Notícias de Bonito MS
Cento e dezesseis. Este é o número de barragens previstas para a bacia hidrográfica do Alto Paraguai, BAP - justamente onde ficam os rios formadores do Pantanal. Segundo dados da ANEEL/EPE, 29 delas já estão em operação: 7 usinas hidrelétricas (UHEs), 16, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e 6 centrais geradoras de eletricidade (CGHs). Dez PCHs estão em construção, 29, em processo de licenciamento, 30 em estudos de inventários e 17 em estudos de inventário de rios. Além disso, uma UHE passa por estudo de viabilidade no momento. "A principal característica do Pantanal é o pulso de inundação. Temos que nos perguntar o que será desse ecossistema quando todas essas unidades estiverem em funcionamento", questiona Paulo Teixeira de Sousa Júnior, pesquisador sênior do Centro de Pesquisas do Pantanal.
A instituição está mobilizada para mostrar ao Ministério do Meio Ambiente a necessidade de uma avaliação integrada do impacto ambiental do funcionamento de todas essas usinas e centrais no Pantanal. Atualmente, a maior preocupação é com o processo de licenciamento das PCHs, que é feito pelos municípios e avalia os efeitos de cada empreendimento isoladamente. "Esse procedimento precisa mudar, pois mudando rio a rio acaba-se mudando o sistema inteiro. Precisamos de estudos mais profundos sobre o impacto conjunto desses empreendimentos. É imprevisível o que pode acontecer com o Pantanal quando as 116 unidades estiverem funcionando", alerta a pesquisadora associada ao Projeto SINERGIA do CPP, Débora Calheiros da Embrapa Pantanal.
Um bom exemplo da necessidade dessa avaliação conjunta é o Rio Jauru, que tem 1 UHE e 5 PCHs funcionando em um trecho de menos de 35 quilômetros. Um relatório da Universidade Federal de Mato Grosso produzido para o Ministério Público Estadual mostra que a migração de peixes foi afetada em diversos pontos, o que pode comprometer sua reprodução e também sua distribuição no Pantanal. Sem as condições ideais para sua sobrevivência, algumas espécies de peixes tendem a diminuir em número ou em tamanho e até a desaparecer, em especial as espécies de peixes migradores.
Nessa região, o Jauru também deixou de ser um rio de águas rápidas. "Há um trecho de 20 quilômetros em que não existe mais rio. Há apenas lagos", conta Pierre Girard, pesquisador sênior do CPP e um dos autores do relatório. O cientista alerta para a falsa impressão de que as PCHs não mudam as características dos rios. "Existe a idéia de que as PCHs não são perigosas, pois só as barragens com comportas podem regular rios. Mas no Rio Jauru, por exemplo, todas as barragens têm reservatórios. São muros de 10 a 15 metros acima do rio. Ou seja, elas podem modificar a ecologia do rio, sim", explica Pierre.
Débora Calheiros lembra que uma das recomendações da ONU, dentro do programa de metas ecossistêmicas do milênio, é que não se use todos os serviços ambientais de um único ecossistema. "A sociedade pantaneira e o Brasil precisa decidir o que quer para o Pantanal. A simples mudança do regime de secas e cheias no bioma já terá resultados preocupantes", adianta. O principal gatilho para a reprodução dos peixes é justamente a elevação do nível do rio com as primeiras chuvas. Mudanças nesse padrão afetam o ciclo reprodutivo. Além disso, a desova se dá na parte alta do rio. Quando o peixe encontra um obstáculo intransponível e para num lago, seus órgãos reprodutivos são reabsorvidos e ele não se reproduz. "Um sinal claro da queda dos estoques pesqueiros no Rio Cuiabá é que aumentou o número de pessoas que tentam pescar no Parque Nacional do Pantanal. Tivemos até que intensificar o trabalho de fiscalização", revela José Augusto Ferraz, chefe da unidade de conservação. Ele lembra que as aves também são prejudicadas com as mudanças no regime de inundação. "Elas dependem do alagamento para formar os ninhais, pois a água funciona com uma proteção para os ninhos", ressalta.
O objetivo dos pesquisadores é encontrar maneiras de adequar a crescente demanda por energia à necessidade de preservação ambiental. Afinal, o Pantanal também atua na purificação e redistribuição da água para o lençol freático. "A discussão sobre a nossa matriz energética tem que começar já. Temos potencial para apenas mais 15 ou 20 anos. E depois? É preciso pensar também se o custo ecológico da construção de tantas PCHs vale a pena. A ciência precisa de tempo para encontrar estas respostas", lembra Paulo Teixeira de Sousa Júnior.
