Notícias de Bonito MS
Não aconteceu só comigo; não aconteceu só com você. Todos nós que moramos neste maravilhoso estado já nos acostumamos a flagrar o equívoco imperdoável daqueles que nos confundem com Mato Grosso.
Imperdoável o equívoco! Irritante e humilhante também! Não moramos em Mato Grosso; não somos mato-grossenses; nossa capital não é Cuiabá; nossos times de futebol não são Mixto e Dom Bosco; não temos o costume de falar "eh, ah!"; não moramos na região amazônica. Enfim, nós somos Mato Grosso do Sul.
Aliás, nós somos Mato Grosso do Sul desde 1977, portanto há mais de trinta anos estamos dando a chance de as pessoas nos chamarem pelo nome correto. E a questão não é apenas o nome. Não. A questão não é apenas o acréscimo DO SUL ao Mato Grosso. Não é isso apenas. Quem nos confunde com Mato Grosso, mesmo que involuntariamente, não imagina que este erro se transforma em agressão, ofensa, humilhação, deboche. Resumindo: sentimo-nos como se tivéssemos levado um tapa na face do nosso orgulho de ser sul-mato-grossense.
Calma lá, precipitados leitores de outros estados, não nos interprete mal. Não nos sentimos agredidos e humilhados por lembrarem de Mato Grosso; mas por esquecerem de Mato Grosso do Sul. Não temos recalque ou qualquer menor sentimento com o estado vizinho de tantos encantos e belezas naturais, sem falar na sua história, cultura, tradição, folclore e culinária que formam um belo conjunto que adorna um povo alegre e hospitaleiro.
O que nos ofende; o que nos agride; o que nos humilha; o que nos causa profunda irritação é o fato de se esquecerem de que nós vivemos em um estado que não é Mato Grosso; habitamos em um território que não é de Mato Grosso; cultivamos valores, hábitos e costumes que não são mato-grossenses; fazemos parte de um povo que é diferente (nem melhor, nem pior) do povo de Mato Grosso, enfim, tudo isso por uma razão singela: não somos Mato Grosso; nós somos Mato Grosso do Sul.
Mato Grosso do Sul não é apenas um nome, Excelência. É um estado de espírito; é um gesto espontâneo; é um canto comovente. Ao nos chamar de Mato Grosso, vossa rotunda ignorância joga no limbo da indelicadeza todo o nosso esforço em construir uma identidade própria que nos faz detentores de um nome único e inesquecível.
Aqui, acolhe-se, sem distinção, os órfãos de cidade que procuram o seu abrigo para trabalharem e crescerem. Aqui, temos espaços repletos de ipês. Nosso ar tem o perfume do pequi, da guavira e da manga rosa. Temos feiras com sobá e espetinho, Excelência, com direito à dobradinha. Nossas noites são tranquilas e o nosso povo não desaprendeu a conversar olhando nos olhos de quem completa as rodas de um tereré.
Não sabe, Excelência, o que vem a ser tereré? Não sabe o que é sobá? Não sabe o que é pequi e guavira? Então, está explicado, Excelência. Vossa ignorância retrata um estado de ausência sensorial, espiritual, cognitivo e cultural que o leva a preenchê-lo com um nome que não é nosso. Por isso, chama-nos de Mato Grosso, esquecendo-se que existe um pouco mais ao sul um mundo repleto de vida, sonhos, idéias, sabores e gestos com um nome próprio: MATO GROSSO DO SUL!
Porém, sublimando o vosso erro, despertemos a vossa memória para dois aspectos fundamentais da obra que todos os dias nos faz construir o nome de Mato Grosso do Sul (a terra e o homem): A terra: diria somente Pantanal, o maior santuário ecológico do planeta, se Mato Grosso não o abrigasse, mas evoco Bonito, na Serra da Bodoquena, eleito o melhor destino para o ecoturismo por oito vezes e, seguramente, um dos mais belos lugares do mundo. Isto é Mato Grosso do Sul. O homem: Manoel de Barros, o maior poeta vivo do mundo. Basta! Isto é Mato Grosso do Sul.
