Diversidade do Pantanal vem da mistura de biomas, diz pesquisador
G1
Em 2009, a equipe da TV Morena mostrou as belezas e riquezas do bioma. Desmatamento no Pantanal ameaça vida na terra e nas águas.
A equipe de reportagem da TV Morena viajou mais de 1000 quilômetros para mostrar as particularidades do Pantanal. No coração da América do Sul, o bioma pulsa como um paraíso natural. Considerada uma das maiores áreas alagáveis do planeta, o tem quase 200 mil quilômetros quadrados. A maior parte está no Brasil entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Na série Ecorede, o G1 MS vai resgatar reportagens exibidas pela TV Morena sobre preservação do meio ambiente. Esta reportagem foi exibida em 5 de junho de 2009.
Os pesquisadores Arnildo e Vali Pott conhecem bem as estradas do bioma. Com quase 30 anos de trabalho, eles identificaram mais de duas mil espécies de plantas pantaneiras. A vegetação é uma mistura de diferentes biomas brasileiros. Tem desde Mandacaru da Caatinga, até Cambará, da Amazônia.
"Uma das características do Pantanal é essa mistura única de flora do cerrado, com elementos da amazônia e flores do campo entre outros", explica Arnildo.
A diversidade do bioma também é vista no céu, nas árvores e nas lagoas. São mais de 600 espécies de aves, como tuiuiús, cabeças secas e garças.
A planície pantaneira também tem mistérios como lagoas de água salgada e margens com areia fina feito praia. Segundo lendas da região, o Pantanal já foi mar, chamado de Mar de Xaraés. Mas os pesquisadores muitas vezes discordam da lendas.
"Mar não. Provavelmente tenha sido um grande deserto", afirma o geólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Boggiani.
Ele explicou ainda que há milhares de anos, mudanças climáticas formaram o Pantanal.
“Provavelmente no Pantanal não tinha essa vegetação. Com a entrada de um clima um pouco mais úmido, por volta de cinco ou seis mil anos atrás, a vegetação foi se colocando e segurando a paisagem. É importante de ressaltar, que essa paisagem se mantem em função da vegetação”, explica o professor.
Desmatamento O Pantanal é ainda refúgio de aproximadamente 122 espécies de mamíferos. Bichos ameaçados pelo desmatamento que se revela na instalação de carvoarias no bioma. Entre os maiores problemas ambientais do bioma está também o assoreamento. O rio Miranda, por exemplo, é um dos mais importantes do bioma e o mais procurado pelos pescadores da região. Em 2009, a enchente não aconteceu e o nível do rio atingiu pouco mais de um metro.
Povo Pantaneiro O Pantanal também é lugar de gente corajosa, simples e que entende os sinais da natureza. Os peões pantaneiros vivem semanas de solidão tocando a boiada.
“No meu chapéu eu carrego essa imagem de Nossa Senhora Aparecida e carrego esses dois colarzinhos, que minhas netinha me deram. Quando dá saudades eu olho na minha santinha e nos colarzinhos e a saudade passa”, conta João, peão pantaneiro.
Ele conta ainda que com 35 anos como peão pantaneiro, viu a paisagem mudar bastante.
“Mudou bastante principalmente o ciclo das cheias e das secas. Nessa época, que deveria ser de cheia, está seco em todas as partes. é díficil achar água e até para viajar com a a boiada”, conta o peão.
Donos do Pantanal O que muito brasileiro não sabe é que o Pantanal tem dono. Menos de 2% desse bioma, são de terras públicas. O fazendeiro Timóteo Proença conta que a sua família tem fazenda há 70 anos no Pantanal.
“O responsável pela preservação é o fazendeiro, o próprio homem pantaneiro. As pessoas que vem para o Pantanal, que não tem os costumes pantaneiros, entram com idéias novas, mas que vão mudando depois”, conta o fazendeiro.
No entanto, as mudanças são bem sutis. Nos últimos 15 anos muitos fazendeiros abriram as porteiras para o turismo e estão aprendendo a ganhar dinheiro com preservação. Muitos querem algum benefício do poder público por cuidar do bioma, mas o maior desafio é manter a beleza do lugar.