Ocupação simbólica de sala no Festival de Bonito remete a movimento nacional
Correio do Estado
Artistas se reúnem para a leitura das Pec's e do abaixo assinado(Foto: Divulgação)
Artistas e público aderem ao 'É hora de perder a paciência', fazem abaixo assinado e protestam
Um festival pode ser palco para apresentações, mas o 'espírito' do evento gira em torno da troca de experiências e discussões. Em São Paulo, cerca de 700 trabalhadores da cultura ocuparam a sede da Funarte com o movimento “É hora de perder a paciência”. Mais de 1.400 quilômetros de distância, em Bonito, Mato Grosso do Sul, centenas de artistas e expectadores assinavam abaixo assinado e faziam a ocupação simbólica da galeria Ney Matogrosso, homenageado do 12º Festival de Inverno de Bonito.
Eles querem as aprovações das PEC´S 150, que garante que o mínimo de 2% ( hoje, 40 bilhões de reais) do Orçamento Geral da União seja destinado à Cultura, e 236, que prevê a cultura como direito social. Atualmente, a Saúde também luta por um vínculo com a União – pedindo 12% do orçamento por meio da PEC 29 (proposta de emenda constitucional). Desde 1983 a educação conta com 13% do orçamento graças à Emenda Calmon e, recentemente, a área de ciência e tecnologia também foi vinculada ao orçamento.
Durante o festival, cerca de 500 pessoas assinaram o documento que será enviado ao Senado. Palhaça, mas com ideais muitos sérios, Mariana Paudarco veio com o grupo Bubiô Ficô Lô para apresentar no festival. Ela é uma das trabalhadoras da cultura que estava na ocupação em São Paulo e conta um pouco do que acontece por lá: “Nós temos formação política, realizamos assembleia e nos organizamos pra valer, é um movimento sério e todos tem que estar informados sobre o que acontece”.
Em paz
Mesmo com a falta de paciência estampada no nome do movimento e uma ocupação de mais de uma semana na Funarte em São Paulo, a ideia é pensar políticas públicas e pacificar os pedidos. Assim como a área da saúde vem lutando em meio a burocracias por melhor qualidade de vida, a exigência dos manifestantes é quanto ao dinheiro público para a arte pública, gratuita e acessível. “Podemos fazer uma revolução jovem sem gastar uma bala, nos dois sentidos, tem internet, temos informação”, analisa Paulo Moretti, diretor teatral paulista que trouxe uma peça sobre o líder pacifista Gandhi.
Para quem desejar assinar o documento, basta comparecer à Cia das Artes entre às 14h e 18h na Rua Curupaiti, 15, esquina com a Ernesto Geisel, em frente ao local onde está sendo construído o Centro de Belas Artes (antiga construção abandonada da Rodoviária).