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quinta, 26 de agosto de 2010

Clima e variáveis físicas e químicas

Clima  e algumas variáveis físicas e químicas. Ciclo da água
- Observações iniciais / Região de Bonito/MS-Br

Sobre a Região da Bodoquena, (sudoeste de Mato Grosso do Sul), nas publicações da FIBGE, (1972, 1989) vols. IV e I, encontramos,  "... o clima na região, em geral, é  quente-úmido, com duas  estações, (seca no inverno e chuvosa no verão), com valores mínimos de precipitação pluviométrica, em até menores que 20 mm e máximos de 1500 mm a 2000mm, no mesmo ano" e,   temperatura do ar  "observando-se distribuição espacial de 26ºC, no extremo norte e 22ºC no extremo sul, ...variando de 22 a  20ºC, ...com média do ano igual à 24ºC, ..." .

 Também que o clima se dividi preponderantemente em dois semestres , "... semestres de  verão e de inverno" , e que "... as temperaturas se mantém quase que constantemente elevadas, principalmente na primavera, (set./out.), ocasião em que o Sol passa pelos paralelos da região, dirigindo-se para o Sul quando a estação chuvosa ainda não se iniciou,..."  " O período mais quente (set./out.) em quase toda região, assinala média de 28º a 26ºC no Norte e 26 a 24ºC  no Centro/Sul e nas superfícies baixas, ... e inferior a 24ºC nas superfícies elevadas", " ... com  chuvas devido a passagem constante de ar  frio de origem polar".
 
"No Inverno, pela continentalidade da Região e conseqüente secura do ar (junho/julho/agosto), apresenta-se com temperaturas pouco mais baixas, não possuindo um mês todo com temperatura menor que 20ºC, quando relacionadas à passagem de frentes frias da Cordilheira dos Andes," (FIBGE, op cit.).

Na publicação, "Climatologia do Brasil, (NIMER,  1989), encontramos para região objeto, "...com precipitação pluviométrica, máxima no verão e mínima no inverno, .... na primavera-verão, tendo a primavera temperatura maior,...". Ainda mais que, " o inverno-estação amena, pela continentalidade da região e conseqüente secura do ar durante os tempos estáveis, registram-se freqüentemente temperaturas muito baixas nos meses de junho-julho. Porém, nestes meses, ocorre também temperaturas elevadas e, por esse motivo, as temperaturas médias do inverno, (normalmente tratando-se de amenas), são, neste particular, pouco representativas. Apenas algumas áreas do Sul de Mato Grosso e Goiás, apresentam, nos meses de inverno, temperaturas médias inferiores a 18ºC. A maior parte do território da região não possui sequer um mês cuja temperatura média seja inferior a 20ºC.,...". Continua o pesquisador, "as temperaturas baixas de inverno nessa região, estão relacionadas à ação direta de poderoso "anticiclone polar", sucedendo à passagem de frentes frias, estas ao transporem a Cordilheira dos Andes, produzem na zona frontal, uma advecção , (atração), do ar tropical...".

No mesmo NIMER, (Po cit.), "com a chegada da frente fria sobre o lugar, o céu fica tomado de nuvens de convecção dinâmica, ocorrendo trovoadas e chuvas, estas últimas pouco intensas devido a pequena convergência para a frente e pouca velocidade dos ventos...". Também que, " o ar tropical em ascensão sobre a rampa frontal e o ar frio da massa polar, possuem nesta época do ano (inverno) menos umidade específica," ... "a temperatura cai, e sob o vento fresco que passa soprar do quadrante sul, o céu atinge mais nuvens,(10 partes de nuvens),  e a chuva frontal termina, substituída por leve chuvisco com nevoeiro. Permanece com nuvens por 1 a 2 dias, com céu coberto durante o dia, pela presença de ar polar,  até que anticiclone polar em continuo ar fresco, diminua a turbulência anterior e o céu torna-se limpo, pela intensa radiação noturna".

Em AUTOR99-Template (1999),  encontramos que: - existem duas estações nítidas; o "verão chuvoso" e o "inverno seco"; - nas cabeceiras dos rios as chuvas vão de outubro a março, atingindo 1000mm a 1500mm anuais; - o período de seca vai de maio a setembro ; - a umidade relativa do ar mantém-se acima de 76% entre dezembro e maio e abaixo de 58% entre agosto e setembro; - as temperaturas são mais amenas nas elevações (max. 30ºC) que no Pantanal (até 40ºC; - as frentes originadas a partir da penetração de massa polares pelo sul, podendo baixar a temperatura a zero; - o alagamento (que atinge 4m) deve-se mais à drenagem do solo que às chuvas; - nos meses de seca, o lençol freático situa-se a 10m da superfície.

