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quinta, 09 de abril de 2009

Cheia do rio Paraguai deve ser menor que no ano passado

Embrapa Pantanal

A Embrapa Pantanal está divulgando sua primeira previsão de cheia para o rio Paraguai utilizando o Modelad, novo sistema que utiliza métodos estatísticos para identificar medidas e prazos para a cheia. Segundo o pesquisador Ivan Bergier, o nível máximo do rio Paraguai em Ladário (MS), conforme previsão realizada pelo novo modelo em 31 de março de 2009, deve situar-se em 3,26 metros, com erro de mais ou menos 43 centímetros.

O pico de cheia deve ocorrer no início de junho, em torno do dia 2, com erro de aproximadamente 12 dias para mais ou para menos (ver figura anexa). De acordo com o pesquisador, é importante ressaltar que a previsão mais precisa será divulgada na primeira semana de maio e vai refletir melhor a contribuição das chuvas de março a abril.

De todo modo, a cheia no Pantanal em 2009 deve ser de menor intensidade em relação ao ano passado, quando o rio atingiu 5,15 metros no dia 12 de junho. Até 2007, a Embrapa Pantanal divulgava a previsão de cheia por um outro método, conhecido como método probabilístico, desenvolvido pelo pesquisador Sérgio Galdino.

A seca deste ano pode estar associada à fase negativa do NAO (Oscilação do Atlântico Norte), que confere menos ventos alísios e umidade oceânica do Hemisfério Norte sobre a América do Sul.

O estado dos oceanos modula as condições atmosféricas em escalas interanuais e de décadas, que por sua vez refletem em variações da distribuição espacial e temporal das chuvas sobre o continente sul-americano.

No Pantanal, 2009 será menos cheio provavelmente devido à fase negativa do NAO, atuando nos meses de dezembro a março, já na Amazônia deve ser um ano mais cheio em função do La Nina (Oceano Pacífico mais frio), atuando na posição e intensidade da Zona de Convergência intertropical de março, abril e maio.

Desde meados da década de 1970-1980, os menores picos de cheia em anos mais secos foram, sem exceção, superiores a 3 metros. Para a década que fecha agora (2000-2009), essa tendência deve ser mantida. Desde 1974 o Pantanal tem estado relativamente mais cheio, isto é, com maior disponibilidade de água, que o período compreendido entre os anos de 1900 e 1973.

Antigamente o nível do rio Paraguai tinha uma amplitude bem maior de oscilação dos picos de cheia, isto é, havia anos bem cheios (superiores a 5 metros) e anos bem secos (inferiores a 3 metros).

"As razões para essa mudança hidrológica repentina, a partir de 1974, estão possivelmente ligadas a fatores globais e regionais. Em primeiro lugar, em escala global, houve aumento das chuvas a partir de meados da década de 1970-1980, possivelmente induzido pela emissão de gases de efeito estufa e o consequente aumento da temperatura dos oceanos", explicou o pesquisador da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Ele explica que oceanos mais quentes perdem mais vapor d'água para a atmosfera e também induzem mudanças significativas nos padrões de circulação atmosférica, que interferem na quantidade e distribuição anual de chuva na América do Sul. Na Amazônia há prevalência dos efeitos de El Nino/La Nina. No Pantanal parece haver alguma relação com o NAO.

TAQUARI

Outro fator associado, em escala regional, pode ter relação com a mudança de descarga de água do rio Taquari. Usualmente o Taquari desaguava abaixo de Ladário. Com as mudanças do uso da terra na parte alta da Bacia do Alto Taquari, sedimentos foram pouco a pouco originando os chamados arrombados, em especial o Caronal, mudando parcialmente a descarga de água deste rio para a sub-região do Paiaguás, que, por sua vez, pode drenar parte dessas águas para o rio Paraguai, a montante Ladário.

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