Impactos da usina sobre a vida de moradores e indígenas na região do Rio Xingu estão em filme a ser lançado em março, na internet
Terra da Gente
(Foto: divulgação)
“Belo Monte, anúncio de uma guerra”. Esse é o nome de uma produção, com previsão de lançamento na internet em meados de março e planos de exibição nos cinemas, que pretende fazer mais uma mobilização contrária à usina de Belo Monte, no Rio Xingu, Pará, principal obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal.
Para realizar o vídeo, idealizador e produtorAndré D’Elia, que há dois anos visita a região de floresta amazônica para a realização de entrevistas com moradores de cidades próximas ao canteiro de obras, como Altamira e Vitória do Xingu, contou com uma ajuda extra. Conseguiu arrecadar cerca de R$ 121 mil em 15 dias por meio do site de financiamento coletivo Catarse.
O trabalho expõe a opinião de especialistas sobre a polêmica construção e ainda mostra depoimentos de moradores e indígenas que serão impactados pelo complexo hidrelétrico. “Nós queremos mostrar que a legislação não está sendo cumprida, que existe conflito de informações e um grande impacto socioambiental naquela região”, afirma D’Elia.
“Não consideramos Belo Monte como um fato consumado. Temos fé no sistema judiciário brasileiro”, disse D’Elia, se referindo aos processos judiciais em trâmite que tentam evitar a continuidade da construção da usina.
A hidrelétrica de Belo Monte será construída entre as cidades de Altamira e Vitória do Xingu. A usina terá duas barragens e dois reservatórios. O primeiro não altera o leito do rio, só alarga suas margens, o que corresponde ao que é o Xingu hoje em período de cheia.
O segundo reservatório vai alagar o que hoje é terra firme: pasto e floresta. Um canal ligará os dois reservatórios. Com isso, o curso natural do rio será desviado. Na área onde hoje o Xingu faz uma imensa curva, a chamada Volta Grande, terá a vazão reduzida.
Depois de concluída, a usina de Belo Monte será a segunda maior hidrelétrica do país, atrás somente da binacional Itaipu, e a terceira maior do mundo.
De acordo com a companhia responsável pela obra, a Norte Energia, a construção pode ser responsável pelo desmatamento de até 175 km² de florestas da Amazônia, uma área equivalente ao tamanho da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte.
A capacidade instalada da usina será de 11,2 mil MW e a previsão de gastos para toda a implantação do complexo hidrelétrico é de R$ 25,8 bilhões (valor apresentado em 2010).