quarta, 10 de março de 2010
Zero Hora
Como se refrescar em Bonito e, ao mesmo tempo, avistar cores e espécies só conhecidas por fotografia? Simples: basta dar um mergulho no Rio Baía Bonita, apelidado de aquário natural
Não é exagero dizer que a região de Bonito oferece um cenário arrebatador. Principal fonte de renda da cidade, o turismo é bem explorado pelos locais, sempre com o cuidado de não agredir o ambiente. Logo na chegada à cidade, é fácil perceber a preocupação em atender bem: na avenida central, diferentes agências de turismo disputam a atenção do cliente. E elas são de fato obrigatórias, pois a maioria dos passeios é agendada por meio dessas empresas, que oferecem preços tabelados e distribuem vouchers na véspera do programa selecionado.
Como as opções são numerosas e o fluxo de turistas é grande (principalmente em julho, janeiro, dezembro e nos feriados prolongados), a dica é planejar os passeios com antecedência e intercalar atividades radicais com momentos contemplativos. Assim, sobra fôlego para todas as aventuras - se bem que as belas paisagens sempre darão conta de tirá-lo em um instante.
As grutas ao redor de Bonito são um indício da riqueza geológica da região. Uma das mais visitadas, a do Lago Azul, já foi cenário de novelas e encanta pela intensa cor azulada do lago - na verdade, uma ilusão de óptica. O percurso não é cansativo. Em poucos minutos, percorre-se uma trilha na mata e, numa descida de pouco mais de 100 metros, já é possível avistar o lago, descoberto nos anos 1920 por um índio terena.
Em dias ensolarados, a vista é ainda mais deslumbrante. Mas nem adianta insistir para dar um mergulho: não é permitido sequer tocar o lago. O motivo é uma espécie rara de camarão albino e cego. Descoberto no interior da gruta, ele pode se extinguir, tamanha a fragilidade do ecossistema do qual faz parte. No fundo do lago, ainda foram identificados fósseis de uma preguiça gigante e de um tigre de dente de sabre. A gruta não só chama atenção pelo azul intenso como também pelas formações geológicas no teto e no piso do lugar.
O passeio dura pouco mais de uma hora e é restrito. Os grupos são de 15 turistas no máximo. Para chegar até a Fazenda Jaraguá, é preciso percorrer 20 quilômetros de estrada de chão (a partir do fim da rua principal da cidade, a Coronel Pilad Rebuá). Logo ao lado, a gruta São Miguel é uma boa pedida para aqueles que gostam de cavernas. A dica é estender o passeio e atrasar um pouco o almoço. Pode-se visitar as duas grutas pela manhã e deixar a tarde livre para fazer uma flutuação.
Preste atenção
A região da Serra da Bodoquena foi presenteada por um subsolo de rocha calcária. O mineral garante a limpidez da água - o calcário contribui para a deposição de partículas no fundo dos rios, permitindo uma visão privilegiada da fauna e flora subaquática. A água tem essa peculiaridade não só em Bonito, mas nos municípios de Jardim, Bodoquena e Porto Murtinho.