Por isso, Excelência, a partir de agora, todas as vezes que o erro for cometido perante um sul-mato-grossense, não se aborreça com o constrangimento de ser corrigido, porque errar o nome do nosso estado será causa para apupos ou cortante repreensão verbal que jamais será apagada de vossa memória. Isto já está acontecendo e a tendência é que esta reação ganhe foros institucionais, transformando-se em costume sul-mato-grossense.
A proposta, portanto, é esta: nos congressos, nas conferências, nos shows, nas reuniões políticas, nas competições esportivas, nos ambientes públicos ou privados, nas Igrejas, nos Sindicatos, nas Associações Comunitárias, nos hotéis, nos motéis, nas ruas, nas lojas, no centro, na periferia, no Brasil, na Argentina, na Terra, em Marte, na terra, no mar, no chão, no céu, na imprensa escrita e falada, no twitter, nos sites, nos blogs, enfim, em qualquer lugar, aquele que se referir ao nosso estado com o nome de Mato Grosso deverá ser imediatamente corrigido, sem receio de constrangimento, se possível, apupado respeitosamente com inspiração cívica, para, ao final, todos, de forma uníssona, elevarmos a voz firme e cheia de orgulho, proclamando: MATO GROSSO DO SUL!
Com absoluta certeza, a primeira grande reação será notícia nacional e o efeito pedagógico do exemplo servirá, pelo menos, para que o visitante, sempre bem recebido por nós, saiba que vivemos em um estado com uma história, uma identidade, uma cultura e um nome próprio: MATO GROSSO DO SUL!
FÁBIO TRAD - Advogado e Professor (Ex-Presidente da OAB-MS 2007-09)
A convite da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, a secretária Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (Seprotur) participa hoje à tarde, na Capital Federal, do lançamento do "Projeto Biomas". Desenvolvido em parceria com a Embrapa, a iniciativa pretende harmonizar a produção de alimentos em paralelo com a preservação do meio ambiente. O Pantanal sul-mato-grossense será um dos biomas abrangidos pelos estudos.
O projeto vai estabelecer uma rede de experimentação de abrangência e porte inéditos no País. Em todos os seis biomas brasileiros (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa) serão instaladas unidades de demonstração tecnológica, nas quais serão apresentados os resultados de estudos e pesquisas que resultem em modelos que conciliem produção e preservação ambiental. A fase inicial do projeto durará nove anos, contando desde já com aporte de R$ 20 milhões da CNA.
O lançamento do Projeto Biomas foi realizado em entrevista coletiva ontem (24), às 14h30, na sede da CNA (SGAN Quadra 601, Módulo K, Edifício Antônio Ernesto de Salvo, Brasília/DF). Além da senadora Kátia Abreu e da secretária Tereza Cristina, o diretor-presidente da Embrapa, Pedro Antonio Arraes Pereira, também estará presente. Maiores informações pelo telefone (61) 2109-1419.
A partir da próxima segunda-feira (1º de março) está liberada a pesca amadora nos rios do Estado (Bacia do rio Paraná e Bacia do rio Paraguai). Antes, porém, os pescadores amadores devem obter a licença de pesca, que é obrigatória.
Vale ressaltar que é obrigatório que o pescador amador tenha em mãos a licença de pesca e a carteira de identidade. A licença pode ser adquirida em agências do Banco do Brasil ou pela internet, no endereço www.imasul.ms.gov.br .
A autorização ambiental é individual, tem validade trimestral ou anual, é obrigatória para pesca embarcada ou desembarcada (em barrancos dos rios) e pode ser adquirida nas agências do Banco do Brasil, com CPF ou RG em mãos, ou pelo site www.imasul.ms.gov.br.
Além de mexer com a emoção dos pescadores de finais de semana e turistas, a abertura da temporada de pesca movimenta a economia do Estado, já que envolve pescadores profissionais, comerciantes e empresários do setor hoteleiro.
Medidas mínimas
Os pescadores devem obedecer às medidas mínimas de pescado permitidas no Estado, conforme a seguir: piraputanga 30 cm; curimbatá e piavuçu 38 cm; pacu 45 cm; dourado 65 cm; barbado 60 cm; cachara 80 cm; pintado 85 cm; jaú 95 cm. A cota permitida por pescador devidamente licenciado é de 10 quilos, mais um exemplar de qualquer espécie e cinco exemplares de piranha, respeitando as medidas acima.
