quinta, 30 de outubro de 2008
MS Notícias
No dia 23 de outubro, a organização não-governamental Ecologia e Ação - Ecoa - sediada na Capital, foi escolhida vencedora do Prêmio Valores do Brasil, categoria bioma Pantanal, com o projeto "Iscas Vivas - Transformando as comunidades do Pantanal".
O prêmio foi instituído em comemoração dos 200 anos do Banco do Brasil, com a temática geral de Desenvolvimento Sustentável. Ao todo participaram do concurso aproximadamente 400 projetos de todo o país. Foram 15 premiações entre biomas (Amazonas, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa), geração de trabalho e renda, artigos e pesquisa científica.
Para a seleção dos finalistas os projetos foram submetidos a uma equipe avaliadora da qual fizeram parte pesquisadores de renomadas instituições como a Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de 25 superintendentes do Banco do Brasil e Ministério do Meio Ambiente e Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca.
O projeto "Iscas Vivas - Transformando as comunidades do Pantanal" foi considerado um projeto completo, merecedor da pontuação máxima pela equipe julgadora, feito alcançado apenas pelos vencedores das categorias Biomas Pantanal e Mata Atlântica, segundo os organizadores.
De acordo com Jean Fernandes, coordenador das Ações de Campo do Programa Natureza e Pobreza, este mérito foi alcançado pelos esforços de todos: a equipe Ecoa, as comunidades que atribuíram sua confiança à organização e às parcerias - Embrapa Pantanal, Ibama/Corumbá, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República - que se sensibilizaram com a causa e vislumbram um trabalho árduo para um futuro concreto, se empenharam e tomaram para si desventuras e conquistas.
Para Jean, "O mais importante é o reconhecimento do trabalho. Com este prêmio, a Ecoa sela seu comprometimento com as comunidades pantaneiras e é reconhecida nacionalmente. Essa visibilidade pesa muito nas articulações e a responsabilidade aumenta".
Projeto e resultados
Prestes a completar 20 anos de sua fundação, a Ecoa trabalha com comunidades de pescadores de iscas vivas do Pantanal desde 1999. Desde 2004 o projeto integra o Programa Natureza e Pobreza, apoiado pela União Internacional para Conservação da Natureza - Comitê Holandês (IUCN-NL).
Antes, os "isqueiros", como são chamados os pescadores de iscas vivas na região, trabalhavam em condições insalubres e às margens de políticas públicas, sem o reconhecimento profissional. A implantação do projeto promoveu a união entre o conhecimento tradicional e científico.
Parcerias firmadas com instituições de pesquisa possibilitaram a confecção de equipamento de segurança (macacões impermeáveis) que atenuaram os males à saúde, e de materiais de coleta - que amenizaram os impactos da pesca ao meio ambiente.
Estudos desenvolvidos revelaram que diminuiu em 30% a mortalidade das iscas em cativeiro. Como resultado, melhores condições de trabalho, conservação ambiental e melhoria de renda.
Unidas em associações, as comunidades adquiriram representatividade para conquistar a visibilidade das políticas públicas e o reconhecimento da profissão junto à Delegacia Regional do Trabalho. Conquistaram também espaço nas discussões na elaboração de políticas de pesca do Estado.
"Este é o relato de todo o trabalho que a Ecoa vem desenvolvendo nas comunidades pantaneiras. Desde a organização local, as mediações de conflito até os resultados atuais: a melhoria da qualidade de vida dos ribeirinhos e os avanços com as pesquisas", finaliza ele.