Notícias de Bonito MS
O Jornal Correio do Estado trouxe na edição do dia 23, um caderno especial sobre Ecologia para comemorar o Dia Mundial da Água (22 de março). A capa trouxe uma bela imagem das águas cristalinas de um dos destinos mais procurados no Mato Grosso do Sul - Bonito, considerado modelo de sustentabilidade e turismo consciente.
A prática de mergulho subaquático na região, bem como o batismo, foram um dos destaques na publicação. Veja abaixo:
"Quer ser batizado embaixo d`água? Mergulhe em Bonito. O mergulho subaquático com cilindro, que à primeira vista parece ser algo difícil e inacessível, torna-se um exercício de superação nas águas transparentes do Rio Formoso...
Turistas sem qualquer noção de mergulho recebem um rápido treinamento de meia hora. Quando menos esperam, recebem a permissão do guia especializado para afundar. A visibilidade é desconcertante. Em alguns pontos, chega a 20 metros.
Até os mais resistentes a encarar o desafio do mergulho acabam calmos e convencidos durante o treinamento. Aprender a mergulhar em Bonito, um dos lugares com as águas mais claras do mundo é sensacional. Crianças aventureiras podem mergulhar a partir de 10 anos... A paisagem acalma e inspira o novo mergulhador a tocar nos troncos cobertos por calcário que mais parecem esculturas."
Atividades como pesca, agricultura e turismo pesqueiro estão ameaçadas por 116 pequenas hidrelétricas.
No Pantanal, onde a dinâmica da água dita o ritmo de vida de milhares de pessoas, a pesca, a agricultura familiar, a criação de gado e até o turismo pesqueiro estão ameaçados pela instalação de 116 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na Bacia do Alto Paraguai - principal responsável pelo regime de inundações periódicas que fazem da região um Patrimônio da Humanidade.
Rio Paraguai: o regime de cheias e secas típico da região pode ser modificado.
O alerta é da bióloga Débora Calheiros, pesquisadora da Embrapa Pantanal. "Desmatamento e criação de gado de forma equivocada são problemas possíveis de minimizar. Os impactos das pequenas centrais não são."
Por trás da construção dessas PCHs está o interesse de grupos empresariais de segmentos como a agricultura mecanizada. As barragens impedem que os peixes subam os rios e que os nutrientes da água fluam de um local para outro. Ou seja: prejudicam tanto a desova quanto a alimentação dos peixes. Além disso, a liberação de sedimentos das barragens pode assorear os rios.
Segundo Débora, outro agravante é o fato de 70% das PCHs estarem previstas para o mesmo local: a região norte da Bacia do Alto Paraguai.
Das 116 previstas, já existem 29 em operação. O restante está em fase de construção, licenciamento ou estudo. "Os projetos estão sendo licenciados separadamente, ao invés de se realizar uma avaliação ambiental integrada, que dá conta dos impactos das obras para toda a bacia", afirma a bióloga, ressaltando que o excesso de PCHs pode modificar o pulso de inundação natural da região.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, é a responsável pela realização da avaliação integrada. No entanto, o estudo ainda não foi realizado mesmo com as obras em andamento. O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirmou que a empresa iniciará este ano o levantamento.
"Às vezes, no mesmo rio, há duas, três PCHs projetadas", explica Débora. Um bom exemplo é o Rio Coxim, que banha a cidade de mesmo nome, no Mato Grosso do Sul, a um passo da planície pantaneira. Só ali estão previstas três barragens. Já no município de São Gabriel do Oeste, a poucos quilômetros de Coxim, já existe uma em operação: a PCH Ponte Alta.
"No ano passado, a liberação dos sedimentos de Ponte Alta provocou a morte de milhares de peixes. Os ribeirinhos ficaram muito preocupados", diz Nilo Peçanha Coelho Filho, do Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Taquari (Cointa).
Segundo ele, cerca de 5 mil pessoas vivem do turismo ligado à pesca em Coxim. "Todo mundo vai sofrer as consequências das barragens", prevê.