A gerente de Recursos Pesqueiros e Fauna do Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul), Francisca Albuquerque, ressalta que os pescadores, além de respeitar a cota e o tamanho mínimo permitido, devem, após a pescaria, passar em um posto da Polícia Militar Ambiental (PMA) para preenchimento da guia de controle de pescado, que comprova a origem e permite o transporte do pescado em Mato Grosso do Sul e em outros Estados.
"Com a arrecadação da licença podemos dar continuidade às pesquisas e monitoramento da ictiofauna (peixes e outras espécies aquáticas) para preservação das espécies; e com as guias de controle de pescado, sabemos quanto pescado foi capturado em cada região", explica ela.
Restrições
É proibida a utilização de rede, tarrafa, espinhel, cercado, covo, pari, fisga, gancho; garatéia pelo processo de lambada e substâncias explosivas ou tóxicas; equipamento sonoro, elétrico ou luminoso; nem anzol de galho.
Áreas de reserva pesqueira
Alguns rios de Mato Grosso do Sul têm pesca de qualquer natureza proibida permanentemente: rio Salobra - municípios de Miranda e Bodoquena (neste rio a navegação é permitida somente com motor de 4 tempos, de potência até 15 hp); Córrego Azul - município de Bodoquena; rio da Prata - municípios de Bonito e Jardim; rio Formoso - município de Bonito; rio Nioaque - município de Nioaque e Anastácio. É proibida também a pesca em trechos 200 metros acima e abaixo de barragens, corredeiras, cachoeiras, escadas de peixes e embocaduras das baías.
Em outros rios é permitida somente a modalidade pesque e solte: rio Negro, córrego Lageado, próximo à cidade de Rio Negro, até o limite oeste da fazenda Fazendinha, no município de Aquidauana, além de toda extensão dos rios Perdido, Abobral e Vermelho.
Pesque-e-solte
Na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, desde 1º de fevereiro está permitida a pesca na modalidade "pesque e solte", ou pesca esportiva, somente na calha do rio Paraguai e com petrechos permitidos. Recomenda-se que, na modalidade pesque-e-solte, o pescador utilize anzóis lisos, de modo a garantir a sobrevivência dos peixes capturados e soltos. Os peixes devem ser devolvidos à água cuidadosamente, na posição horizontal.
Espécies exóticas
Na Bacia Hidrográfica do rio Paraná está permitida somente a pesca de espécies exóticas (não nativas) e híbridas como tucunaré, tilápia, carpa, bagre africano, curvina porquinho, etc, somente nos lagos das usinas hidrelétricas existentes no rio Paraná (Sérgio Motta, Jupiá e Ilha Solteira).
Informações
A pesca ilegal constitui crime ambiental punível com pena de um a três anos de detenção. A pessoa é presa em flagrante, encaminhada à delegacia de Polícia Civil, podendo sair sob fiança. Também terá todo o material, produto de pesca e veículos apreendidos. Além disso, é confeccionado um auto de infração administrativo, que prevê multa de R$ 700,00 a R$ 100 mil reais, mais R$ 10,00 por quilo do pescado irregular.
Para sanar dúvidas, a Semac disponibilizou um telefone de atendimento à população: (67) 3318 5629 ou 3318 5675 (Gerência de Recursos Pesqueiros e Fauna). Para receber denúncias de pesca predatória, a Polícia Militar Ambiental disponibiliza um telefone de atendimento: (67) 3314-4920. Além disso, a PMA realiza fiscalização intensa em todo o território sul-mato-grossense, através de 22 sub unidades.
A questão ambiental requer a participação efetiva do governo e da sociedade. Faça a sua parte contribuindo para a conservação do meio ambiente, visando garantir às gerações futuras o acesso a estes recursos.
Para saber mais sobre a legislação de pesca no Estado, acesse www.imasul.ms.gov.br e www.pma.ms.gov.br.
O Jornal online Diário de Pernambuco publicou hoje uma matéria falando sobre as atividades que podem ser praticadas na cidade do Bonito (MS), considerada um pólo de ecoturismo no Brasil. O texto faz menção as grutas, cachoeiras e aos diversos passeios que são oferecidos na região.