É preciso levar em conta também as próprias características da Bacia, que é sedimentar. "Isso significa que os rios liberam muitos sedimentos. Quando chegam nos lagos, esses sedimentos param. Isso diminui a vida útil da barragem", diz Pierre Girard.
Além de recomendar o estudo conjunto, o CPP acredita que é necessário preservar pelo menos algumas sub-bacias do Pantanal sem nenhum tipo de barramento, para que possa ser feita uma avaliação comparativa. É uma demanda urgente, no quadro atual, essa medida seria possível apenas em Mato Grosso do Sul. Em Mato Grosso, já há usinas previstas ou em funcionamento em todos os rios. "Nós estamos pleiteando desde 2008 que a EPE, Empresa Brasileira de Pesquisa Energética, coloque a avaliação ambiental integrada (AAI) de todos os empreendimentos previstos na Bacia do Alto Paraguai como prioridade. Mas temos que lembrar que este é um instrumento do setor energético. É preciso que os órgãos ambientais também se envolvam ativamente. Se o objetivo de todos é a busca do desenvolvimento sustentável não podemos chegar a ele sem um estudo completo, que considere a Bacia do Alto Paraguai como um todo", finaliza Débora Calheiros.
O Globo Rural apresenta uma série de reportagens mostrando agricultores que apostaram no turismo rural. Nesta semana, a viagem é pelo Pantanal de Mato Grosso do Sul, onde a fauna nativa é o principal atrativo para os visitantes.
A 230 quilômetros de Campo Grande, em Miranda, fica a fazenda São Francisco, na região chamada portal do Pantanal. A estrada é de fácil acesso e quem chega tem uma recepção festiva. São os periquitos da cabeça preta, pássaro conhecido como príncipe negro.
A fazenda de quase 15 mil hectares produz arroz irrigado e tem criação de gado de corte. Parte da área é destinado ao turismo rural.
No começo do passeio, apreensão. Pegadas frescas são sinais de que uma onça esteve pelo caminho. É uma das 15 que vivem por perto. Para diminuir os ataques ao gado, o produtor estudou o comportamento dos felinos, mudou o manejo e introduziu 100 búfalos na criação.
"Quando um dos animais do rebanho é atacado por um felino, os búfalos têm um comportamento defensivo. Eles partem para cima do felino e enxotam esse felino", explicou o criador Roberto Coelho
O seu Roberto decidiu abrir as porteiras para os visitantes há 12 anos. Hoje, a atividade já compõe 30% da renda. Uma diária com todos os passeios custa R$ 350. O dinheiro chega com turistas como estes do nordeste que vão logo fazer a pesca da piranha.
"Na Bahia, no sertão, a gente vê isto e fica deslumbrado", disse o funcionário público Hélio de Oliveira.
Na hora de seguir viagem, o jacaré aparece para se despedir. O pessoal aproveita para oferecer um petisco.
Mas boa mesmo devia estar a refeição do maguari e do martim pescador verde. Só na fazenda já foram catalogadas mais de 300 espécies de aves pantaneiras.
As ariranhas rapidamente dão uma espiadinha. Da chalana para as caminhonetes no safári fotográfico. A guia, filha do dono da propriedade, se formou em turismo e orienta o grupo. Os turistas se encantam com os cervos do Pantanal, o tamanduá e as capivaras.
A busca pelos animais continua a noite. Silêncio total para não espantar os bichos. O lobo guará, ameaçado de extinção, passeia pela estrada. Pára, dá uma olhada, mas nem se incomoda.
Amanhece e o grupo viaja mais 30 quilômetros e chega à Fazenda Cacimba de Pedra, em Aquidauana. A primeira atração fica por conta do cateto e dos pássaros. Eles vão se alimentar pela manhã. O tucano quer espaço, papagaios, gralha pantaneira, galo da campina e pica-pau.
O criador Gerson Zahdi recebe aves que estavam em recuperação no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, autorizado pelo Ibama.
"Quando chega a estação da reprodução bandos, no caso dos pássaros passam e dão sinais de vocalização de que é época de reprodução. Então, a grande maioria esmagadora já acompanha esses bandos e vão para a selva, vão para a floresta", explicou seu Gerson.
Na fazenda, seu Gerson cria gado de corte e também jacarés em cativeiro. Vinte e cinco por cento do faturamento é obtido com a venda da carne e do couro de jacaré. Nos berçários, ainda com 20 dias, difícil quem resista a pegar o filhote.
"É muito emocionante. Eu, como bióloga, estou adorando", disse a bióloga Manoela dos Reis.
Caminhando ou a cavalo, os turistas vão para outro ponto da propriedade. No lago, os turistas têm a oportunidade de ver os jacarés no ambiente natural. Há 100 fêmeas e 30 machos que estão em fase de preparação para a reprodução que começa no final de agosto. Os turistas aproveitam para alimentar os animais com carne bovina.