Pesadelo
O impasse que cerca a instalação de PCHs no Pantanal não é privilégio daquela região. Em Roraima, índios que habitam a polêmica reserva Raposa Serra do Sol protestaram recentemente contra a instalação de pequenas centrais hidrelétricas em suas terras. Em São Paulo, na bacia Sorocaba-Médio Tietê, há previsão de instalação de duas PCHs, nos municípios de Itu e Cabreúva. O projeto está tirando o sono de ambientalistas e até de políticos locais.
"É uma questão de escolha: se quisermos preservar a o potencial pesqueiro e paisagístico do Pantanal, não podemos instalar 116 hidrelétricas indiscriminadamente. Agora, se a escolha for pelo fornecimento de energia, a sociedade deve saber o preço dessa opção", conclui Débora, acrescentando que a mesma lógica se aplica também a outras regiões ameaçadas por essas barragens.
Pelé
O temor da pesquisadora sobre a situação que se desenha no Pantanal também está presente no depoimento de Osmar Nunes de Souza, de 49 anos, pescador desde os nove. Conhecido como Pelé, ele é morador dos arredores de Coxim. "O rio tem vida igual a gente. Se você mexe de um lado, ele corre pro outro. Ele não vai mais andar solto como anda hoje, vai ter muita água presa, e a gente tem medo de assorear muito e não ter mais como transitar, nem pescar."
O problema é que o assoreamento já é uma ameaça para a região, sobretudo para a planície. "A planície pantaneira é um 'fundo de prato'. Nas beiradas - o planalto - estão os rios que nascem e desembocam na região", explica didaticamente a pesquisadora Emiko Rezende, da Embrapa Pantanal.
Ela trabalha há anos com a bacia do rio Taquari, também um afluente do Paraguai. "O assoreamento do Taquari é um processo antigo e, até certo ponto, natural. Mas a intervenção humana está acelerando o processo, e algo que aconteceria em 30 anos agora acontece em cinco."
Resultado: o leito do rio subiu muito e algumas áreas da planície pantaneira não secam mais. "Isso impossibilita culturas como banana, laranja e arroz", afirma Emiko. Ela explica ainda que o assoreamento reduz os estoques pesqueiros.
"Se a área não seca, não cresce a vegetação terrestre que, na época da inundação, vira comida para os peixes".
Caseira de um rancho à beira do rio Coxim, Maria Aparecida de Moraes, de 62 anos, critica a construção de hidrelétricas. "Isso aqui é a nossa história. É o rio que a gente vive." Para ela, represar o rio significa perder seu emprego e impedir que seus filhos continuem vivendo da pesca.
"O pior é que a maioria das pessoas só vai sentir e perceber o impacto daqui uns 10 anos e aí já vai ser tarde demais", diz Nilo Peçanha, do Cointa.
A participação de Mato Grosso do Sul na Feira Internacional de Turismo de Berlim, que aconteceu entre os dias 10 e 14 de março, rendeu importantes parcerias para divulgar o turismo do Estado.
A Fundação Estadual de Turismo (Fundtur) divulgou a Rota Pantanal Bonito durante o evento e através de uma parceria com a empresa TAM Linhas Aéreas, trará 55 empresários europeus para conhecer a rota turística sul-mato-grossense entre os meses de agosto e setembro.
De acordo com o gerente de promoção e divulgação da Fundtur, Matheus Dauzacker os empresários escandinavos conhecerão toda a Rota Pantanal Bonito, desde a partida, que é em Campo Grande, até detalhes da estrutura hoteleira e comidas típicas de Mato Grosso do Sul.
Dados da Fundtur comprovam que a visitação de turistas à Bonito está em expansão, registrando crescimento de 62% entre 2008 e 2009. Há dois anos, o município contabilizou 90 mil turistas. No ano passado foram 170 mil. O índice também representa crescimento no destino Pantanal, porque a estimativa é que 80% de quem vai a Bonito passa pela região pantaneira, especialmente em Miranda e Bodoquena.
O Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) é um conjunto de projetos, programas, atividades e eventos na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas em desenvolvimento no país, empreendidos pelo Estado, em âmbito federal, estadual e municipal e da sociedade. A partir dessa iniciativa, o Ministério da Cultura, o Ministério da Educação e o Plano Nacional do Livro e Leitura, em parceria com o Instituto Pró-Livro, lançaram o programa "O livro e a leitura nos estados e municípios", a fim de mobilizar, capacitar e assessorar Prefeituras e Secretarias de Educação e de Cultura para o desenvolvimento e implantação de planos.
Em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado trabalha para criar, no primeiro semestre de 2010, o Plano Estadual do Livro e Leitura (PELL) e, ao mesmo tempo, fomentar a criação de Planos Municipais do Livro e Leitura (PMLLs).
A Secretaria de Estado de Educação (Sed), em parceria com a Fundação de Cultura (FCMS), e com apoio da Abril Educação, realizará entre os dias 7 e 9 de abril, em Bonito, o "MS em Letras - I Encontro Estadual do Livro e Leitura", com objetivo de investir tanto na formação nos agentes de leitura - professores, diretores, coordenadores, técnicos da Secretaria de Estado de Educação e funcionários de bibliotecas públicas - como em ações necessárias para conversão de projetos e programas já existentes em políticas de estado.
O encontro terá dois grandes eixos temáticos.
No Eixo 1, Galeno Amorin, consultor de políticas públicas do livro e leitura da Organização dos Estados Ibero-Amaricanos (OEI), subsidiará secretários de Educação e de Cultura - estaduais e municipais - com foco no diagnóstico, discussão e elaboração dos Planos Municipais e Estadual de Livro e Leitura.
No Eixo 2, Marisa Lajolo, doutora pela Brown University, USA, atuante nas áreas da leitura, literatura infantil e juvenil, subsidiará diretores e coordenadores pedagógicos das escolas públicas estaduais com foco na capacitação a respeito de projetos de incentivo à leitura.
As águas cristalinas do rio da prata atraem milhares de turistas todos os anos a Jardim - cidade cercada de verde na região da Serra da Bodoquena - Sudoeste de Mato Grosso do Sul. De Campo Grande até a cidade são 265 quilômetros, pela MS 060.
A cidade oferece pelo menos 10 opções de hospedagem em hotéis - com diárias que variam de 60 a 100 reais por casal.
Nos restaurantes, a 15 reais por pessoa, tem comidinha caseira feita no fogão a lenha:
guisado de mandioca, carne assada e um prato que só se come por lá: a lasanha de pintado.
Jardim tem seis balneários. Um dos mais procurados é o "municipal": A entrada custa 5 reais. Aqui, o turista nada no rio, junto com pintados e piraputangas - peixes típicos da região.
"É primeira vez que eu venho, o balneário é fantástico, eu recomendo todo mundo vir aqui e dar um mergulho, a água está ótima", conta Renê Luis Coimbra, engenheiro agrônomo.
E tem mais atrações: As nascentes formadas por rochas calcárias do subsolo e o conjunto de rios com águas transparentes perfeitas para o ecoturismo.
Quem preferir pode alugar óculos e pé de pato para mergulhar. Por 10 reais é possível ficar com o kit o dia todo. Bem pertinho, mais um passeio: o buraco das araras.
São 25 reais por pessoa para seguir a trilha que leva a casa das araras, chamada de dolinas.
São 10 minutos de caminhada até chegarmos a este primeiro mirante. Encontramos então a maior dolina da América com Sul, a segunda maior do mundo com 100 metros de profundidade e 500 de circunferência. Um espaço perfeito para contemplar a natureza.
Dolina é o nome que se dá para este buraco no chão, geralmente de forma arredondada.
As rochas de arenito têm fendas usadas como abrigo para as aves. Nos paredões, inacessíveis para o homem, as araras vermelhas encontram segurança para fazer os ninhos. Seguindo pela BR 267, cinco quilômetros a frente, chegamos ao recanto ecológico do rio da prata, um modelo na exploração do ecoturismo sustentável. O número de turistas é limitado: são nove pessoas por viagem e no máximo 150 visitantes por dia. O passeio custa 140 reais e só pode ser feito com um guia.
