita. Pode haver manutenção de níveis máximos, mas as mudanças climáticas podem ter outros efeitos aqui [no Pantanal] como o aumento da ocorrência de eventos extremos", disse.
As chuvas acima da média histórica no Norte e Nordeste estão relacionadas, segundo Bergier, ao fenômeno La Niña, que amplifica as chuvas naquelas regiões e, ao mesmo tempo, torna o clima mais seco na Região Sul. As causas da seca vigente no Pantanal ainda não estão claramente detectadas.
"Ainda não temos uma explicação consistente. Pode ter relação com erupção vulcânica, mas ainda não existe um fenômeno compreensível para explicar esse período de seca", afirmou Bergier.