Veja a matéria:
Trilhas, mergulhos, rapel e contemplação aguardam pelos visitantes ao paraíso do ecoturismo.
"Bonito ficou ainda mais linda com a sua presença", diz a placa logo na entrada da cidade, considerada a capital do ecoturismo de Mato Grosso do Sul. Distante 280km de Campo Grande, o pequeno município recebe o visitante com fartura de atrações. Rodeado por grutas e belas fazendas, Bonito permite variados tipos de passeio - desde aventuras para os mais corajosos até belas cachoeiras para aqueles que querem apenas contemplar a natureza. Nesses tours, não é difícil encontrar araras e tucanos, além das diversas espécies de peixes que se destacam nos mergulhos nas águas da região.
Não é exagero dizer que a região de Bonito oferece um cenário arrebatador. Principal fonte de renda da cidade, o turismo é bem explorado pelos locais, sempre com o cuidado de não agredir o meio ambiente. Logo na chegada à cidade, é fácil perceber a preocupação em atender bem: na avenida central, várias agências de turismo disputam a atenção do cliente. E elas são de fato obrigatórias, pois amaioria dos passeios é agendada por meio dessas empresas, que oferecem preços tabelados e distribuem vouchers na véspera do programa selecionado.
Como as opções são numerosas e o fluxo de turistas é grande (principalmente em julho, janeiro, dezembro e nos feriados), a dica é planejar os passeios com antecedência e intercalar atividades radicais com momentos contemplativos, e assim sobrar fôlego para todas as aventuras.
As grutas ao redor de Bonito são um indício da riqueza geológica da região. Uma das mais visitadas, a do Lago Azul, já foi cenário de novelas e encanta pela intensa cor azulada do lago - na verdade, uma ilusão de ótica. O percurso não é cansativo. Em poucos minutos, percorre-se uma trilha na mata e, numa descida de pouco mais de 100m, já é possível avistar o lago, descoberto nos anos 1920 por um índio terena.
Em dias ensolarados, a vista é ainda mais deslumbrante. Mas nem adianta insistir para dar um mergulho: não é permitido sequer tocar o lago. O motivo é uma espécie rara de camarão albino ecego. Descoberta no interior da gruta, ela pode se extinguir, tamanha a fragilidade do ecossistema do qual faz parte. No fundo do lago, ainda foram identificados fósseis de uma preguiça gigante e de um tigre de dente de sabre. A gruta não só chama atenção pelo azul intenso como também pelas formações geológicas no teto e no piso do lugar.
O passeio dura pouco mais de uma hora e é restrito. Os grupos são de 15 turistas no máximo. Para chegar até a Fazenda Jaraguá, é preciso percorrer 20km de estrada de chão (a partir do fim da rua principal da cidade, a Coronel Pilad Rebuá). Logo ao lado, a gruta São Miguel é uma boa pedida para aqueles que gostam de cavernas. A dica é estender o passeio e atrasar um pouco o almoço. Pode-se visitar as duas grutas pela manhã e deixar a tarde livre para fazer uma flutuação.
O que ver
Recanto Ecológico Rio da Prata
O ideal é iniciar o passeio pela manhã, e seguir depois para o Buraco das Araras. Durante a flutuação, o sol é impiedoso, e não se permite o uso de filtro solar. Por isso, o melhor é usar uma legging por baixo da roupa de mergulho. A flutuação sai por R$ 114 (adultos e crianças). O almoço (opcional), a R$ 18 por pessoa.
Nesta semana, entre os dias 22 e 25, a cidade de Bonito recebe a visita técnica de representantes do Ministério do Turismo, Sebrae e Instituto Marca Brasil que vivenciarão e analisarão as experiências implantadas no destino pelo Projeto Economia da Experiência.
Durante os quatro dias, a equipe técnica do Projeto Economia da Experiência visitará diversos empreendimentos que já concluíram a implantação das inovações. O objetivo é inspecionar se os produtos e serviços elaborados durante o projeto estão de acordo com o conceito de Economia da Experiência, que visa inspirar, satisfazer e surpreender o turista por meio da cultura, história, gastronomia e artesanato locais.
