Notícias de Bonito MS
Desde ontem Bonito (MS) está sediando a 9º edição do Festival da Guavira. Para incrementar ainda mais as receitas provenientes da fruta do cerrado, diversos estabelecimentos da cidades vão oferecer aos participantes novidades. Uma delas é o Drink de Guavira, receita fornecida por Sylvio, do Marruá Hotel.
Confira:
- Bater um pouco a polpa da guavira no liquidificador até ficar com a consistência de um creme;
- Colocar num copo de dose com a colher;
- Colocar um toque de cachaça especial, comum ou Taboa, conforme for conveniente;
-Decorar com uma folhinha de hortelã ou manga, laranja, limão.
Fruta típica do cerrado, a Guavira é adocicada, nasce em uma planta arbustiva da família das Mirtáceas, a mesma da goiaba, da jaboticaba e da pitanga, e que brota naturalmente nos campos e pastagens.
O 9º Festival da Guavira de Bonito está sendo realizado na Praça da Liberdade (central) pela Prefeitura Municipal da cidade, através da Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio, Departamento de Cultura da FUNCEB (Fundação de Cultura e Esportes de Bonito) e Secretaria Municipal de Ação Social (SAS).
Para o jornalista alemão Peer Vorderwülbecke, da ARD, rádio e televisão pública da Alemanha, os torcedores europeus que vierem até o Brasil para acompanhar os jogos da Copa do Mundo de 2014 devem dar uma “esticada” até Bonito.
Já há um mês no País realizando uma série de reportagens sobre as cidades-sede da Copa, o jornalista, por sugestão da Embratur, através do apoio da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, optou por sair do roteiro das cidades-sede para conhecer Bonito e Campo Grande.
“Valeu a pena”, disse Peer para a diretora-presidente da Fundtur, Nilde Brun, que concedeu uma entrevista hoje (23) para o jornalista. Segundo ele, o turismo de Bonito impressiona pela estrutura e segurança e vai agradar o turista do seu continente. “O europeu gosta muito de esportes outdoor (praticados ao ar livre) e Bonito é repleto desses atrativos, com a vantagem de apresentar equipamentos de segurança de qualidade”.
Além da proteção nos passeios, Vorderwülbecke destacou a conscientização ecológica na região. “Além da natureza em Bonito ser linda é de se admirar o cuidado que se tem com a preservação, não vemos lixo, nos passeios nem nas ruas, existe um envolvimento geral”.
Nilde Brun explicou que em Bonito existe uma soma de esforços entre poder público, privado, entidades ligadas ao turismo e comunidade local. “É um modelo de gestão que envolve todos os elos da cadeia, com profissionalismo, e o resultado é a qualidade e estrutura de Bonito que carrega o título, pelo nono ano consecutivo, de melhor destino de ecoturismo do Brasil”, ressaltou Nilde Brun.
O jornalista Peer Vorderwülbecke segue ainda hoje para Porto Alegre para dar continuidade às reportagens que irá produzir nos próximos seis meses sobre as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.
Todos os atrativos turísticos de Bonito (MS) têm sua capacidade de suporte de visitantes definida no momento do licenciamento ambiental. Com essa informação, as visitas são controladas e não há possibilidade de excessos. A medida é uma das fórmulas de sucesso da gestão do turismo na cidade, que tem cerca de 17 mil habitantes e recebe por ano 170 mil turistas.
A informação foi passada pelo presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo), Cícero Ramos Peralta, ao público que acompanhou a mesa redonda "Atividades Econômicas no Pantanal: desafios e alternativas", realizada na quarta-feira (10) à tarde no 5º Simpan (Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal).
Cícero mostrou como o turismo foi organizado e como influencia o desenvolvimento sustentável do município.Em Bonito, toda a organização turística tem uma consciência coletiva. Foi implantado - e recentemente premiado - o voucher único, um sistema de controle de acesso a todos os pontos turísticos. O sistema informatizado permite que, após o lançamento do passeio escolhido pelo visitante, a informação seja repassada imediatamente para a tributação.
São 30 atrativos turísticos, com capacidades de suporte diferentes. Apenas dois ficam em áreas públicas: o Balneário Municipal e a Gruta do Lago Azul. Esta última recebe no máximo 305 pessoas por dia, em pequenos grupos. "O sistema não permite levar 306. Ele bloqueia após a capacidade máxima ter sido atingida", explicou Cícero.
