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Notícias de Bonito MS

Bonito está empolgada com a chegada do avião. A cidade que já respira turismo 24 horas por dia vê a ligação aérea como uma conexão com o mundo, capaz de despejar milhares de turistas a mais por ano no templo do ecoturismo e inaugurar uma nova era em sua história já bem sucedida. O avião com 68 lugares ocupados por autoridades e convidados especiais aterrissa por volta das 11h e ativa a linha aérea entre Bonito e Campo Grande com dois voos semanais.

Os voos da Companhia Trip partirão do aeroporto de Campo Grande às quintas-feiras e domingos sempre às 15h40 e chegada em Bonito às 16h15. O retorno às 16h35 e chegada à Capital às 17h10. As passagens do trecho Campo Grande/Bonito custam R$ 169,00, acrescidas de R$ 15,00 de taxa de embarque. A empresa poderá utilizar dois tipos de aviões, uma opção será o ATP42 ou ATP62, ambos com 62 assentos.

Para o coordenador do Centro de Convenções de Bonito, Rodrigo Coinete, com os voos semanais a cidade se tornará mais competitiva no ecoturismo e no turismo de evento. Segundo ele, Bonito está mais do que preparada para receber uma gama maior de turistas.

"Hoje nós temos 68 hotéis, sendo um total de 4,3 mil leitos. Temos hotéis para qualquer gosto e bolso", afirma destacando que no ano de 2007, dos eventos que Bonito se candidatou a sediar, foi aprovada em 92%.

Além do ecoturismo, o município está visando o turismo de evento. No final de 2006 foi inaugurado um centro de convenções com capacidade para 1,7 pessoas sentadas. O empreendimento torna Bonito capaz de sediar evento de médio e grande porte.

Pontos fortes

De acordo com Coinete, o município tem vários atrativos que muitas cidades turísticas do Brasil não tem. "Bonito é uma cidade pequena e acolhedora. É segura. Aqui não temos registro de assalto a turistas que podem andar tranquilamente pelas ruas", destaca.

Conforme o Ministério do Turismo, Bonito está entre as 65 cidades brasileiras que mais impulsionam o turismo no Brasil. Campo Grande e Corumbá também figuram nesta lista.

A intenção é que pelo menos 1% dos 5 milhões de turistas que vem de outros para países para o Brasil, passem por Bonito, que já escolhido por várias vezes pela Revista Quatro Rodas, o melhor roteiro turístico do Brasil.

Para isso a Prefeitura com parceiros irão divulgar as belezas e as potencialidades do município do exterior. Estão programadas visitas em quatro feiras internacionais de turismo que ocorrerão na Frankfurt (Alemanha),Tóquio (Japão), Buenos Aires (Argentina) e Barcelona (Espanha).

Roberta Coelho, proprietária da fazenda San Francisco, que oferece passeios turísticos, está eufórica com a ampliação dos voos. Ela acredita que o fluxo de turismo será maior, com isso, aumentará o numero de negócios beneficiando toda uma cadeia, que por sua vez, contribuirá para o aumento de emprego.

Sua fazenda que tem 15 mil hectares, sendo 7 mil de preservação, atualmente emprega 70 pessoas por conta dos passeios turísticos.

O vice-prefeito de Bonito, Odilson Soares (PSDB) é outro que demonstra otimismo com os voos semanais. "Este é um sonho antigo que agora está sendo concretizado. A agora um desafio que temos é garantir a sustentabilidade da demanda com a presença de mais turistas", disse.

Segundo Odilson, o município recebe em média por dia 220 turistas, sendo que 99 dos visitantes vem de avião do seu destino, desembarga em Campo Grande e utilizando carros e ônibus seguem para Bonito. "Com os voos está realidade vai mudar, já que ele [turista] vai poder utilizar o avião para chegar até aqui". Dos turistas que vistam Bonito todo ano, 49% vem de São Paulo, 23% da região sul, 19% de outros Estados e 9 % do exterior, segundo informações do vice-prefeito.

Só este ano estão programados 18 eventos, com um público estimado para 12 mil pessoas. Com os voos, a prefeitura já estima ampliar este número. O planejamento é que em 2010 sejam 22 eventos, com 18 mil pessoas e em 2011, 30 eventos com participação de 25 mil pessoas.

O ministro do Turismo, Luiz Barreto, estará hoje em Mato Grosso do Sul, onde assinará o repasse de R$ 15,35 milhões para a execução de obras de infraestrutura turística do Estado. Ele segue de Campo Grande a Bonito no vôo inaugural da Trip, às 9h40.