"Essas iniciativas mostram como os empreendedores e a própria comunidade se apropriou do conceito do Economia da Experiência que está essencialmente ligado à valorização da cultura, da natureza, dos produtos locais, do artesanato, da história de cada destino, enfim de tudo que é único e que remete ao que é original e próprio do local", explica a diretora do IMB, Daniela Bitencourt.
A cidade que é invicta por 8 anos, a única a receber o prêmio "Melhor Destino de Ecoturismo do Brasil" (Revista Viagem & Turismo - Abril), promete fama também na literatura.
Marcelo Gil da Silva, que é guia de turismo, possui diversas publicações em jornais impressos e eletrônicos, lança seu primeiro livro, "O Conquistador de Sonhos", que tem como tema o interesse de Deus na realização dos nossos sonhos.
O lançamento está previsto para abril, durante a Páscoa, com o show da cantora gospel, Neide Sanábria, também de Bonito (MS).
"O livro fala de sonhos. Celebrar a ressurreição de Jesus no centro da cidade é celebrar um sonho, um sonho em que podemos viver através de Cristo." Diz Marcelo Gil da Silva.
O Brasil vai investir mais 25% a 30% todo ano, até a Copa do Mundo de 2014, para atrair mais turistas sul-americanos. Haverá reforço na promoção do País junto aos vizinhos com base na necessidade de reconhecer que o Brasil é um destino de longo alcance - localizado longe dos principais mercados mundiais (Europa e Estados Unidos) - sem condições de competir, por exemplo, com a França, a Espanha ou o México. A informação é do ministro do Turismo, Luiz Eduardo Barretto. "Que venham os latinos", convidou ele, em entrevista exclusiva ao DCI.
"Hoje apenas um terço dos turistas que nos visitam são sul-americanos. Nós temos de ter um olhar especial sobre a América Latina. Vou te dar um número: 900 mil chilenos vão à Argentina e apenas 250 mil vêm ao Brasil", contou. Na avaliação dele, o País está ficando cada vez mais preparado para receber mais turistas estrangeiros e atender o crescente mercado interno impulsionado por 20 milhões de brasileiros que ingressaram na classe média. Estão sendo construídos 266 hotéis, com R$ 11 bilhões de investimentos aportados nos próximos quatro anos.
Confira os principais trechos da entrevista:
Como está a negociação para acabar com a farra das emendas parlamentares destinadas ao patrocínio de shows e eventos, pelo Ministério do Turismo? Seriam R$ 660 milhões para 2010?
Para nossa surpresa, o que aconteceu na virada do ano, de 2009 para 2010, é que o volume de recursos de emendas parlamentares ao Orçamento para eventos e shows tinha saído de um patamar de cerca de R$ 200 milhões para R$ 660 milhões, embora eu tivesse feito duas portarias que restringiam a destinação de emendas. Estamos caminhando bem para que uma parte significativa desses R$ 660 milhões, em torno de 60%, 70%, seja mudada da rubrica de eventos para a de infraestrutura, que consideramos uma coisa mais importante porque deixa um legado para os municípios. E não se justifica num ano eleitoral crescer de 200%. Eu quero dar uma saída aos parlamentares para que eles não percam suas emendas. Depende de um projeto de lei que o Ministério do Planejamento enviará ao Congresso Nacional.
Agora, em fevereiro, deverá sair nova classificação dos 28 mil empreendimentos de hospedagem no Brasil?
É uma nova classificação, com certificação da hotelaria. Estamos definindo conceitos com o InMetro [Instituto Nacional de Metrologia]. Evidentemente, é uma questão voluntária, como acontece no mundo todo: o governo não pode e não deve impor. A classificação será feita em oito tipos de hotéis. A gente espera ter a nova classificação implantada até a Copa.
Diante desses atrativos, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o empresariado pode ter segurança para investir no turismo? Ou, como dizem alguns economistas, agora o Brasil tem mais vocação para gás e petróleo porque o boom está aí, com o pré-sal?
