quinta, 29 de julho de 2010
Gizele Oliveira - Festinbonito
Se você tem a impressão de que a foto que ilustra essa matéria lembra alguma coisa, então o fotógrafo Flavio Lamenha cumpriu o objetivo da obra. Chamada "Ceia", a produção é uma recriação livre do fotógrafo pernambucano e integra a mostra Força da Expansão, que estará em exposição no 11º Festival de Inverno de Bonito.
Lamenha fará parte, com mais três convidados nacionais, da exposição de artes plásticas "O Sentido das Coisas", que tem curadoria de Rafael Maldonado. Os trabalhos estarão expostos na Galeria do Festival, na Praça da Liberdade.
Vivendo em São Paulo e há aproximadamente dez anos trabalhando com registro fotográfico de obras de arte, Flávio conta que nos últimos três anos cresceu seu interesse por produção artística autoral. "Misturo minha experiência profissional aos recursos tecnológicos, em que estou cada vez mais interessado", conta ele.
As fotografias que vão ser apresentadas no Festival fazem parte da série que ele está desenvolvendo atualmente, chamada Força de Expansão, apresentada pela primeira vez em 2008, no Salão da Bahia. Os múltiplos retratos do artista (na série ele se torna personagem da obra) incorporados nos cenários desafiam nossa capacidade de observador. A junção dos retratos é realizada com tal precisão que proporciona uma sensação de perfeita continuidade na cena, sem vestígios da manipulação digital.
Confessadamente acanhado, Flávio diz que a experiência de estar sendo ele mesmo retratado tem sido agradável. "Eu sou muito tímido. Como fotógrafo a gente está sempre atrás da máquina, não na frente. Mas eu gostei da experiência", ele diz, revelando que o uso de temporizador e a colaboração de amigos fizeram parte da técnica para o autorretrato.
Curador da mostra "O Sentido das Coisas" no Festin, Rafael Maldonado define que "no trabalho fotográfico de Flávio Lamenha a repetição cria um embate entre o real e a ficção, propondo ao observador um jogo de interpretação onde o posicionamento estrutural dos retratos do artista é minuciosamente incorporado na cena proposta, oferecendo possibilidades de reinvenção de imagens. Histórias e lugares aleatórios servem de interesse para a intervenção do artista".
De acordo com Flávio, os cenários são mesmo escolhidos de improviso, no momento da inspiração. Um bar, uma casa, uma rua, pode repentinamente se tornar moldura. "Eu passo, vejo um lugar, vou e uso. Com a roupa do dia".
Em Bonito, ele chega com grande expectativa e boas referências. "Eu não conheço a cidade, mas já ouvi falar muito bem, das paisagens, sua beleza natural e do festival. Alguns amigos já participaram dessa exposição durante o festival de Inverno. Acho que será um momento rico em trocas de idéias, cultura e experiências", anima-se.
A mostra "O Sentido das Coisas" está aberta ao público. Além de Flávio Lamenha, a Galeria do Festival terá exposições dos artistas plásticos Angella Conte (SP), Raul Leal (RJ) e Rodrigo Mogiz (BH).