Esse limite garante não só a conservação ambiental , mas também a qualidade no atendimento. "Há empresários que sabem que se atenderem mais turistas, não será com a mesma dedicação."
Outro cuidado que o gestores tiveram ao organizar o turismo foi uma "reserva de mercado" para a população local. O balneário municipal, que tem capacidade de receber até mil pessoas por dia, reserva 800 vagas para moradores da cidade. Aos domingos, o atrativo é de uso exclusivo dos bonitenses.
Cícero contou que a cidade recebeu um investimento de R$ 10 milhões da Petrobras para implantar o sistema de tratamento de esgoto. Hoje 100% do esgoto de Bonito é tratado, com uma eficiência média de 97%. Toda a água da cidade é igualmente tratada.
Como resultado de toda a organização da atividade, Bonito é considerada a cidade menos violenta de Mato Grosso do Sul. "O turismo gera emprego e renda, o que faz cair a criminalidade." Segundo o palestrante, não se vê crianças abandonadas e mendigos pelas ruas.
De 2002 a 2010, Bonito foi eleito o melhor destino de ecoturismo do Brasil pela revista Viagem e Turismo, da editora Abril. A cidade tem 72 hotéis e pousadas, com 4.534 leitos, 44 agências e 80 guias de turismo atuantes.
A exploração do turismo em Bonito é recente e começou na década de 1990, depois que um programa Globo Repórter, da TV Globo, divulgou para o país todo as belezas naturais daquela região. Os primeiros guias foram formados em 1993 e dois anos depois foi criado o conselho e o voucher único.
Este conselho de turismo tem 13 membros e é consultivo. Sua finalidade é fomentar e normatizar a atividade turística no município. Cícero se colocou à disposição de quaisquer municípios que tenham interesse em conhecer o modelo de gestão.
O Simpan é uma realização da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ICS do Brasil (Instituto de Comunicação Social) e da UFMS. Tem correalização da Prefeitura Municipal de Corumbá e patrocínio da Petrobras. Apóiam a iniciativa o Centro de Tecnologia Mineral, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Ciência e Tecnologia, Prefeitura Municipal de Ladário, Universidade Uniderp, Hotel Gold Fish, Seher Turismo, Centro de Convenções do Pantanal de Corumbá "Miguel Gomez" e Universidad Pública René Moreno do Governo Departamental de Santa Cruz/Bolívia.
As inscrições para a seleção pública 2010 do Programa Petrobras Ambiental foram prorrogadas até o dia 30 de agosto, às 23h59 (horário de Brasília). Nesta edição, a Companhia vai investir R$ 78 milhões em projetos ambientais de todo o país, relacionados ao tema Água e Clima. Quem ainda tem dúvidas sobre a seleção, pode procurar o atendimento on line, de 9h às 21h, que funcionará até o último dia de inscrições no site www.petrobras.com.br/ppa2010.
Serão aceitas inscrições de projetos sob a responsabilidade de pessoas jurídicas sem fins lucrativos, com atuação no Terceiro Setor, como associações, fundações, ONGs, Oscips e demais organizações sociais. Podem ser inscritos projetos que solicitem patrocínio no valor de até R$ 3,6 milhões e que sejam executados entre 18 e 24 meses.
Os projetos devem ter como foco principal a gestão de corpos hídricos superficiais e suberrâneos; a recuperação ou conservação de espécies e ambientes costeiros, marinhos e de água doce; e a fixação de carbono e emissões evitadas. Todas as iniciativas devem promover educação ambiental, visando o consumo consciente, a eficiência energética e a conservação de recursos naturais.
No período de 10 de maio a 29 de julho, a Petrobras colocou sua equipe de Programas Ambientais na estrada. Em pouco mais de dois meses, a Companhia realizou 29 caravanas ambientais em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Com entrada gratuita, as Caravanas são oficinas presenciais para capacitar os interessados na elaboração de projetos e tirar dúvidas sobre a seleção pública do Programa Petrobras Ambiental. Ao todo, mais 1200 pessoas foram capacitadas.
A seleção pública, que acontece a cada dois anos, faz parte de uma das ações estratégicas do Programa Petrobras Ambiental, que incluem ainda fortalecimento das organizações ambientais e suas redes e disseminação de informações sobre o desenvolvimento sustentável.