No Atlas Nacional do Brasil, publicação do IBGE (2000), encontramos que "o  clima é subquente-úmido, com dois regimes pluviométricos: a)- máximo (1500-1250mm) no verão, durante os meses de novembro/dezembro/janeiro e com 45% da precipitação do ano todo;  b)- mínimo no inverno, com chuvas raras, instabilidade de 1 a 2 dias seguidos e com  4 ou 5 dias de chuvas intercaladas, em apenas 1 e 2 meses do semestre seco".

Obs.: particulares e preliminares observações climáticas realizadas na Faz. Boi Preto-Bonito/MS-Br, em 2001, apontaram  como média 1000mm de chuva, com raras precipitações nos meses de inverno de maio a agosto e mais constantes no verão entre outubro a fevereiro.

Segundo consultas bibliografias, pode-se ainda considerar que  o "regime climático e hídrico da região de Mato Grosso do Sul, indica: - semestre de verão, de setembro a fevereiro, com chuvas mais constantes nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, sendo que no semestre de inverno, de março a agosto, as chuvas vão se tornando cada vez mais raras". A temperatura do ar  se mantém quase que constantemente elevada, com média anual de  24°C., num intervalo  de menos 18º C (raramente) a 28ºC, (FIBGE 1972), e regime quente-úmido e subquente-úmido, (IBGE 2000).  Através de relatos de pessoas locais, em Bonito/MS,  são raríssimas as temperaturas menores que 8ºC num  inverno e nunca mais que 1 ou dois dias.

Sabemos que o "Ciclo da Água", em ambiente natural, como da região objeto, de clima quente-úmido e subquente-umido, atinge o meio aéreo-atmosfera- por evaporação e evapotranspiração, perdendo e deixando os dissolvidos. Acumula-se no ar em forma de vapor, de início com característica neutra.

Pesquisas recentes apontam que no ar,  grande parte do vapor dágua se condensa após adsorver-se ao ácido sulfúrico-H2SO4, partícula altamente hidroscópica, atuando como núcleo de condensação em torno da qual as nuvens se formam. Tal ácido seria naturalmente formado, na própria atmosfera, pelo encontro do gás oxigênio-O2, presente, com o DMS "dimetil sulfeto-SO2(CH3)2", emitido por "algas planctônicas" presentes em grandes bacias fluviais e oceanos". Portanto, as algas por sua participação na formação das nuvens, dada a emissão do DMS, estão intimamente relacionadas com o regime de chuvas e consequentemente com o clima de todo planeta.

O ar atmosférico, (matéria gasosa), é formado por uma mistura de vários elementos e compostos distintos, mas que pode sofrer modificação na sua composição e quantidades dependendo da região. Basicamente, tem-se presença do nitrogênio em cerca de 78% ; do oxigênio com 20% ;  do hidrogênio-H2 igual com 0,00005%;  do metano 0,0002%; do vapor dágua,(micro partículas) de 0,1 a 2,8% e, do gás carbônico numa média de 0,033%, (com variações desde 0,01 até 0,1%), completando-se com outros inúmeros elementos, vários compostos gasosos em solução e grande variedade de partículas sólidas em suspensão, levantados do solo pelo vento, todos podendo agir também como núcleos de condensação para o vapor dágua ou serem dissolvidos pela movimentação do ar e pela precipitação.

O vapor dágua condensado na atmosfera, (nuvem), ao receber gases como o gás carbônico, (mais o ácido sulfídrico formado), etc.,  irá dissolve-los até o nível de saturação, sendo a concentração proporcional a solubilidade e a pressão parcial de cada um deles, numa dada temperatura, adquirindo características de pH mais reduzido, retornado como chuva, esperando-se em torno de 5,0- 6,0 pH, acidez de 10 a 20 mgCaCO3/l e numa alcalinidade entre 20 e 25mgCaCO3/l.

Isso pode ocorrer, mesmo sem ou com ação de poluentes, chamada genericamente de "precipitação ácida", onde o pH da água das nuvens pode estar abaixo de 5,6, isto por conter na atmosfera ou receber parcelas de sulfatos, cloretos,  amônia, nitratos, etc., através da passagem das gotas nessas camadas, quando de sua queda, (chuva com pH em torno de 3,5 a 5,0), segundo o que é apontado em bibliografias consultadas.

