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quinta, 26 de agosto de 2010

Planejamento Turístico

Bonito teve um despertar rápido e crescente na área do turismo nacional e aos poucos, foi saindo do anonimato para conquistar um posto entre os Destinos Turísticos mais importantes na área de ecoturismo e turismo de natureza. Na verdade podemos afirmar que a comunidade foi pega de surpresa pelos impactos positivos e negativos que o turismo lhes trouxe.
 
Da mesma forma também aconteceu e acontece com os novos destinos de ecoturismo que estão surgindo no país – as cidades recebem os primeiros vinte mil visitantes sem entender direito o que está acontecendo.

A chegada de visitantes a um primeiro momento traz novidades, entusiasmo e desperta um senso de hospitalidade nas comunidades locais, mas, com o tempo os pontos não tão bons se fazem perceber... Aumento do consumo de entorpecentes, prostituição e até mesmo desmoralização e abandono das crenças e hábitos locais em função das novidades ‘coloridas’ que se apresentam.
 
A abertura de novos campos de trabalho deixa a comunidade entusiasmada pela perspectiva positiva, mas aos poucos percebem que as novas vagas exigem português fluente, noções de informática e inglês, simpatia e profissionalismo. Não é para todo mundo. Cargos de gerência e bons salários são diretamente ligados a níveis de ensino superior e anos de experiência.

Uma ferramenta para minimizar estes efeitos e, principalmente, direcionar as metas e a visão de futuro da comunidade é o planejamento turístico de toda a localidade. Isso inclui desde um levantamento de vocações econômicas da região; seus aspectos sócio-culturais; pontos fortes e fracos da localidade e riscos e oportunidades que o mercado apresenta. A partir deste ponto se estabelecem os objetivos e os melhores caminhos para alcança-los. O que incluirá, desde obras de saneamento básico, saúde e segurança pública – até cursos profissionalizantes e de empreendedorismo.

O planejamento deverá considerar a comunidade como ator diretamente envolvido no processo econômico do turismo. É deverá permitir a este ator que exprima suas idéias, tenha acesso a novas informações e, mais do que isso, que esteja preparado psicológica, profissional e socialmente para as mudanças que se seguirão.

A falta de cuidado com estes aspectos poderá resultar em descaso e marginalização da comunidade local, afligindo-a com problemas antes desconhecidos – como aumento da produção de resíduos sólidos e líquidos, novas endemias, insegurança e educação deficitária. O que naturalmente irá prejudicar a atividade turística e a imagem paradisíaca que a mídia oferece – principalmente se o ambiente em questão tiver uma aura de ecológico.

A cidade de Bonito recebeu e recebe o amparo e orientação pontual do SEBRAE-MS em inúmeras situações – são cursos, palestras e oficinas apresentadas à comunidade de acordo com a demanda existe, buscando cada vez mais despertar o cidadão bonitense para sua importância e poder dentro do contexto turístico local. Um bom exemplo do trabalho desta instituição em Bonito é a criação do Fórum de Desenvolvimento Local Sustentável e Integrado – DELIS. Os Conselhos Municipais existentes também são ferramentas importantes no processo de democratização da gestão pública. Havendo ainda Organizações Não-Governamentais que também atuam em diferentes áreas, com informações e ações importantes e pontuais.

 A existência de tantos mecanismos de organização e amparo à comunidade é muito importante, porém é importante salientar que não há um planejamento turístico formalizado. Os cursos, oficinas e fóruns de discussões foram sendo montados de acordo com os acontecimentos e a necessidade da comunidade. O crescimento e a estruturação do sistema turístico local definiu-se com empirismo e muitas reuniões setoriais, ou seja, o sucesso de hoje está diretamente ligado à participação ativa e democrática da sociedade bonitense.

No entanto é salutar que a prática seja melhorada para os próximos destinos turísticos ou ecoturísticos. É importante que se valorize e utilize profissionais na orientação e condução das ações de planejamento, mas, respeitando e valorizando o apoio direto e participativo de representantes da comunidade. Afinal o objetivo não é apenas o aumento das divisas e satisfação do cliente – é também a satisfação e desenvolvimento das pessoas envolvidas no processo.

COLUNISTA

Ana Cristina Trevelin

ana@portalbonito.com.br

Administradora, pós-graduada em Gestão e Manejo Ambiental, com cursos extra-curriculares nas áreas de turismo, meio ambiente e empreendedorismo. Consultora para Gestão e Planejamento em Turismo através da Bionúcleo – Gestão Ambiental e Empresarial e membro docente do IESF/UNIGRAN, nos Cursos de Administração Rural e Turismo.

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