Primeiro, o Brasil todo - não só petróleo e gás - vive um bom momento na economia. A Copa e as Olimpíadas vão ser somadas ao grande momento econômico que o Brasil vive. E no turismo também. Pela primeira vez na história, um grande fundo internacional, o Carlyle, que opera mais de US$ 87 bilhões no mundo em empreendimentos imobiliários, investiu na área do turismo no Brasil. Comprou 63% da CVC, um investimento de quase R$ 1 bilhão. O mundo internacional vê no turismo também uma potencialidade importante não só porque o Brasil vive esse grande momento, mas porque melhorou sua infraestrutura ao longo de todos esses anos, melhorou a qualidade de seus produtos e destinos e tem um grande mercado interno, com mais de 20 milhões de brasileiros que estavam fora e que entraram no mercado consumidor. Hoje já temos mais de 6 milhões de trabalhadores que trabalham no turismo. Alguns setores, como petróleo e gás, são mais dinâmicos, mas eu acredito muito no turismo, acho que veio para ficar. Dados dão conta de que teve um aumento das viagens dos turistas brasileiros ao exterior, com uma diferença, entre saída e entrada, relativas ao turismo, de R$ 5,3 bilhões. E o déficit previsto para este ano é de R$ 7 bilhões. Isso é normal porque você tem hoje o dólar abaixo de R$ 2, a renda do brasileiro melhorou. Então é natural que você tenha um gasto mais alto dos turistas brasileiros lá fora, felizmente. Agora, um setor que tem crescido muito é o turismo doméstico. Por isso, a partir de agora até a Copa do Mundo, vamos investir de 25 a 30% a mais todo ano na Embratur, na promoção do Brasil na América Sul para que a gente possa aumentar o fluxo de turistas sul-americanos aqui. E o Brasil tem que pensar sempre no seu mercado interno de 100 milhões de consumidores. Um número que exemplifica isso é o de desembarques domésticos, que bateu recorde no ano passado: 56 milhões, crescimento de 15% em relação a 2008, mesmo sendo 2009 um ano em que a economia não cresceu.
Mas e a previsão do Governo Lula de que em 2007 o País iria receber 9 milhões de turistas estrangeiros?
Esse dado foi feito em 2003. A gente reviu essa meta. E estamos trabalhando para chegar à meta de 8 milhões em 2014. O que a gente conseguiu atingir foi dobrar o volume de recursos que eles deixam aqui. Isso tornou o turismo a quinta pauta de exportação brasileira. Só perde para minério de ferro, petróleo, soja e carne de frango. O ano passado foi o segundo melhor resultado. O primeiro foi em 2008, com R$ 5,8 bilhões. Um dos episódios mais graves foi a perda da Varig, que possuía a maior malha área internacional. Nós só recuperamos agora a malha área da Varig através da TAM e da TAP e de outras companhias. Fora isso, você teve a gripe aviária, a crise econômica do ano passado, a crise das companhias áreas em 2005, enfim, percalços internacionais e locais que impediram. E o Brasil é um país do Hemisfério Sul. Nós estamos a mais de oito horas dos dois maiores emissores do mundo de turismo, que são a Europa e os Estados Unidos. É diferente do México, que está ao lado dos EUA, e recebe 20 milhões de turistas por ano - só que 92% são norte-americanos. É turismo de fronteira, de carro, de ônibus, de bicicleta em meia hora. No nosso caso, a viagem toda é em torno de oito horas. No caso da França e da Espanha, que possuem mais de 60 milhões de turistas por ano, é também o mesmo fenômeno. O grosso, mais de 80%, são europeus. Então, se vale a máxima do México, da França e da Espanha, nós temos que melhorar nossa relação com a América do Sul.
Então que venham os latinos?
Que venham os latinos. Hoje apenas um terço dos turistas que nos visitam são de sul-americanos. Nós temos de dirigir um olhar especial sobre a América Latina. Vou te dar um número: 900 mil chilenos vão à Argentina e apenas 250 mil vêm ao Brasil. Por que a gente não pode aumentar o número de chilenos que vêm aqui? O Chile é uma economia estável, o Peru tem hoje uma grande classe média, por que não pode ultrapassar 100 mil peruanos que nos visitam, por que a gente não pode ter metas mais ousadas? São vizinhos.
Os aeroportos vão estar prontos para a Copa?
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, tem feito um esforço através da Infraero [Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária]. Mas a gente vai ter de fazer isso, até com medidas emergenciais para ter esse quesito resolvido até 2014. Acho temos de pensar na Copa sob o aspecto do que ela vai deixar para sociedade brasileira como legado, não apenas nos 20 dias do evento.