Ela, a água, só se apresenta pura quando encontrada no estado de vapor; as impurezas começam a acumular assim que a condensação ocorra.

E.T. - o termo "chuva ácida", ligado à poluição, foi popularizado pela mídia em lugar de "deposição atmosférica" ácida, esta se referindo a materiais líquidos, sólidos ou gasosos, oriundos da atmosfera, que são depositados nas formas úmida ou seca, nas superfícies do solo e da água. A "precipitação ácida", na forma de chuva (ou de neve), é definida como aquela que apresenta uma com acidez numa concentração de H+ superior a 2,5 µeq/l, equivalente a um pH  inferior a 5,6, , que não  é  o  caso em Bonito/MS-Br.

O resfriamento do vapor condensado em forma de nuvem leva à posterior precipitação pluvial, (chuva), sobre a superfície dos solos, rios, lagos, etc.,  sendo que a parcela d água precipitada sobre a superfície sólida, pode seguir três vias distintas: a) infiltração; b) evapotranspiração; c) escoamento superficial.

A água da chuva ao fluir por escoamento e/ou infiltração, através de solos calcários da Região de Bonito/MS-Br, estes "mais permeáveis, porosos, de espessura alta, com grandes e médias profundidades..., segundo FIBGE (1972, 1989)",  vai sofrendo neutralização e se tornando mais alcalina pela presença dos sais de cálcio e de magnésio e de outros elementos presentes. Relatos locais apontam faixas normais de solo alternados  com porosidade média de 8 metros de profundidade.

Parte da  água que se precipitou sobre solos permeáveis, (porosos), infiltra-se, (percola), até atingir os lençóis subterrâneos, retornando  por expulsamento à superfície ou permanecendo prisioneira nos extensos aqüíferos. Possivelmente tenha-se a oportunidade de obter-se "águas doces"  menos alcalinas  quando de perfurações mais profundas, em regiões onde águas mais superficiais apresentam-se com concentrações maiores de sais da  região.

Então, a qualidade das "águas superficiais " depende do clima e da litologia da região, (tipo ou composição das rochas mais expostas), da vegetação circundante, do ecossistema aquático, além da possível influência do homem.

Já a composição química da "água subterrânea"  é altamente dependente da litologia de onde se encontra o aqüífero, uma vez que o tempo de exposição da água à rocha é muito maior do que para as águas superficiais. Processos poluidores diversos podem alterar estes apontamentos. 

Quando as águas das chuvas em contato com o solo mais superficial, reagem com o gás carbônico-CO2  desprendido por exemplo na decomposição orgânica, torna-se, à princípio água ácida, (pH em torno de 5,7), se infiltrando pelas fraturas ou rachaduras. Seria esse ácido fraco, que iniciaria o caminho, através da corrosão, provocando erosão e abertura de buracos e mesmo cavernas internas. Como essas cavidades internas apresentam ou apresentavam ar atmosférico mais elevado, aumenta-se a quantidade de hidróxidos-...(OH)2 e carbonatos-...CO3 (precipitados)  ,  formando-se água saturada que escorre e deposita-se como "estalactites e estalagnite", com crescimento calculado em cerca de 1mm/ano; - nos lagos internos da Região de Bonito/MS-BR, vive um pequeníssimo crustáceo, (camarão de 7mm de tamanho), chamado popularmente de "potiquara", (AUTOR99-Template, 1999).

Tais características nos orientam e induzem à presença de diferentes concentrações de sais solúveis ou de baixa solubilidade ou mesmo insolúveis, nas águas mais superficiais e nas mais internas da região, em épocas diversas, orientando as variáveis dureza total e alcalinidade total  nesses sistemas aquáticos, por estarem sujeitas também ao regime climático, (pluviometria e temperatura).

Pode-se deduzir, pelo dados apontados nas observações e amostragens realizadas por este autor em 2001/2002, que nas "águas dos sistemas superficiais" da Região de Bonito/MS-Br, durante os períodos "logo pós chuva", ocorre disposição maior dos sais insolúveis ou de baixa solubilidade,  porém sem dissolução total, em um volume maior de água. Teoricamente, deve ocorrer disponibilidade maior do gás carbônico, ocasionada p.ex. pela diminuição momentânea da temperatura da água, e/ou por carreamento desse gás formado na oxidação do húmus, além da contribuição da atmosfera.