Desde que foi criado, em 2003, o Petrobras Ambiental já patrocinou centenas de projetos, tendo alcançado dezenas de bacias e ecossistemas em cinco biomas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pantanal. Suas ações já envolveram diretamente 3,6 milhões de pessoas, além de mais de 820 parcerias, 240 publicações, 4.354 cursos e palestras e o estudo de mais de cinco mil espécies nativas.
A divulgação dos projetos selecionados nesta edição está prevista para novembro de 2010, no site do Programa www.petrobras.com.br/ppa2010.
O brasileiro deve viajar mais no próximo verão. Segundo previsões do ministro do Turismo, Luiz Barretto, o aumento no número de desembarques domésticos deve ficar em 25%, em relação ao mesmo período do ano passado.
Na comparação com 2008, considerado um dos melhores da história para o setor, a alta deve ser de aproximadamente 10%.
"Temos um mercado consumidor de quase 100 milhões de brasileiros, muitos ainda sem o hábito da viagem. O desafio é que o trade turístico - a hotelaria, as companhias aéreas, o setor de bares e restaurantes - tenha para essa nova classe média", disse Barretto, conforme publicado pela Agência Brasil.
América do Sul
O ministro disse ainda que aposta no interesse dos vizinhos sul-americanos em visitar o Brasil para ultrapassar a barreira de cinco milhões de turistas estrangeiros até 2014.
"Hoje você tem uma massa crítica na América do Sul que sustenta a possibilidade de aumentar o fluxo e a Copa é um grande ingrediente nisso. Nossa meta é chegar lá com oito milhões de turistas estrangeiros".
Revisitamos a polêmica via, hoje estrada-parque, para ver como ela sobrevive.
O plano era atravessar o Pantanal de norte a sul, mas a rodovia parou no meio, devido ao excesso de custos, pontes e críticas. Isso foi em 1970. Revisitamos a polêmica via, hoje convertida em estrada-parque, para ver como ela sobrevive...
A idéia de ligar Poconé, no Mato Grosso, a Corumbá, no Mato Grosso do Sul, era facilitar o transporte e venda do gado, na melhor fase da pecuária na região. A construção começa com os anos 1970 e um projeto de 340 quilômetros. Mas apenas a parte norte, no estado do Mato Grosso, sai do papel, ligando Poconé a Porto Jofre, às margens do Rio Cuiabá.
A Transpantaneira pára na divisa estadual, com uma extensão final de 145,5 km, toda de terra. No percurso, há 122 pontes, a maioria de madeira. O plano de terminar a Transpantaneira nunca foi abandonado e, volta e meia, a construção da outra parte da estrada volta a ser discutida. Mas a idéia encontra muitos obstáculos, assim como a proposta de asfaltamento do trecho já construído. No centro das discussões está a necessidade de proteger a fauna, cuja diversidade é justamente o que nos atrai.
Para quem percorre a Transpantaneira no auge da seca, como nós, o fluxo das águas parece correr normalmente por debaixo delas. Mas não há como negar que a estrada funciona como uma barragem para as águas rasas e espraiadas, que antes fluíam livres: mesmo com uma ponte praticamente a cada quilômetro, em diversos pontos formam-se lagoas ao lado da rodovia.
Nossa jornada leva 7 dias. As boas vindas, em Poconé, ficam por conta de um céu azul sem nuvens e um calor de 330C. A cidade, de 30 mil habitantes, já foi maior, no auge dos garimpos de ouro, nos anos 1980. Poconé agora é mais conhecida como o início da MT 060 ou a Rodovia Transpantaneira, parada obrigatória para quem vem ao Pantanal Norte como ecoturista, pescador ou observador.
Os primeiros 16 km ainda não fazem parte da planície do Pantanal e não são afetados pelas águas e, por isso, a quantidade de animais avistados ainda é mínima. Porém algumas aves típicas da região fazem as honras da 'casa': tapicuru (Phimosus infuscatus), socó-boi-ferrugem (Tigrisoma lineatum), garça-baguari (Ardea cocoi) e uns jacarésdo- pantanal (Caiman crocodilus yacare) surgem em barreiros de água para o gado, nas fazendas. Esse trecho inicial será asfaltado e a obra já está em andamento.
Um portal - "Aqui começa o Pantanal Mato-Grossense" - e um posto da Polícia Ambiental marcam o km 17. A partir dali a Transpantaneira se torna Estrada- Parque, e logo avistamos uma grande diversidade de espécies, principalmente aquelas ligadas aos ambientes aquáticos.
