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terça, 30 de dezembro de 2008

Arara Azul é protegida no Pantanal

Globo Rural

O Globo Rural apresenta uma série de reportagens sobre animais da fauna brasileira ameaçados de extinção.

Pingos azulados tingem o céu pantaneiro. Ela é a rainha das araras. A arara azul tem um único parceiro por toda a vida.

"É um jovenzinho, está super bem", examina Neiva Guedes, bióloga.

Mas nem sempre foi assim, na década de 80 a arara azul quase desapareceu. "A população estava diminuindo muito e o principal problema era o tráfico. Mais de dez mil foram retiradas da natureza", diz Neiva Guedes.

Foi nessa época que a bióloga Neiva Guedes, da Universidade para o Desenvolvimento da Região do Pantanal, Uniderp, começou a estudar a arara azul. Não havia informações científicas e a espécie era pouco conhecida.

A arara azul grande tem até um metro de comprimento, da ponta do bico a ponta da cauda. Quando adulta pode pesar até um quilo e meio.

Essa espécie vive no Pantanal, em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, no Amazonas, no Pará e na região das gerais, que incluem áreas no Maranhão, Bahia, Piauí, Tocantins e Goiás. No norte e nordeste do Brasil é onde está mais ameaçada por causa do tráfico e do desmatamento.

No Pantanal o projeto arara azul ganhou importantes aliados. Os peões das fazendas são os olhos dos pesquisadores nos rincões pantaneiros. "Nesse retiro aqui já achei três, agora para lá no outro retiro que tem aqui pertinho mais três ou quatro", conta Cláudio Rodrigues da Silva, peão.

"O pessoal local é que vai estar avisando a gente onde tem um ninho novo, área que a gente não acessa é o pessoal que está no dia a dia e tem contato com a gente no final", explica Tiago Filadélfio, estudante de biologia.

A arara azul se reproduz pouco, o casal leva de sete a oito anos para fazer a primeira postura. Bota no máximo dois ovos, a predação nos ninhos é de 20% a 40%. Mesmo entre os filhotes que nascem, o índice de mortalidade ainda é alto.

Semanas antes de o filhote começar a voar e abandonar o ninho os pesquisadores implantam um micro chip, com um número de identificação. É a identidade da arara azul. Dessa forma é possível fazer o monitoramento, saber onde ele nasceu, qual a idade, se já reproduziu ou se migrou para outra região. Quando o projeto começou no Pantanal a estimativa era de que existiam 1.500 araras azuis, hoje, 18 anos depois, já são mais de cinco mil.

Mais de 300 ninhos são monitorados no Pantanal todos os anos. Lá, a ameaça, é a falta de manduvis, a árvore preferida pelas araras azuis para fazer os ninhos.

"Para a arara azul o ninho é como se fosse a casa dela, um endereço fixo. Elas sempre voltam para os mesmo locais pra se reproduzir. Neste ninho, por exemplo, já faz 12 anos que a gente monitora e há 12 anos tem arara se reproduzindo", explica a bióloga.

Na falta de ninhos naturais os pesquisadores instalam caixas, ninhos artificiais. Outras aves disputam espaço nos ocos das árvores e até comem os ovos e filhotes de araras. O tucano é uma delas. Hoje tem pesquisador ligado ao projeto arara azul estudando o tucano para entender essa relação.

"Por um lado ele é um dos suspeitos predadores, por outro lado ele é um dos principais dispersores da semente de maduvi. O tucano quando está começando a postura dele, ele forra a cama do ninho com sementes e muitas são manduvis. Ele transporta e dispersa muitas das sementes", diz Tiago.

Microcâmeras foram instaladas dentro dos ninhos das araras azuis. A tecnologia ajuda a desvendar os mistérios dessa espécie. Intimidade revelada em cada carinho, no cuidado ao alimentar os filhotes.

Apesar das boas notícias, a arara azul ainda está na lista mundial das espécies ameaçadas de extinção. No Pantanal elas voam protegidas, mas em outras regiões, o desmatamento e o tráfico são ameaças constantes.

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