Às 11h15, ele estará em Bonito, município turístico que fica a 257 quilômetros de Campo Grande, onde assinará o contrato para o repasse dos recursos às 12h15. O evento será no Centro de Convenções de Bonito.

Hoje o ministro irá detalhar onde o montante será investido.

O ministro do Turismo, Luiz Eduardo Barretto, veio hoje a Mato Grosso do Sul para o vôo inaugural da Trip de Campo Grande a Bonito, município distante 257 quilômetros da Capital.

A partir de 5 de abril, haverá vôos nesta linha às quintas-feiras e domingos, com tarifa de R$ 184,42, já com taxa de embarque. A duração é de 35 minutos.

O ministro também assinará hoje à tarde a liberação de R$ 15,3 milhões, que serão investidos em Campo Grande, Bonito e Naviraí. Barreto não detalha as obras que serão realizadas no Estado.

Durante o discurso, ele lembrou ainda que Mato Grosso do Sul participa do Prodetur-Sul(Programa de Desenvolvimento do Turismo) nas regiões de Bonito, Bodoquena e Jardim.

O governo Federal vai custear 40% do empréstimo junto ao BID de US$ 50 milhões, para atender os 3 municípios com infra-estrutura, como pavimentação.

O ministro cita que Bonito recebeu quase 90 mil visitantes em 2008, principalmente vindos do Estado de São Paulo. Barreto destacou ainda que pela sétima vez consecutiva a cidade foi eleita o principal destino do ecoturismo do Brasil.

Segundo Barretto, o governo federal deve fazer ações para incentivar a aviação regional. Entretanto, ele pondera que se trata de uma medida do Ministério da Defesa.

O prefeito de Bonito, José Artur, espera, a curto prazo, "aumento de 5% no total de turistas", disse animado durante solenidade hoje.

O presidente da Trip, José Mário Caprioli, lançou o desafio de tornar diária a linha para atender as pessoas que vêem a Campo Grande para negócios, o forte do turismo na cidade.

Depois de batizar a linha de "vôo da alegria", o governador André Puccinelli enfatizou os benefícios desta nova opção. "Não custa nada para o Estado e faz com que Mato Grosso do Sul fique conhecido".

Puccinelli confirmou que teve muitos percalços até conseguir a liberação do vôo. E disse que para incentivar a ativação da linha abriu mão de parte do ICMS do combustível.

O aeroporto de Bonito conta com pista de 2.000 metros, com iluminação noturna e suporte para aeronaves de grande porte.

Na aeronave de 68 lugares, que fez hoje a primeira decolagem com destino a Bonito, além do governador e do ministro, embarcaram vereadores, empresários, parlamentares estaduais e federais e o prefeito Nelsinho Trad.

Copa 2014 - O ministro destacou que Campo Grande tem grandes chances de vir a ser subsede da Copa do Mundo de 2014. Ele destacou que é interessante mostrar aos turistas a região pantaneira e que Mato Grosso do Sul tem 70% do Pantanal, que é a principal rota do ecoturismo.

Ele lembrou que o anúncio sai em maio deste ano e afirmou que torce pelas 17 cidades que estão na disputa. "Quem ganha é o Brasil".

A Copa do Mundo de 2014 será um dos temas do Encontro Nacional de Competitividade Turística dos 65 Destinos Indutores do Turismo, que será realizado nos dias 7 e 8 deste mês, terça e quarta-feira da próxima semana, no Centro de Eventos Brasil 21, em Brasília.

O evento vai reunir autoridades federais, estaduais e municipais, parlamentares, empresários, empreendedores, entidades esportivas, produtores de evento e instituições parceiras do turismo.

A programação do encontro contempla ações consideradas prioritárias para o desenvolvimento do turismo nacional, como a regulamentação da Lei do Turismo; Cadastro Nacional de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), a estruturação dos 65 destinos indutores, fiscalização e vistoria integrada.

Entre os 65 municípios considerados indutores do turismo, estão as 17 cidades-candidata a sede dos jogos da Copa do Mundo 2014. Campo Grande é uma das capitais brasileiras que aguardam o pronunciamento da entidade máxima do futebol mundial.

O anúncio da FIFA com as 12 cidades aprovadas seria feito no dia 20 de março, mas foi adiado para o o dia 31 de maio, nas Bahamas. Campo Grande é uma das 17 capitais brasileiras que aguardam o pronunciamento oficial da entidade máxima do futebol mundial.

