quarta, 30 de junho de 2010
Mônica Cardoso - O Estado de S.Paulo
País tem mais de 9 mil cavernas catalogadas (175 abertas aos turistas). Ou seja, há opções de sobra para deslumbrar iniciantes e experts.
Todo um mundo se esconde na mais absoluta escuridão. Fracamente iluminados por lanternas ansiosas, estalactites, estalagmites, cachoeiras e rios subterrâneos exibem sua beleza no interior das cavernas. Arquitetura natural que levou séculos e séculos para se formar e que, oculta sob a terra, desperta encantamento e, não raro, um pouco de medo.
Junto com a curiosidade de desvendar o universo subterrâneo vem o receio, principalmente de quem nunca participou de um passeio assim. Iniciantes podem ficar tranquilos. Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), o Brasil tem mais de 9 mil delas catalogadas. Das quais 175 estão abertas à visitação, com opções para estreantes e experts.
O ideal é ter suas primeiras aventuras como explorador de cavernas nas mais fáceis, que costumam ter estruturas de apoio, como escadas e corrimãos. As Cavernas do Diabo, nos limites do Petar, e da Pratinha, na Chapada Diamantina, são assim, ótimas para famílias e aventureiros inexperientes. Só depois siga para aquelas que exigem preparo físico (e sangue frio) para rastejar por galerias estreitas e vencer trechos a nado.
Outra dica para quem está começando e, dependendo do destino, também para os mais experientes é sempre procurar um guia local. "O monitor pode explicar as formações geológicas. Além disso, algumas cavernas são formadas por galerias, como um labirinto, e o visitante pode se perder", diz Luiz Afonso Vaz de Figueiredo, presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE). Outra precaução: leve duas lanternas, uma delas, presa à cabeça.
Espelhos d"água. A região de Bonito, na Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, reúne cavernas com lagos azulados perfeitos para o mergulho. Os esparsos raios de sol que entram pelas frestas nas pedras formam um caleidoscópio de tons turquesas nas águas da Gruta do Lago Azul. Para chegar até lá, uma trilha de 300 metros pela mata e uma descida de 290 degraus por uma escada até a base da caverna.
Na Gruta da Lagoa Misteriosa, é possível mergulhar entre cortinas de estalactites que pendem do alto e avançam para dentro d"água e grandes formações de calcário em forma de cone que chegam a 10 metros. Lambaris vivem entre rochas e brilham como feixes de luz. O nome não foi escolhido à toa: ninguém chegou ao fundo da lagoa, que tem mais de 200 metros de profundidade.
Se quiser ainda mais adrenalina, prepare-se para o Abismo Anhumas. Você terá de descer de rapel por 72 metros até chegar ao espelho d"água lá embaixo, do tamanho de um campo de futebol.
Oásis no sertão. A Gruta da Pratinha, na Chapada Diamantina, é um verdadeiro oásis no sertão baiano. A água cristalina tem fundo formado por búzios, comprovando que o local já foi mar, há milhões de anos.
Para chegar até a Gruta do Lapão, feita de quartzo, é preciso atravessar um riacho. A entrada da caverna fica em um rio que forma quedas d"água. Na entrada da gruta, com 60 metros de altura, os mais corajosos podem se arriscar em um rapel.
Seca, a Caverna da Torrinha fascina pelas inscrições rupestres nas rochas. E pelas formações geológicas: as raríssimas flores de aragonita são cristais com um arranjo que lembra uma flor.
Até o pescoço. Na caverna Alambari de Baixo, no Parque Estadual Alto Ribeira (Petar), no Estado de São Paulo, é necessário atravessar rios subterrâneos com água (geladíssima) até o pescoço. Já a Água Suja (foto maior), ao contrário do que diz o nome, tem um rio limpíssimo pelo qual o visitante caminha por 800 metros para chegar a uma bela cachoeira.
Em busca de um passeio tranquilo, siga para a Caverna do Diabo, perfeita para dar os primeiros passos: conta com boa iluminação e passarelas. Além de lindas estalactites e estalagmites.