Topamos com tuiuiús (Jabiru mycteria), ave símbolo do Pantanal; colhereiros (Platalea ajaja), com seu bico em formato de colher; biguás (Phalacrocorax olivaceus); um martim-pescador-grande (Ceryle torquata) pousado na fiação elétrica, e três gaviões: o caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) com seu bico muito curvo, especializado em comer caramujos; o belo (Busarellus nigricollis), que faz justiça ao próprio nome, e o imponente gavião-preto (Buteogallus urubitinga), um dos maiores naquelas paragens.
Mas o que mais impressiona é mesmo a enorme quantidade de jacarés, em ambas as margens da estrada. São centenas, amontoados, lutando pelo melhor lugar para o banho de sol, necessário para manter a temperatura corporal. Seguimos, atravessando as primeiras pontes de madeira, em bom estado de conservação. Notamos algumas placas educativas e ecológicas, alertando, sobretudo, para a travessia de animais, cujo índice de atropelamento é bem alto, com jacarés, cachorros-do-mato, capivaras, jaguatiricas, tamanduás e tatus entre os mais atingidos.
De acordo com Dalci Oliveira, da Biologia e Zoologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), "existe um projeto de demarcação das áreas com maiores índices de atropelamentos para instalação de telas de proteção e passagens para os animais, entretanto, até agora, não foi posto em prática. No meu entender, haveria melhora com a limitação da velocidade, na rodovia, a um máximo de 50 a 60 km por hora". O asfaltamento na estrada-parque, ao contrário, aumentaria a velocidade e o risco para os animais: "a 50 km/h as chances de atropelamento são próximas de zero. A 120 km/h os riscos serão de 80%", alerta.
Seguimos. E a fauna continua se mostrando.
Em uma dessas pontes, com água represada, avistamos a garça-azul (Florida caerulea) espécie mais rara no Pantanal, com a plumagem totalmente azul escuro parecendo cinza-chumbo de longe. Na mesma lagoa também havia uma saracura-três-potes (Aramides cajanea), um casal e um filhotão de jaçanã (Jacana jacana). O casal adulto com sua plumagem característica nas cores castanho-avermelhado e negro, e o filhotão com a plumagem marrom clara nas asas e dorso e branca no ventre. Quando a ave adulta alça vôo, mostra o interior das asas, um lindo leque amarelo que não se vê quando a ave está de asas fechadas.
Aparece um animal morto por atropelamento: um jacaré. Notamos que a seca desse ano é bem forte, pois há muitos pontos abaixo das pontes já sem mais nenhum pingo d'água. Nosso guia, André Luiz Cumpri, relata que a vazante foi mais rápida que nos anos anteriores. Duas aves de campos e cerrados aparecem mais adiante: o gavião-caboclo (Heterospizias meridionalis) e o tucanuçu (Ramphastos toco).
Ao transitar pela Transpantaneira, logo se vê como foi construída: um grande aterro, quase sempre em linha reta, feito com terra tirada de caixas de empréstimo, deixando depressões nas laterais da rodovia. Na época das chuvas, as depressões se enchem de água, formando lagoas, sinônimo de abrigo e alimento para a mais variada fauna, principalmente peixes, caramujos, caranguejos, aves e jacarés. Antes de chegarmos ao km 33, ainda avistamos o maçarico-pernalonga (Himantopus himantopus) e o trinta-réis-pequeno (Sterna superciliaris).
Saímos para a direita, num aterro de 7 km até a fazenda Pouso Alegre, para passar a noite. Um grande bando de capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris) aparece e ainda avistamos um araçari-castanho (Pteroglossus castanotis), da mesma família dos tucanos, mas de porte bem menor.
O final de tarde ainda permitiu uma pequena caminhada numa cordilheira, como são chamados os capões de mata que, mesmo nas cheias, nunca são invadidos pelas águas. Aí vimos o joão-pinto (Icterus icterus croconotus) com sua espetacular plumagem cor de laranja com preto. Uma família de bugios (Alouatta caraya) e uma cutia (Dasyprocta sp.) passam por nós e conseguimos encontrar a ave que dá nome à trilha, o urutau (Nyctibius griseus), pousado imóvel num galho, como se fosse mais um dos ramos da árvore.