Cada visitante paga R$ 229 por uma diária. A procura está crescendo e 25% do faturamento da fazenda já é com o turismo. No pacote tem o almoço. A esposa de seu Gerson, a dona Rosaura, foi quem ajudou no preparo da comida. E, claro, não poderia faltar a carne de jacaré criado no cativeiro da fazenda.
Para alegrar o almoço, o peão, seu Jorge, deixa o trabalho de lado, pega a sanfona e faz o que mais gosta: tocar o instrumento.
A cantora revelação do ano de 2009, Maria Gadú, pode ser uma das atrações do 11° Festival de Inverno de Bonito, que acontece de 28 de julho a 1° de agosto na cidade localizada a 257 quilômetros de Campo Grande.
No site oficial da cantora, a data do dia 31 de julho está reservada para a cidade de Bonito. Maria Gadú ficou conhecida com a música "Shimbalaiê", tema da novela Viver a Vida, e "A História de Lily Braun", da trilha da minissérie Cinquentinha, ambas da Rede Globo.
Tradicionalmente, o show de sábado do festival de inverno é o que atrai maior público, com possibilidade do artista se apresentar no domingo, em Campo Grande, dentro do projeto MS Canta Brasil.
A relação de atrações deve ser divulgada mais próxima das datas do festival. No ano passado, Vanessa da Mata, Elba Ramalho, Seu Jorge e Caetano Veloso foram as grandes atrações do Festival de Inverno.
O deputado federal Waldemir Moka (PMDB) defendeu ontem (29), durante reunião da Comissão Especial que analisa o Código Florestal Brasileiro, que as normas de preservação e exploração econômica do Pantanal sejam discutidas e aprovadas pelas Assembleias Legislativas de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
De acordo com Moka, essa possibilidade está prevista no relatório do deputado Aldo Rebelo (PcdoB-SP). "As discussões sobre biomas específicos devem ser feitas por aqueles que vivem o dia a dia dos problemas, que conhecem as peculiaridades da região", defendeu.
O sul-mato-grossense disse que o parecer de Aldo Rebelo é isento e atende aos dois segmentos envolvidos nas discussões - agricultor e ambientalista. "É um relatório feito por um homem que não tem qualquer ligação com ambientalistas ou produtores rurais. O deputado Aldo é imparcial e fez um excelente relatório", destacou.
Moka lembrou que o Pantanal é um dos biomas mais bem preservados do mundo por causa da harmonia entre o pantaneiro, a fauna e a flora da região. "Ninguém tem mais interesse em preservar o Pantanal do que o homem que ali vive. É uma maldade dizer que esses povos estão querendo destruir a região", observou.
O deputado disse que é possível conciliar os interesses de preservação e de exploração das áreas, sem posicionamentos radicais de ambos os lados. "Ninguém está defendendo a derrubada de uma árvore sequer. Não queremos isso. Queremos apenas que possamos continuar produzindo e, ao mesmo tempo, manter intacto o meio ambiente", afirmou.
"Sou médico e professor. Nunca tive um hectare de terra sequer. Defendo a agropecuária porque é a base de sustentação da nossa economia. Mas também quero preservar cada hectare das nossas principais riquezas, o Pantanal e o Cerrado. E isso é possível com diálogo franco e respeitoso".
Policiais Militares Ambientais de Bonito, em fiscalização na Estrada São Geraldo, em Bonito, prenderam na noite de sábado, às 23h, Nilson Tonico Barsil e Oelio Corrêa dos Santos, residentes em Bonito. Eles foram abordados em um veículo motocicleta, quando vinham de uma caçada, em que tinham abatido um animal da espécie "jacaré". Não foi encontrada nenhuma arma com os elementos. Foram apreendidos 4,5 kg de carne de jacaré.
Os policiais ambientais efetuaram autos de infrações administrativos, arbitrando multa de R$ 500,00 contra cada um dos autuados.
Ambos os caçadores foram também conduzidos à delegacia de Polícia Civil Bonito, para que eles pudessem responder pelo crime ambiental de caça. Eles poderão pegar pena de 06 meses a 1 ano de detenção.
País tem mais de 9 mil cavernas catalogadas (175 abertas aos turistas). Ou seja, há opções de sobra para deslumbrar iniciantes e experts.
Todo um mundo se esconde na mais absoluta escuridão. Fracamente iluminados por lanternas ansiosas, estalactites, estalagmites, cachoeiras e rios subterrâneos exibem sua beleza no interior das cavernas. Arquitetura natural que levou séculos e séculos para se formar e que, oculta sob a terra, desperta encantamento e, não raro, um pouco de medo.
