terça, 25 de agosto de 2009
MS Notícias
O Instituto SOS Pantanal realiza hoje às 14h no Novotel, na Capital, uma reunião que terá como pauta o levantamento de informações para a construção do termo de referência que irá balizar uma pesquisa sobre as boas práticas na Bacia do Alto Paraguai (BAP).
Participarão da reunião pesquisadores, ambientalistas, pecuaristas, industriários, produtores rurais e membros dos governos federal, estadual e municipais, de forma a apresentarem e fazerem um levantamento de iniciativas que prezem pela sustentabilidade da região do Pantanal.
"Essa será a primeira reunião de três, onde serão apresentadas as boas práticas de vários setores, visando dar notoriedade e fortalecer atividades já existentes ou com potencial, para que esse levantamento torne-se um termo de referência, vindo a gerar uma agenda positiva", explica Alessandro Menezes, diretor-executivo da organização não-governamental SOS Pantanal.
Conselho
O SOS Pantanal tem 30 conselheiros, entre empresários da região e de âmbito nacional, pesquisadores, membros do terceiro setor, entre os quais Roberto Klabin (SOS Mata Atlântica e Refúgio Ecológico Caiman), Pedro Chaves dos Santos Filho (empresário), Humberto Pereira (Comper), Cláudio Lott (UCDB), Silvio Matos (Matos Grey), Tereza Bracher (Acaia Pantanal), Denise Hamú (WWF-Brasil), entre outros.
"A organização quer dialogar com todos os setores, trabalhar oportunidades e informações de qualidade, com o grande desafio de aproximar o setor produtivo com a agenda ambiental e o terceiro setor. Além de Campo Grande, faremos o lançamento do SOS Pantanal também em Mato Grosso e nas principais cidades da região pantaneira", esclarece Roberto Klabin, presidente do Conselho Diretor da ONG.
A SOS Pantanal objetiva promover a gestão do conhecimento e a disseminação de informações referentes à região para autoridades, formadores de opinião e a população em geral. Seu diferencial, segundo Alessandro, vai estar no envolvimento dos setores produtivos nas suas ações.
"Nosso objetivo é com todos os setores, trabalhar oportunidades e informações de qualidade, com o grande desafio de aproximar o setor produtivo com a agenda ambiental e o terceiro setor", diz Alessandro.
Atuação
O Pantanal está localizado na Bacia do Alto Paraguai (BAP), constituindo uma planície sedimentar de aproximadamente 160.000 km2, entre Brasil, Bolívia e Paraguai, com a maior parte em território brasileiro, abrangendo os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É considerado uma das maiores áreas úmidas do mundo, formando um ambiente altamente produtivo, e reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, sendo ainda uma das 35 Grandes Regiões Naturais do planeta (Wilderness).
No Pantanal, são encontradas formações vegetais características de vários ecossistemas, como Amazônico, Chaco, Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado. A biodiversidade também é de grande relevância: existem pelo menos 3.500 espécies de plantas, 463 de aves, 124 de mamíferos, 177 de répteis, 41 de anfíbios e 325 espécies de peixes de água doce, sendo que algumas delas em risco de extinção.
O desenvolvimento econômico na região pantaneira vem se intensificando nos últimos anos com outras atividades além da pecuária, como a mineração e a siderurgia, que trazem novos desafios para a construção da sustentabilidade na região.
Trabalho conjunto
Segundo Alessandro Menezes, diretor-executivo da SOS Pantanal, a ausência de informações já provocou e continua provocando ruídos e dilemas no que tange ao tema meio ambiente, pois as partes envolvidas defendem suas teses muitas vezes de forma incompreensível, regadas de ideologias. "No Pantanal, isso não é diferente. Uma dessas quedas de braço pode ser mais elucidada, uma vez que ambientalistas e produtores tinham opiniões desencontradas a respeito do desmatamento na região e ambos não chegavam a um dado confiável que desse oportunidades ao diálogo".
Sendo assim, a equipe à frente desse processo inicial do SOS Pantanal, junto com as entidades SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil, Conservação Internacional, Avina e Ecoa, com apoio da Embrapa Pantanal, realizaram um levantamento inédito da vegetação pantaneira, executado pela Arcplan. "Com base no mapeamento do Probio 2002, realizamos atualização das imagens de satélite em 2008, sendo possível mapear a cobertura vegetal do Pantanal. O resultado foi a constatação de que a planície pantaneira mantém intacta cerca de 85% de sua cobertura vegetal nativa, enquanto o planalto (onde nascem os rios do Pantanal) mantém apenas 40%", disse Alessandro.
O levantamento comprova que a pecuária extensiva tradicional praticada no Pantanal desde 1737 contribuiu para a conservação ambiental da região, que hoje representa o ecossistema com melhor índice de conservação do país.
"Ou seja, através de estudos técnico-científicos, chegou-se a uma informação verdadeiramente confiável, sendo apresentada a todas as partes envolvidas. A partir daí, estão sendo promovidos diálogos com um consentimento de que o Pantanal está, de certa forma, preservado, mas é necessária a ação imediata de todos os envolvidos nesse processo para termos um Pantanal que siga conservado, e o desafio é trabalhar oportunidades para isso", continua Alessandro.
Uma das propostas da nova entidade, em conjunto com suas parceiras, é continuar realizando este mapeamento da cobertura vegetal da Bacia do Alto Paraguai anualmente e calibrarmos a base ano a ano, de maneira que tenhamos no futuro dados confiáveis da região do Pantanal e uma avaliação real da eficiência das ações desenvolvidas no território.
"Com essas ações, somadas a outras, já desenvolvidas na região por parceiros, é possível contribuir, de forma concreta, para um novo cenário de preservação", finaliza Alessandro.