Quando o sol se põe surgem as araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus), e se ajeitam para pernoitar nas árvores. O dia acabou, mas o desfile da fauna, não. Saímos para uma focagem noturna e avistamos um veado-mateiro (Mazama americana), capivaras e um casal de cachorros-do-mato (Dusicyon thous), chamados no Pantanal de lobetes. Um deles chega bem perto. Estranhei que viesse em minha direção, então descobri que caçava um pequeno roedor. Assim que capturou a presa, deu meia volta e se afastou rapidamente.
Mas a melhor parte da focagem viria em seguida: ao ser iluminada, uma das pequenas lagoas revelou o maior mamífero terrestre brasileiro, a anta (Tapirus terrestris). Arisca, tão logo percebeu nossa presença, ela tratou de se refugiar na vegetação mais alta.
Ao amanhecer, nada menos que 17 espécies de aves se mostram, entre pássaros multicoloridos, pombas e as típicas curicacas e cabeças-secas. Para voltar à Transpantaneira precisamos empurrar o veículo, sem bateria, consumida na focagem da noite anterior. Seguimos até o km 38 para um passeio a remo pelo Rio Clarinho. Em toda a extensão da rodovia existem diversos rios - Bento Gomes, Claro, Clarinho, Pixaim, Cassange - que na seca não correm para lugar nenhum e podem ser considerados corixos.
Colocamos a canoa canadense no Clarinho e remamos pelas águas calmas, 10 km, ida e volta. Somos recebidos por patos-do-mato (Cairina moschata); biguatingas (Anhinga anhinga); arapapás (Cochlearius cochlearius), espécie de garça de hábitos noturnos com um estranho bico achatado; soldadinhos (Antilophia galeata) e um mutum-pinima macho (Crax fasciolata), diferente da fêmea por ter o ventre branco, o bico amarelo e a plumagem preta, enquanto ela tem ventre cor de canela e plumagem riscada de branco sobre preto.
Uma família de ariranhas (Pteronura brasiliensis) vem em nossa direção. Eram cinco animais, mergulhando e aparecendo. Passaram por nós sem interromper a procura de peixes, seu principal alimento.
A próxima parada é a Torre do Bugio, a mais alta torre de observação da Transpantaneira, com 21 metros, localizada no km 32. Caminhamos quase uma hora - 2 km - numa passarela de madeira, acessível mesmo na cheia. Um grande bando de macacos- prego se aproxima, fazendo poses para fotos, depois continua em busca de alimento, verificando cada folha à nossa volta. Um deles sobe num acuri e luta para arrancar os coquinhos. Come apenas a parte externa do fruto, mais macia, e joga a dura castanha no chão.
Na torre, uma família de bugios parecia nos esperar. Logo que nos vêem, chegam perto sem medo. Colocamos água na tampa do cantil e eles não hesitam em beber. "Uma das polêmicas trazidas com o turismo no Pantanal é a alimentação de animais silvestres", observaria, mais tarde, Dalci Oliveira, da UFMT. "Isso muda seu comportamento natural, então o ideal é só observar e não participar da vida deles".
Lição aprendida, a próxima parada é no km 65, fazenda Santa Tereza, onde temos um barco a motor pronto para percorrer o Rio Pixaim. Vemos um grupo de ipequis ou cachorrinhos-dorio (Heliornis fulica) que, apesar do nome popular, são pequenas aves, parecidas com marrequinhas. Nadam e mergulham muito bem e vivem sempre ao longo de rios ou corixos, com vegetação marginal densa.
Odair Francisco Mendes, 23 anos, natural de Poconé, credita à Transpantaneira o aumento no número de empregos na região relacionados ao ecoturismo. Diz que muitas fazendas mantêm o gado, mas se adaptaram para receber turistas e "com isso o pessoal de Poconé passou a vir trabalhar na região da rodovia, como guia ou nas pousadas", incluindo-se nesse 'pessoal'. A fazenda Santa Tereza é um exemplo: ali se cria gado há 100 anos e a pousada tem oito anos.
Dia seguinte, ao passarmos por uma espécie de valo, tomado por plantas aquáticas, notamos algo se mexendo. Lá estava uma cobra com cerca de 2 metros, de coloração amarelada com faixas pretas. No início só podíamos ver a cabeça, o restante do corpo estava submerso. Devagar ela sai de dentro d'água para alcançar uma grande moita de capim, fora do nosso alcance. Parecia uma jaracuçu-do-brejo (Mastigodryas bifossatus), identificação confirmada pelos pantaneiros.
