quinta, 03 de dezembro de 2009
Campo Grande News
Empréstimo consignado em folha de pagamento comprometeu 21% dos salários dos funcionários públicos da Prefeitura de Bonito, a 257 quilômetros de Campo Grande. Em alguns casos, devido a grande quantidade de desconto, servidores estão recebendo de R$ 12 a R$ 85 por mês.
O caso preocupa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais, Sami de Souza Mustafá. Ele afirmou que 175 dos 805 servidores, incluindo-se efetivos e comissionados, estão com descontos nos vencimentos superior a 30%, que é o limite máximo estabelecido em lei.
"Tem gente que vai passar fome", alertou o sindicalista, sobre a situação dramática de alguns trabalhadores. O principal problema estaria nos empréstimos feitos pela empresa Gerencial Credi. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal também estão autorizados pela prefeitura para realizar os empréstimos em consignação.
Dramática - Entre os 175 funcionários, segundo Mustafá, está uma servidora que recebe R$ 685 por mês. Ela deve em torno de R$ 22 mil para a empresa privada em decorrência dos empréstimos consignados. Só de prestação, ela desembolsa R$ 600 por mês, ficando com R$ 85 líquido.
Outro funcionário, um gari, que teve as duas pernas quebradas durante um acidente de trânsito, só está recebendo R$ 15 por mês. O sindicalista contou o caso de outro que só fica com R$ 12 por mês em decorrência da grande quantidade de desconto.
"Os servidores estão atolados em dívidas", garantiu o presidente do Sindicato dos Trabalhadores, que lamentou não ter encontrado uma solução junto com a empresa Gerencial Credi. Ele explicou que a empresa foi a única que não tomou medidas para restringir o financiamento a 30% do salário.
Renegociando - O secretário municipal de Finanças de Bonito, Lincoln Roberto Pereira Conde, afirmou que a prefeitura tem conhecimento da situação, mas já renegociou com as três instituições bancárias. Elas estariam promovendo desde o início do ano a renegociação da dívida do servidor, esticando o prazo de pagamento para reduzir o desconto mensal a 30% do salário.
"Isso (ultrapassar o limite de 30%) acontecia num passado distante", garantiu o secretário. Ele disse que a sua responsabilidade não é administrar apenas as contas do município, mas garantir uma "margem para sobreviver" a todos os funcionários municipais.