Junto com a curiosidade de desvendar o universo subterrâneo vem o receio, principalmente de quem nunca participou de um passeio assim. Iniciantes podem ficar tranquilos. Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), o Brasil tem mais de 9 mil delas catalogadas. Das quais 175 estão abertas à visitação, com opções para estreantes e experts.
O ideal é ter suas primeiras aventuras como explorador de cavernas nas mais fáceis, que costumam ter estruturas de apoio, como escadas e corrimãos. As Cavernas do Diabo, nos limites do Petar, e da Pratinha, na Chapada Diamantina, são assim, ótimas para famílias e aventureiros inexperientes. Só depois siga para aquelas que exigem preparo físico (e sangue frio) para rastejar por galerias estreitas e vencer trechos a nado.
Outra dica para quem está começando e, dependendo do destino, também para os mais experientes é sempre procurar um guia local. "O monitor pode explicar as formações geológicas. Além disso, algumas cavernas são formadas por galerias, como um labirinto, e o visitante pode se perder", diz Luiz Afonso Vaz de Figueiredo, presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE). Outra precaução: leve duas lanternas, uma delas, presa à cabeça.
Espelhos d"água. A região de Bonito, na Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, reúne cavernas com lagos azulados perfeitos para o mergulho. Os esparsos raios de sol que entram pelas frestas nas pedras formam um caleidoscópio de tons turquesas nas águas da Gruta do Lago Azul. Para chegar até lá, uma trilha de 300 metros pela mata e uma descida de 290 degraus por uma escada até a base da caverna.
Na Gruta da Lagoa Misteriosa, é possível mergulhar entre cortinas de estalactites que pendem do alto e avançam para dentro d"água e grandes formações de calcário em forma de cone que chegam a 10 metros. Lambaris vivem entre rochas e brilham como feixes de luz. O nome não foi escolhido à toa: ninguém chegou ao fundo da lagoa, que tem mais de 200 metros de profundidade.
Se quiser ainda mais adrenalina, prepare-se para o Abismo Anhumas. Você terá de descer de rapel por 72 metros até chegar ao espelho d"água lá embaixo, do tamanho de um campo de futebol.
Oásis no sertão. A Gruta da Pratinha, na Chapada Diamantina, é um verdadeiro oásis no sertão baiano. A água cristalina tem fundo formado por búzios, comprovando que o local já foi mar, há milhões de anos.
Para chegar até a Gruta do Lapão, feita de quartzo, é preciso atravessar um riacho. A entrada da caverna fica em um rio que forma quedas d"água. Na entrada da gruta, com 60 metros de altura, os mais corajosos podem se arriscar em um rapel.
Seca, a Caverna da Torrinha fascina pelas inscrições rupestres nas rochas. E pelas formações geológicas: as raríssimas flores de aragonita são cristais com um arranjo que lembra uma flor.
Até o pescoço. Na caverna Alambari de Baixo, no Parque Estadual Alto Ribeira (Petar), no Estado de São Paulo, é necessário atravessar rios subterrâneos com água (geladíssima) até o pescoço. Já a Água Suja (foto maior), ao contrário do que diz o nome, tem um rio limpíssimo pelo qual o visitante caminha por 800 metros para chegar a uma bela cachoeira.
Em busca de um passeio tranquilo, siga para a Caverna do Diabo, perfeita para dar os primeiros passos: conta com boa iluminação e passarelas. Além de lindas estalactites e estalagmites.
Termina hoje a Feira Regional de Economia Solidária de Bonito que reúne representantes de 12 municípios que vieram de pelo menos seis regiões do país: Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro, além de diversas cidades de Mato Grosso do Sul.
A organização estima que de três a quatro mil visitantes passem pela feira até seu encerramento que acontece hoje pela noite. O evento conta com 30 estandes de comercialização composto por agricultores familiares, indígenas, quilombolas que produzem sob os ideais da economia solidária (cooperativismo, comércio justo, etc.)
Esta é a quinta feira realizada dentro do Projeto Nacional de Economia Solidária, sendo que quatro aconteceram no âmbito regional e uma no estadual. Autoridade no tema estiveram presentes no evento como Celso Arruda (superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário MS), Fabiola Zerbini (representes do Faces do Brasil SP), Shirlei Silva (coordenadora do projeto nacional de comercialização solidária), Gesiel Moreira (Secretário de Produção de Bonito) e Noemia Nogueira (coordenadora do projeto Pé da Serra - assentamento Santa Lúcia de bonito).
O foco dessa feira é a Comercialização Solidária, em busca de fortalecer a comercialização e dar visibilidade a tudo ao movimento que está acontecendo na região centro-oeste com relação à economia solidária.