Será oficialmente inaugurada nesta sexta-feira (3) a 1ª etapa da revitalização da Rua Pilad Rebuá, a mais central e tradicional da cidade. O projeto foi lançado em fevereiro do ano passado e empregou recursos da ordem de R$ 1,8 milhão, obtidos junto ao Ministério do Turismo.

A solenidade está marcada para 11h30, logo após as atividades relacionadas ao vôo inaugural da TRIP com a presença de autoridades locais e estaduais que descerrarão a placa comemorativa localizada em frente à Câmara Municipal.

A primeira etapa abrangeu a revitalização de quatro quadras: a da Praça da Liberdade, do Restaurante Tapera, do Bar Taboa e da prefeitura.

A rua ganhou um projeto paisagístico moderno com o espaço para pedestres aumentado com o alargamento das calçadas. O piso foi substituído, foram colocados bancos, canteiros, plantas e pórticos que cruzam determinados pontos.

O Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), é uma das presenças a registar, nos próximos dias 4 e 5 de Abril, na Feira de Viagens "Mundo Abreu", que se irá realizar no pavilhão 1 da FIL, no Parque das Nações.

Dando continuidade às acções de promoção e divulgação dos seus destinos turísticos no mercado português, o Instituto de Turismo Brasileiro tem como principal objectivo informar, atrair e despertar o interesse dos turistas portugueses em conhecer e visitar o Brasil.

Nesta 7ª edição, a Embratur será representada pela Neila Araújo, responsável pelo escritório do Instituto Brasileiro de Turismo em Portugal, que refere "estamos muito felizes com a nossa participação e acreditamos que o mercado português está a recuperar. Já sentimos que as vendas estão a aumentar, e temos muitas expectativas de que o destino Brasil tenha uma grande procura durante os dias de feira".

Além da Embratur, outras entidades brasileiras ligadas ao turismo vão também marcar presença neste evento, entre eles: as cadeias hoteleiras Beach Park Resorts, Ocean Palace Beach Resort & Bungalows, Promenade Apart-Hotéis, Grou Turismo Brasil, Hotel Tibau Lagoa, Rifoles Praia Hotel, Hotel Eco Resort do Cabo de Sto Agostinho; os Estados de Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, Rio Grande do Norte (Natal), Ceará, Bahia, Brasília, Minas Gerais; entre outros.

Morador na Fazenda Baía do Pacu, em uma região isolada do Pantanal Sul, no município de Corumbá/MS, o menino Rafael de Oliveira só não perdeu a vida no dia 12 de maio deste ano graças a uma ação aérea emergencial. O garoto de seis anos foi picado no dorso do pé por uma cobra jararaca e seriam necessários pelos menos dois dias de viagem por terra para ser atendido na cidade mais próxima. O isolamento da propriedade pelas próprias condições da região não permitia a chegada de carros e aviões. E o pior: o veneno da cobra pode matar em até 20 horas. Graças a um comunicado da fazenda, via telefone, com a Base Aérea de Campo Grande, um helicóptero foi deslocado até a região - uma distância de 400 km - para resgatar o menino, que foi atendido a tempo no Hospital Rosa Pedrossian, na capital sul-mato-grossense.

Em 2007, fato semelhante aconteceu na Fazenda São Roque, no Pantanal do Rio Negro. Outro menino, também de seis anos de idade, foi picado por uma jararaca enquanto brincava em meio à lenha preparada para ir ao fogão, na cozinha da sede. Imediatamente, o proprietário da fazenda, José Lemos Monteiro, colocou o garoto em seu avião e, em aproximadamente 50 minutos a criança já estava sendo atendida no mesmo hospital, em Campo Grande/MS, depois de cobrir a distância de 225 km que separa a propriedade da capital sul-mato-grossense. "Não ficou seqüela nenhuma", lembra, com alegria, o pecuarista.

Os dois fatos, por si só, justificam a importância do transporte aéreo na região do Pantanal. No primeiro, pelas condições de alagamento na região, não era possível o pouso de aviões e, caso não existisse a ação militar através de um helicóptero - que não exige pista para pouso e decolagem -, o final da história poderia ser outro. Já no ocorrido na Fazenda São Roque, a existência de um avião na propriedade e a ação do produtor rural foram mais do que providenciais. E não são casos isolados. A maioria das propriedades pantaneiras está localizada em distâncias mínimas entre 200 e 300 km de um hospital. Pelo menos durante metade do ano muitas ficam parcial ou totalmente ilhadas em função do período de cheia na região, impedindo o acesso por terra. O transporte por barco ou chalana, quando possível, pode levar dias.