Com isso, pode-se esperar alguma "diminuição do pH", mesmo momentânea,  até pelo fato obtido com possível presença  do ácido carbônico (ácido fraco) formado e da ainda não formação total dos bicarbonatos (solúveis) e hidróxidos(insolúveis), porém rapidamente neutralizado pela presença dos carbonatos numa seqüência já apresentada, assim: o gás carbônico-CO2  combina-se com a água, formando um ácido fraco, o ácido carbônico, (H2O  +  CO2  " H2CO3), ocasionando com isso uma queda do pH. Entretanto se a água for rica em carbonatos, (carbonato de cálcio-CaCO3 insolúvel) ou o (carbonato de magnésio-MgCO3 pouco solúvel), oriundos de solos ricos destes, como sucede com as águas que percorrem regiões calcárias, o gás carbônico- CO2 combina-se a esses sais, transformando-os em bicarbonatos capazes de manter um quadro mediano desse pH,  p.ex.:

Os carbonatos, Ca/MgCO3 insolúvel/pouco solúvel +  H2O  +  CO2  solúvel com perda de calor, em volume maior de água, pelas chuvas, originam os bicarbonatos, de cálcio-Ca(HCO3)2  (*)e/ou  (*)  de magnésio-Mg(HCO3)2, (solúveis). Alguns autores afirmam que no caso do magnésio, ocorre formação e aglomeração mais rápida do hidróxido de magnésio-, assim como já foi visto; MgCO3 (pouco solúvel)  +  H2O     Mg(OH)2 (insolúvel)  +  CO2 .

Não só a formação e presença dos hidróxidos (precipitados) e carbonatos (sedimentados), relacionada aos fatores  "calor e volume d água" nos sistemas aquáticos,  induz alterações nas variáveis alcalinidade e dureza.  Outros fatores devem influir neste quadro, como o carreamento e/ou disposição maior de outros compostos, (sulfatos, silicatos e nitratos), com as águas  das chuvas.

Nas ocasiões ou em "períodos de pós chuva",  variações nos intervalos de pH são mais esperados nas águas, pela diminuição dos bicarbonatos- HCO3-  e dos íons hidroxilas -OH- em relação aos íons hidrogênio -H+.

Bibliografia consultada

AKAKOR,  - Expedição Bonito`95, Projeto Akakor/ Akakor QuickJump;  -São Paulo/SP, vols. Biblioteca Geologia/ USP, Brasil, 1995

AUTOR99- Template,  - Sucessões ecológicas e o bioma de Bonito. - São Paulo/SP: Colégio Rainha da Paz : Autor99-Template 1999: 7 p;  il. http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/ciencias/ecologia/bonito

BRANCO, S.M. - Hidrobiologia aplicada à  engenharia sanitária. - 3 ed., -São Paulo/SP : CETESB/ACETESB, 1986. 640p. : il. ; 22 cm

FIBGE, Rio de Janeiro.-Geografia do Brasil-Região Centro/Oeste - 1ª ed. 1972, vol.IV;  Rio de Janeiro/RJ: FIBGE- Fund. Inst. Brasileiro de Geografia e Estatística, reedição vol. - 1977. 364p

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IBGE, Rio de Janeiro.-Atlas Nacional do Brasil - 3ª ed.; -Rio de Janeiro-RJ: IBGE- Inst. Brasileiro de Geografia e Estatística,  único volume  2000. 263p

MACÊDO, J. A  B. de , -Águas & Águas - Juiz de Fora/MG: Ortofarma, 2000. 505 p. : il. ; 3 cm -jmacedo@fbio.ufjf.br

----------   , -Métodos laboratoriais de análises - Físico-químicas & microbiológicas Águas & Águas, - Juiz de Fora/MG: MACÊDO, 2001. 302 p. : il. ; 2 cm - jmacedo@fbio.ufjf.br

NIMER, E., -Climatologia do Brasil. -Rio de Janeiro/RJ: IBGE-DRNEA, 1989. 421 p.: 1989

COLUNISTA

Helcias de Pádua

helcias@portalbonito.com.br

Professor Helcias Bernardo de Pádua, Biólogo-C.F.Bio 00683-01/D; Conferencista em "Qualidade das águas"; Especialista em Biotecnologia-C.R.Bio 01; Analista Clínico - Hosp.Clínicas SP; Professor de Biologia e Ciências-L-94.718-DR 5 - MEC, desde 1975; Consultor, professor e colunista; Memorista-AGMIB/Assoc. Grupo de Mem. do Itaim Bibi/SP; Graduando em Jornalismo/FaPCom

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