O Geoparque Bodoquena/Pantanal, criado em 2009 no Estado de Mato Grosso do Sul está prestes a receber a chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Duas representantes da Rede Global de Geoparques, as pesquisadoras, Sylvie Giraud, da Alemanha e Marie Luise Frey, da França visitaram durante três dias a região do Geoparque e foram recepcionadas na tarde do dia 21 pelo governador André Puccinelli e representantes do conselho gestor.

Conforme a pesquisadora, Sylvie Giraud, a missão avaliou durante três dias todas as informações que constam no dossiê que foi enviado à Unesco. “Checamos se os dados que estavam no dossiê eram realidade, assim como as informações que constam no questionário de avaliação das entidades”, informou. A pesquisadora disse que na América do Sul geralmente as visitas “in loco” são realizadas em três dias e na Europa a duração é de dois dias.

O próximo passo, de acordo com Sylvie Giraud é elaborar um relatório com todas as informações da visita e encaminhar até o mês de julho para a Unesco. Estes dados serão avaliados até o mês de setembro por um grupo de 12 “experts” da Unesco. “O resultado com o anúncio da deliberação será divulgado no mês de junho de 2012, no encontro da Rede Global de Geoparques no Japão”, afirmou.

As pesquisadoras visitaram as cidades de Jardim com o ponto turístico (Buraco das Araras), Bonito (Gruta do Lago Azul e Gruta de São Miguel) e Corumbá (Corumbela). Elas também participaram de reuniões técnicas com prefeitos e instituições parceiras. Se conseguir a chancela da Unesco, o Geoparque Bodoquena/Pantanal será o 2º das Américas e o 58º da rede mundial de geoparques aprovados pela Unesco.

Detalhes sobre a visita não puderam ser repassados pelas pesquisadoras, que preferem manter tudo em sigilo, mas num breve discurso, Sylvie Giraud disse que não esperava contar com uma reunião de grande porte com a participação de tantas pessoas. “Podemos dizer que foi uma experiência e a reunião deste porte mostra a importância que o assunto tem”, concluiu.

Para o geólogo, pesquisador e professor da Universidade de São Paulo, Paulo Boggiani falta pouco para Mato Grosso do Sul conquistar a chancela da Unesco. Ele participou de reuniões com as pesquisadoras da Unesco e disse que elas se surpreenderam com os fósseis de animais no município de Corumbá conhecido como “Corumbela” e que sentiram a necessidade da criação de projetos educacionais. “São projetos para que a comunidade local conheça a sua história com o resgate da autoestima”, completou.

Paulo Boggiani defende a criação de uma equipe para tratar de assuntos do Geoparque

Paulo Boggiani destacou as inúmeras as vantagens de ter um Geoparque reconhecido pela Unesco, como por exemplo, a captação de recursos, mas que para isso é preciso avançar mais um pouco. “Podemos avançar mais com a criação de uma equipe de pelo menos três pessoas com dedicação 24 horas sendo uma para pensar em projetos de educação, outra para articulação institucional e para agregar pesquisadores”, comentou.

O presidente do Convention Bureau da cidade de Bonito, Rodrigo Coineti destacou a vinda da Copa do Mundo e das Olimpíadas para o Brasil como fomentadores de desenvolvimento e que a chancela da Unesco poderia intensificar o turismo em Mato Grosso do Sul. “Com o reconhecimento o Parque da Serra de Bodoquena poderia atrair mais turistas e instituições de pesquisas internacionais e por meio da exploração sustentável do turismo fazer com que o Geoparque seja preservado com geração de riquezas. É o momento do Brasil e Mato Grosso do Sul acompanhando este processo”, ressaltou.

A participação das entidades e o empenho do governo do Estado chamaram a atenção do coordenador de Patrimônio Natural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Carlos Fernando de Moura Delfim que trabalhou no processo de reconhecimento do Geoparque de Araripe no Ceará. Em seu discurso, o representante do IPHAN nacional disse que nunca viu um congraçamento forte para a chancela da Unesco em Mato Grosso do Sul. “Vimos este congraçamento até mesmo num decreto assinado pelo governador antes mesmos da proposta do reconhecimento da Unesco”, comentou.

Representando o conselho gestor, o prefeito de Bodoquena, Jun Iti Hada afirmou que a vocação da região sudoeste do Estado é para o turismo, mas que o Geoparque vai alavancar um outro tipo de turismo. “Teremos o turismo científico e tecnológico e precisamos unir forças para o Geoparque ser realidade”, comentou.

“Quando elaboramos o decreto em 2009 para a criação do Geoparque entendemos a possibilidade de mostrar o Buraco das Araras, a Serra da Bodoquena, a orla de Aquidauana e Anastácio. Queremos com eventos culturais e científicos mostrar Mato Grosso do Sul ao mundo”, ressaltou o governador André Puccinelli. Segundo o governador são quase 40 mil quilômetros quadrados de área e que se depender do governo estadual terá empenho para ser reconhecido pela Unesco. “Esse empenho em convalidar o Geoparque será transformando por muito trabalho e fé”, finalizou Puccinelli.

Geoparque

O Geoparque é uma marca atribuída pela Unesco a uma área onde ocorrem excepcionalidades geológicas que são protegidas e aproveitadas como elementos indutores de educação ambiental e de desenvolvimento sustentável. O Geoparque Estadual Bodoquena/Pantanal foi criado pelo Decreto Estadual nº 12.897 de 2009 onde estão inseridos 54 geossítios, entre grutas, pedreiras, cachoeiras, minas, nascentes baías, minas e sítios.