"O avião é a principal arma para salvar vidas nas fazendas localizadas no Pantanal", garante o experiente piloto Mauro Pinto Costa, com 45 anos de profissão e mais de 12 mil horas de vôo, a boa parte na região pantaneira. "Vários locais ficam meses sem acesso por automóvel. Em uma fazenda de um amigo meu, em Cáceres, no Mato Grosso, durante a cheia só a sede e a pista de pouso ficam fora do alcance das águas.

Hoje voando por hobby e, espaçadamente como instrutor particular, Costa vê uma estreita ligação entre a aviação e a região. "Até por questões de impacto ambiental este quadro não vai mudar, a não ser que construam estradas suspensas para atender todas as propriedades", brinca.

Enquanto aguardava a hora para um vôo a partir do Aeroporto Municipal Santa Maria, em Campo Grande/MS, Costa lamentava o "encarecimento" do setor: "a utilização de aviões para diversos fins já foi muito mais intensa no Pantanal; hoje tudo encareceu muito; em 1968 a gasolina de avião custava metade do valor da gasolina comum, hoje (junho/2008) em Campo Grande, pago R$ 3,80 o litro"

O piloto critica também a atual "burocracia" para a aviação particular exigida pelo governo brasileiro, sobretudo a partir da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). "As exigências são inumanas; gastamos uma fortuna em papel; é muito carimbinho e selinhos juntos; o volume de documentação é tanto que ocuparia quase a metade da capacidade do porta malas de um avião Paulistinha, que é de 10 quilos", revela.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Ademar da Silva Júnior, não conta com avião particular e nem pela entidade, mas não escapa à sua utilização. Com visitas periódicas a 68 sindicatos rurais além de viagens para compromissos em Brasília e diversas cidades brasileiras, Júnior se vê obrigado, eventualmente, a contratar serviços de táxi aéreo para cobrir distâncias dentro do seu estado e chegar a regiões de difícil acesso. E por esta necessidade, reclama do custo do transporte aéreo: "a hora/vôo de um bimotor Sêneca está entre R$ 1,3 mil e R$ 1,4 mil; é muito caro".

Sobre a utilização de aviões por produtores rurais com fazendas no Pantanal, o presidente da Famasul considera fundamental e necessário: "além de agilizar os negócios do pecuarista, trata-se de um instrumento em defesa da vida; no Pantanal é arriscado morrer se não tiver uma aeronave ou não puder contar com uma".

Não existem informações totalmente fechadas sobre o número de propriedades rurais no Pantanal sul-mato-grossense, mas dados do IBGE datados de 31 de dezembro de 2006 apontam para 65.619 unidades rurais cadastradas no INCRA em todo o Mato Grosso do Sul. Como o Pantanal ocupa em torno de um terço da área total do Estado, é possível ter uma dimensão de uma eventual demanda por transporte aéreo na região.

Compra e venda de gado

O ex-pecuarista José Eduardo Rolim Júnior (conhecido como Zé Rolim) - possuía duas mil cabeças bovinas em uma fazenda no Pantanal do Nabileque - largou tudo para se dedicar a sua grande paixão: a aviação executiva rural. Com mais de seis mil horas de vôo - 3.500 registradas - ele hoje é dono da Pan Táxi Aéreo e garante que a maior demanda para vôos na região pantaneira sul-mato-grossense vem da compra e venda de gado. "A maioria dos produtores rurais embarca em Campo Grande e perto de 40% em seus próprios aviões; hoje cerca de 70% das pequenas aeronaves existentes no Mato Grosso do Sul voam para destinos no Pantanal", conta.

Estes produtores, segundo ele, fazem parte de um grupo mais tecnificado: "são aqueles que compram macho na planície pantaneira para engordar na serra". O preço da hora vôo em táxi aéreo, de acordo com Rolim, varia de R$ 800,00 a R$ 1.000,00 para o caso de transporte por monomotor.

É muito grande, segundo ele, o deslocamento aéreo por parte de pecuaristas de outras regiões brasileiras interessados em participar de leilões dentro do Pantanal ou mesmo negociar diretamente em uma fazenda. E motivos não faltam. O gado pantaneiro é considerado de alta qualidade e o rebanho é significativo - perto de seis milhões de cabeças só no Pantanal Sul.

A utilização da aviação "dentro da porteira" também é destacada por Rolim: "é uma ferramenta de trabalho de múltipla utilidade para o produtor pantaneiro; muitos dificilmente vêm para a cidade com o avião, preferindo utilizá-lo mais para o controle de seu rebanho e na inspeção periódica das condições de sua propriedade."