Nessas águas é proibido tocar os pés no chão. O turista recebe uma roupa de borracha especial para flutuar. "O leito do rio é muito sensível ao toque, ou seja, se você encostar ou pisar no fundo do rio vai levantar todo o sedimento que está no fundo, e além de sujar a água e comprometer a visibilidade do visitante, você estará destruindo toda essa vida aquática que existe dentro dele." afirma o biólogo Samuel Duleba.
São quatro horas de mergulho, desde a nascente do rio "olho d´agua" até o "rio da prata". O estudante Lucas Eduardo Alencar conta: "deu pra cansar demais. Mas é bonito demais, uma sensação única".
A Fundação de Turismo do Estado (Fundtur) participa nesta semana - nos dias 25 e 26 - do 33º Encontro Comercial da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa). O evento tem o objetivo de divulgar e fomentar o turismo em Mato Grosso do Sul, mostrando as potencialidades e atrativos naturais que o Estado oferece para os visitantes que vêm conhecer principalmente as regiões da Serra da Bodoquena, Bonito e Pantanal.
De acordo com a Fundação de Turismo, o Estado terá um stand com 18 metros quadrados de área para fazer a divulgação dos roteiros sul-mato-grossenses. Mais de 15 empresários do ramo hoteleiro e operadores de turismo de Mato Grosso do Sul devem participar da feira da Braztoa que é voltado para um público formado por agentes de viagens de todo o Brasil, representantes das iniciativas pública e privada e imprensa especializada.
Além de oferecer a oportunidade de divulgação dos roteiros, o encontro disponibiliza ainda capacitações aos participantes e a chance de adquirir produtos, obter informações, conhecer novidades e tendências e efetivar negociações com os operadores de turismo Braztoa e seus parceiros comerciais e institucionais. O encontro também proporciona atividades para promover e fortalecer o relacionamento entre as principais empresas do setor.
Duas técnicas da Fundação de Turismo representam o governo do Estado no evento nacional, que acontece no Centro de Convenções Frei Caneca, na Capital paulista, onde devem se reunir mais de 150 expositores.
Estudos revelam que formação das lagoas é um fenômeno atual.
A antiga hipótese de que a formação dos lagos salinos do Pantanal de Nhecolândia, no centro-sul do Pantanal sul-matogrossense, teria ocorrido entre 126 mil e 10 mil anos atrás, no período Pleistoceno Tardio, caíram por terra.
Estudos recentes de cientistas da USP, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), do Institut de Recherche pour le Dévelopement (IRD), da França, e da University of California-Riverside (UCR), EUA, revelam que as águas salgadas dessas lagoas são resultado de processos geoquímicos atuais.
Desde 1998 os cientistas estudam as águas e os solos deste complexo de cerca de 27 mil quilômetros quadrados, onde existem aproximadamente 1.500 lagoas salinas e cerca de 7.800 de água doce. No caso do Pantanal da Nhecolândia, que concentra as lagoas salinas, ele é delimitado pelos rios Negro e Taquari.
Segundo a geógrafa Sheila Furquim, que integrou a equipe de pesquisadores como aluna de doutorado do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, as lagoas de águas salgadas são facilmente reconhecidas. "Elas têm uma forma arredondada ou oval e possuem, em geral, uma faixa de praia que fica bem visível durante a época de seca."
Furquim conta que um dos estudos recentes, liderados pelo francês Laurent Barbiero (IRD) e pelo professor José Pereira de Queiroz Neto, do Departamento de Geografia da FFLCH, aponta que as águas dos dois tipos de lagos (doce e salgado) são quimicamente da mesma família, e que as diferenças poderiam estar ocorrendo atualmente pela precipitação de íons, devido à alta evapotranspiração que atinge o Pantanal (1.400 mm/ano).
Segundo os estudiosos, as águas salgadas teriam maior concentração de íons de magnésio, potássio e cálcio, em relação à água doce. Em outras palavras, a água salgada derivaria da evaporação da água doce em tempos atuais, mas por ligações subterrâneas.
Desta forma, a salinidade das águas do pantanal deve-se, ao menos em parte, à formação atual destes minerais, e não a processos ocorridos no passado. Ela lembra que as lagoas salinas podem atingir pH 10, extremamente alto, e que têm importância para o abastecimento da fauna e do gado local.