Mais um dia e topamos com o maior cervídeo das Américas, o cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus). E não só um exemplar: sete cervos pastavam no mesmo trecho! Nossa sorte com grupos prosseguiu na madrugada. Acordamos para ver o sol nascer no rio Bento Gomes, com o maior número de colhereiros de toda a viagem, espalhados pelas águas rasas, procurando alimento com o bico, em meio ao lodo.
Percorremos a 'baía' do rio num barco a zinga. Ou seja, em lugar de motor, o piloteiro usa um grande remo de madeira, que empurra contra o fundo. Silencioso, esse é um passeio bom para observar fauna. Chegamos pertinho de uma grande concentração de talha-mar (Rynchops niger), voando bem rente à superfície da água, com o bico aberto, riscando...
Passamos à Fazenda São Cristóvão e lá conversamos sobre pesca com o proprietário, Pedro Paulo Vaz Guimarães, 53 anos. "Por aqui, no Bento Gomes, o peixe praticamente acabou. Antes quem pegava piranha pequena jogava de volta no rio. Agora, se pescar alguma já está muito bom para caldo. Pescamos só com anzol para o consumo e, mesmo assim, quase não existe mais peixe", lamenta. "A pastagem também ficava verde nos meses de junho, julho e, com isso, muitos animais apareciam. Hoje em dia, a enchente parece matar o capim. Pode ser devido ao uso de agrotóxicos, nas lavouras lá em cima, que vêm com as chuvas".
Problemas assim mostram a necessidade de gestão ambiental integrada e parcerias entre ambientalistas, fazendeiros e operadores de turismo. Numa viagem de 7 dias pela Transpantaneira, avistamos cerca de 115 espécies de aves, 13 de mamíferos e 4 de répteis. E encontramos 3 animais mortos por atropelamento. Ao longo da rodovia, as pousadas recebem poucos brasileiros (5%) e muitos estrangeiros (95%), a maioria dos quais são birdwatchers, ou observadores de aves. Os brasileiros são pescadores, de passagem para Porto Jofre. A fauna é a 'isca' para ambos e a Transpantaneira, a via de acesso. É preciso garantir que ambas continuem a existir, assegurando, ao mesmo tempo, o fluxo das águas e dos ecoturistas conscientes.
O município de Bonito, distante 257 quilômetros da Capital, vai receber atletas de todo o país em competição de Mountain Bike, prevista para acontecer entre os dias 6 e 9 de setembro. Os competidores percorrerão 168 quilômetros, em percurso imerso na fauna e flora da região.
A prova terá etapas da modalidade Mountain Bike, Gravel e E-MTB e vai percorrer os principais destinos turísticos da cidade, como o balneário Estrela do Formoso e o Eco Park Porto da Ilha.
Os participantes vão competir nas categorias MTB solo masculino, MTB solo feminino, MTB duplas, Gravel solo feminino, Gravel solo masculino, E-MTB solo, Sport solo masculino e Sport solo feminino.
Brasil Ride - A prova percorre diversas cidades brasileiras, e a edição de 2023 será em Bonito, município no interior de Mato Grosso do Sul, que também foi sede da categoria em setembro do ano passado. Além das provas, serão oferecidos passeios gratuitos para crianças. As inscrições para participar do evento estão encerradas.
Programação
Quarta-feira (06/09)
13h - Abertura do evento, na Praça da Liberdade e entrega do Kit Arena Brasil
Quinta-feira (07/09)
8h30 - Entrega do Kit Arena Brasil na Praça da Liberdade
9h - Largadas prólogo
11h30 - Chegada e confraternização na Estrela do Formoso
12h - Bike Wash na Estrela do Formoso
Sexta-feira (08/09)
8h45 - Alinhamento 2° etapa
9h - Largada 2° etapa de MTB, E-MTB e Gravel
12h - Bike Wash
11h30 - Chegada e confraternização no Eco Park Porto da Ilha
14h - Entrega de kits, tour e tour kids na Praça da Liberdade
Sábado (09/09)
7h30 - Entrega de kits, tour e tour kids na Praça da Liberdade
9h30 - Largada da 3° etapa de MTB, E-MTB e Gravel; Largada Prova Sport
10h - Largada categoria Tour; Passeio kids 11h30 - Chegada de todas as categorias na Praça da Liberdade
15h - Premiação