Contar com uma aeronave no Pantanal, segundo o piloto-empresário, pode também significar a diferença entre a vida e a morte. "Por diversas vezes resgatei, nas fazendas, pessoas doentes, com hemorragias e que não teriam condições de sobreviver se não fossem atendidas em um hospital; isso sem falar nos casos gerados a partir de picadas de cobra", comenta.

Mas outra demanda de transporte aéreo vem ocupando os pilotos dentro do Pantanal: o turismo rural. "Este ano já transportei diversos grupos para hotéis-fazenda; fecho o pacote todo, ou seja, transporto em determinada data e uma semana depois volto à fazenda e retorno com o grupo", conta. De acordo com Rolim, estes passageiros são, na grande maioria das vezes, turistas estrangeiros - sobretudo europeus - que chegam ao Aeroporto Internacional de Campo Grande e dali mesmo embarcam em táxis aéreos rumo ao Pantanal.

Cenas folclóricas

Apesar de toda a sua experiência, Zé Rolim ainda se empolga com os contrastes e as situações geradas pela utilização do avião no bucólico e natural espaço do Pantanal. "Mesmo com toda a simplicidade e rusticidade do homem pantaneiro ele mantém seu aviãozinho na porta de casa, estacionado, como se fosse um jeep. Há 50 anos, pelo menos, é assim: uma ferramenta de trabalho essencial e eficiente, como um trator para o produtor rural das regiões de serra"

A "intimidade" do avião com o ambiente pantaneiro também parece ter contagiado animais nos rebanhos, dentro das propriedades. Rolim faz questão de contar um fato ocorrido em meados dos anos 80 na Fazenda Santo Antônio do Amolar, às margens do Rio Paraguai, em Corumbá/MS.

"Um monomotor Corisco ficou na fazenda de um dia para o outro; durante a noite, uma vaca e seu bezerro invadiram a pista do campo de pouso e os dois se acomodaram próximo ao avião. No dia seguinte fomos ver o resultado: o bezerro 'mamou' no trem de pouso até corroer uma parte dele e a vaca se coçou na asa direta, que ficou empenada. Tivemos de improvisar para conseguir decolar e levar a aeronave para os devidos reparos em Campo Grande".

Instrumento de trabalho

O pecuarista Carlos de Castro Neto pilota há 32 anos e não abre mão de utilizar de seu avião para o trabalho no campo e para o deslocamento às cidades. Proprietário da Fazenda São Lourenço - mais de 25 mil hectares e rebanho superior a cinco mil cabeças - no Pantanal do Paiaguás (300 km de Coxim/MS, norte do Mato Grosso do Sul), ele garante que durante metade do ano não há outro meio de transporte para alcançar sua propriedade.

Recentemente Neto comprou até uma aeronave nova. Pagou R$ 180 mil em um monomotor Cessna que ele faz questão de cunhar como "ferramenta de trabalho". Pela extensão de suas terras e pelo rebanho que tem, esta classificação é mais do que justificada. "Depois que os peões recolhem o gado e percebemos que faltam animais, sempre faço um sobrevôo para localizar os desgarrados e orientar os funcionários", explica.

Mas além de atender as necessidades de seu trabalho e de sua propriedade, o avião de Neto acaba tendo uma utilização mais comunitária do que a prevista. "Meus vizinhos pantaneiros não possuem avião; portanto, quando há alguma emergência tenho de socorrê-los; se é preciso e necessário transporto acidentados por picada de cobra e mesmo mulheres em trabalho de parto ou com hemorragias", admite.

Revoada Pantaneira

O dia-a-dia dos pilotos de avião no Pantanal, os bate-papos nos campos de pouso das fazendas e nos aeroportos e os causos de cada um, acabaram por gerar um encontro anual no Mato Grosso do Sul. A "Revoada Pantaneira" está em sua terceira edição - 25 a 27 de julho de 2008 - e acontece no aeródromo da Fazenda São Paulino, na região da Nhecolândia, município de Corumbá/MS.

O evento aeronáutico reúne pilotos civis e militares que operam no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Eles também recebem a visita de colegas de várias regiões do Brasil. Boa parte dos pilotos é formada também por produtores rurais. A pista, na fazenda, é toda de grama e conta com iluminação para operações noturnas de manobra, pouso e decolagem.

O local conta com opção de hospedagem em três níveis: apartamentos, apartamentos duplos (leito tipo beliche e banheiro conjugado) e camping (com barraca para duas pessoas). A organização oferece pensão completa e passeios. (Reportagem foi premiada como a melhor de jornalismo impresso no concurso Jornalismo Rural da Famasul/autor: Ariosto Mesquita)