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quarta, 21 de julho de 2010

Flora pantaneira gera fitomedicamentos e bioinseticidas

MS Notícias

A Rede Pantaneira de bioprospecção do CPP, Centro de Pesquisa do Pantanal, apresentou seus novos resultados na segunda-feira, 19, durante um workshop realizado em Chapada dos Guimarães (MT). Pesquisadores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul desenvolvem produtos a partir de princípios ativos de plantas típicas da Pantanal e do seu entorno. "Acreditamos que a melhor forma que existe de conservar a biodiversidade é mostrar que seus elementos são úteis e podem melhorar a qualidade de vida da população", afirma o Professor Paulo Teixeira de Sousa Jr., pesquisador sênior do CPP.

Em Mato Grosso, os estudos se concentram na produção de medicamentos a partir de plantas regionais. Um dos projetos estuda os efeitos das flores do mel de pomba e da entrecasca da maleiteira para a produção de um fitomedicamento para o controle da diabetes. Os pesquisadores já comprovaram os efeitos das duas plantas. Agora, estudam seu mecanismo de funcionamento. Ou seja, como agem no controle da doença. As drogas utilizadas no controle da diabetes atuam em três espectros possíveis: aumentando a secreção de insulina no pâncreas, melhorando a sensibilidade dos tecidos onde ela atua ou reduzindo a digestão de carboidratos intestino.

"A maleiteira apresenta indícios de atuar tanto na sensibilidade dos tecidos quanto no trato intestinal. Já o estudo da mel de pomba ainda está começando. Estamos verificando ainda se há algum nível de toxicidade nestas plantas. Por enquanto, a maleiteira apresentou poucos efeitos tóxicos e um bom efeito antidiabetes", explica a professora Nair Honda, coordenadora do sub-projeto. Ela destaca que os avanços na pesquisa trazem a possibilidade de criar um remédio mais barato para o controle da enfermidade.

Tornar o tratamento de saúde mais acessível também é a meta do projeto de produção de um medicamento anti-úlcera a partir da casca do guanandi. O estudo demonstra que apenas com a planta é possível combater a doença de forma integral. Atualmente, o tratamento demanda o uso de vários remédios e tem um custo muito alto. "Hoje, o paciente de úlcera tem que usar um remédio para combater a bactéria helycobater pylori, outro para controlar o suco gástrico e mais um para proteger a mucosa. O guanandi age em todos esse aspectos", destaca o professor Domingos Tabajara de Oliveira Martins, coordenador do sub-projeto.

Todas essas plantas já são conhecidas das populações tradicionais do Pantanal. O guanandi, por exemplo, é usado há mais de cem anos, na forma de chá, contra os sintomas da úlcera. A planta é a primeira madeira de lei brasileira e é largamente utilizada para reflorestamento. "Há um potencial enorme de aproveitamento do guanandi, pois ele é facilmente encontrado em áreas úmidas e, além disso, os projetos de reflorestamento tem excedente dessa madeira, já que periodicamente precisam abrir espaço para novas mudas", revela o professor Domingos.

Em Mato Grosso do Sul, os bioinseticidas são o foco das pesquisas. Entre os destaques, está o protótipo de um produto com efeito contra o mosquito transmissor da dengue. É um pó com princípio ativo extraído a partir das espécies vegetais estudadas e que tem mostrado bons resultados no combate às larvas do mosquito. "No momento, vamos analisar se ele realmente não vai interferir na qualidade da água e se não tem potencial tóxico contra outros tipos de inseto, pois o produto não pode causar desequilíbrio ambiental", diz a professora Rose Mathias, coordenadora do sub-projeto.

Os projetos foram avaliados por um comitê científico formado pelo professor Paulo César Vieira, do departamento de química da Universidade de São Carlos, e Spartaco Astolfi Filho, diretor do Centro de Apoio Multidisciplinar da Universidade Federal do Amazonas. Os especialistas destacaram a importância dos trabalhos para a conservação da biodiversidade e formação de recursos humanos na área. "Uma recomendação é que os pesquisadores busquem a parceria de laboratório ou de empresas do setor para avançar nos testes, pois em breve serão necessárias estruturas maiores", resumiu Paulo César Vieira.

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