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sábado, 24 de abril de 2010

Especialistas debatem ameaças à bacia do rio Paraguai

Embrapa Pantanal

Eventos realizados no Mato Grosso do Sul e em São Paulo discutiram as ameaças que as mudanças climáticas globais provocam à bacia do rio Paraguai. Esse debate tem sido promovido pelo projeto Sinergia (Sistema Internacional de Estudos sobre Recursos Hídricos e Gerenciamento de Impactos devido ao Aquecimento Global na Bacia do Paraguai) e pela Rede Pantanal, que reúne cerca de 50 ONGs (Organizações Não-Governamentais) e movimentos sociais que atuam no Pantanal.

Débora Calheiros, Márcia Oliveira e Carlos Padovani, pesquisadores da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, fazem parte do projeto, têm acompanhado essa mobilização e contribuído para subsidiar as discussões com informações técnicas levantadas ao longo de mais de 20 anos de pesquisas no Pantanal.

O projeto Sinergia é uma iniciativa do CPP (Centro de Pesquisas do Pantanal), financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do CNPq. O responsável é o pesquisador Pierre Girard, do CPP/UFMT.

Os pesquisadores Débora e Carlos acompanharam algumas reuniões realizadas entre o final de março e 9 de abril sobre a vulnerabilidade da bacia hidrográfica do rio Paraguai que contempla quatro países: Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina.

Toda essa discussão com a sociedade, segundo Débora, servirá para subsidiar a tomada de decisões, levantar demandas de pesquisas científicas e apoiar políticas públicas que contemplem a conservação da bacia, em especial, com enfoque nos ecossistemas aquáticos.

SÃO PAULO

Um dos eventos que discutiu o tema foi um painel com 23 especialistas realizado no Hotel Clarion, em São Paulo, entre 29 e 31 de março. O tema foi Análise da Vulnerabilidade da Bacia do rio Paraguai. As discussões tiveram a participação de especialistas brasileiros, paraguaios e bolivianos, com apoio das ONGs WWF-Brasil e TNC (The Nature Conservancy). Foi feita uma análise qualitativa dos impactos na bacia com base no artigo "Integrando impactos humanos e integridade ecológica em um protocolo baseado em risco para planejamento em conservação ambiental", publicado por Mattson e Angermeier na revista científica internacional "Manejo Ambiental" de 2007. "Utilizamos o conhecimento técnico e as experiências dos pesquisadores que atuam na região para avaliar indicadores sugeridos pelo método proposto", afirmou a pesquisadora.

Segundo ela, o grupo fez uma classificação, aplicando índices de 1 a 3 em relação aos níveis de impactos e ameaças que afetam a bacia nos quatro países envolvidos.

Débora explicou ainda que o Sinergia busca atuar de forma participativa, convidando atores da sociedade que tenham envolvimento com a bacia para contribuir com seus conhecimentos. Os pesquisadores da Embrapa Pantanal, por exemplo, ajudaram com informações sobre qualidade da água e sobre hidrologia e sensoriamento remoto.

"Foi uma primeira avaliação. Será preciso realizar um workshop para validá-los junto à sociedade, além da contribuição de um número maior de especialistas", afirmou a pesquisadora.

CAMPO GRANDE

Na capital sul-mato-grossense, aconteceu nos dias 6 e 7 de abril uma reunião do programa de capacitação do Sinergia. O objetivo foi capacitar integrantes do projeto para planejar medidas de adaptação frente às mudanças climáticas na bacia. Cerca de 40 pessoas participaram da reunião no hotel Vale Verde.

Nos dias 8 e 9, foi realizado o seminário "O Pantanal e as Mudanças Climáticas", para capacitação da sociedade civil, representada pela Rede Pantanal, com a colaboração do Sinergia. Os temas incluíram a importância da proteção de áreas úmidas, mudanças climáticas no âmbito nacional, saúde, além de iniciativas que trabalham as mudanças climáticas na bacia do Alto Paraguai e no Pantanal.  Débora contribuiu com as discussões, abordando a realidade do bioma e as perspectivas de impactos provocados pelas mudanças climáticas.

A capacitação também foi um momento de troca de experiências entre aproximadamente 60 participantes. Representantes da comunidade puderam manifestar suas percepções em relação às mudanças climáticas. Eles aproveitaram também para discutir como podem inserir e valorizar produtos pantaneiros na perspectiva da economia solidária.

Na oportunidade, Débora Calheiros foi homenageada pelos participantes do evento em Campo Grande por sua atuação em pesquisas nos rios da região, em comemoração ao Dia da Água, celebrado em 22 de março.

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