domingo, 17 de maio de 2009
Campo Grande News
No mapa do Brasil disponibilizado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), Mato Grosso do Sul é um borrão vermelho. Com 653 focos de calor registrados de primeiro de janeiro até a quinta-feira passada, o Estado lidera o ranking de queimadas neste ano.
O município mais atingido pelo fogo até agora foi Corumbá, onde chegou a ser registrados 485 focos de calor. Em seguida, vem Porto Murtinho (23 focos) e Aquidauana (12).
Os números - que reproduzem um cenário já conhecido, levaram o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) a criar brigadas de prevenção e combate a incêndios nas três cidades.
De acordo com o superintendente do órgão, David Lourenço, cada brigada será formada por 14 pessoas. "Elas foram contratadas por seis meses. Com salários e equipamentos, o investimento chega a R$ 500 mil". Além de atuarem no combate ao fogo, ele vão treinar voluntários nas fazendas.
Segundo o superintendente, o total de focos aumentou 340% em relação ao mesmo período do ano passado, quando, em 12 meses, foram registrados 1.438 focos de calor. "O crescimento é assustador". Contudo, somente em junho será analisada a antecipação da proibição de queimadas para manejo de pastagem. Medida adotada para diminuir os incêndios.
David Lourenço afirma que o Ibama nacional primeiro fechará os dados sobre focos de incêndio até o mês de maio. Há possibilidade de a proibição passar a vigorar em junho, um mês antes do período usual. Contudo, ele reforça que poucos produtores rurais pedem autorização para a queimada. "É mais uma questão de consciência", salienta.
A multa devido a incêndios pode chegar a R$ 5 mil por hectares. A autuação é dirigida ao dono da propriedade, que pode se livrar da multa ao comprovar que não teve responsabilidade pelo fogo.
Perigo - Na região do Pantanal, dois fatores convergem para tornar o ano de 2009 crítico em relação às queimadas: a estiagem antecipada promete ser a mais severa dos últimos 36 anos e a grande quantidade de vegetação, poupada pelo número menor de incêndios nos últimos anos.
"Os locais são de difícil acesso. Em muitos, mesmo com a mobilização de embarcações e brigadistas, só a chuva consegue combater". Conforme David Lourenço, neste ano, o Ibama deverá contar com o apoio da Marinha.
Ele enfatiza que a maioria dos incêndios são provocados. "O pescador que faz um foguinho na beira do rio, o fazendeiro que põe fogo em uma pequena área e as chamas se alastram", exemplifica.
O superintendente alerta que a estiagem prolongada no Pantanal é consequencia do aquecimento global. A ausência de chuvas compromete a reprodução dos peixes. "Daqui a dois anos a quantidade de pescado será muito baixa. A Embrapa já tem isso diagnosticado".