“É muito importante que o debate considere que estamos vivendo um modelo insustentável de produzir e de consumir”, ressaltou Marina. Por isso, ela acredita que também é necessário mostrar que já existe tecnologia e inovação que ajudam a produzir mais, utilizando cada vez menos os recursos naturais.

“Fazer o uso sustentável dos recursos hídricos, o uso sustentável da nossa biodiversidade, das nossas florestas, é o grande desafio desse início de século”, afirmou Marina, enfatizando que o aumento da produção deve ocorrer por ganho de produtividade. “É fundamental para isso ter um olhar abrangente para a produção do conhecimento, da tecnologia, da inovação, que nos levará à criação de novos produtos, de novos materiais, novas respostas para essa realidade complexa que estamos vivendo.” Ela elogiou o esforço de integração entre os governos municipais, estaduais e federal e com diferentes países representados no evento, para a promoção do debate conjunto.

O apoio estratégico das pesquisas em tecnologia da informação e das geotecnologias para o desenvolvimento da agropecuária foi destacado pela chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), Silvia Massruhá. O pesquisador João Vila, coordenador técnico do simpósio, falou sobre a contribuição dos estudos nessa área para a preservação do Pantanal, que aliam informações sobre a biodiversidade e permitem a geração de conhecimento e de produtos para auxiliar na conscientização e conservação ambiental.

Para o professor Ronaldo Neves, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), as parcerias das universidades e instituições públicas têm permitido o desenvolvimento da ciência no interior do País, principalmente na região do Pantanal, que é uma área muito sensível às questões ambientais. São necessários pesquisadores de ponta para atuar na região e a colaboração interinstitucional vem viabilizando a formação de recursos humanos especializados nessa temática, segundo ele.

Apesar da intensa atividade turística, ainda há uma carência grande de conhecimento científico sobre a região de Bonito, na visão do professor Noslin de Paula Almeida, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O campus de Bonito, com seus cursos de graduação e pós-graduação, está buscando construir uma base de pesquisa que atraia mais estudiosos, além de agregar conhecimento de outras instituições, fortalecendo o desenvolvimento da comunidade científica local, disse o professor.

O sensoriamento remoto tem um papel essencial para a compreensão do bioma, de acordo com a professora Elisabete Caria Moraes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela explica que as imagens de satélite possibilitam mapear todo o Pantanal, incluindo seus microbiomas e as universidades regionais têm ampliado o uso dessas geotecnologias nas pesquisas ambientais, também em função do simpósio. Além disso, a cada ano, a qualidade dos trabalhos apresentados tem melhorado de forma significativa.

O evento reúne pesquisadores, profissionais e estudantes nacionais e internacionais interessados em estudos de geotecnologias aplicadas ao bioma Pantanal. O programa inclui mesa-redonda, painéis e exposições de pôsteres e fotografias. As atividades se iniciaram no sábado (20), com capacitação de 80 alunos em cursos sobre sensoriamento remoto, geoprocessamento, uso do GPS para georeferenciamento de imóveis rurais, introdução ao software Spring e análise espacial de dados geográficos.