terça, 05 de agosto de 2008
Diário do Grande ABC
Sob o título "Paraíso do Ecoturismo", o jornal paulista Diário do Grande ABC traz informações detalhadas sobre Bonito, chamando a cidade de "Meca brasileira do ecoturismo". A reportagem é de Heloísa Cestari. Confira:
Paraíso do Ecoturismo
Bonito. O nome já diz tudo. Na Meca brasileira do ecoturismo, situada no coração de Mato Grosso do Sul, o conjunto de paisagens naturais não só faz jus à denominação como a faz soar com certo tom de eufemismo diante da exuberância de seus cartões-postais.
E se o nome é Bonito, o apelido bem que poderia ser aventura, seja na água, descendo corredeiras em meio a peixes coloridos, seja por terra, explorando o interior de entradas subterrâneas ou, ainda, suspenso no ar, tendo apenas um fio a separá-lo do abismo. Afinal, beleza e adrenalina sempre ditam o rumo dos passeios. Tudo, é claro, ecologicamente correto, com fiscalização rígida e número limitado de visitantes por dia.
O resultado são ambientes preservados e bolsos devastados pelos preços em vigor nas agências de turismo local, que monopolizam o acesso às atrações turísticas com o aval de ambientalistas, moradores e poder público. E se quiser burlar o esquema, esqueça: ninguém põe o pé ali sem antes fazer reserva, pagar a taxa de visita e contratar um guia.
Um exemplo de sustentabilidade que custa caro. Mas quem se importa? O que interessa é conservar o paraíso para que o passar dos anos não determine o fim das espécies de fauna e flora que surpreendem o ecoturista desde o interior das grutas até as profundezas dos rios.
A começar pelo principal cartão-postal de Bonito: a Gruta do Lago Azul, que, como o próprio nome sugere, abriga uma piscina natural de águas incrivelmente azuis em seu interior. O local foi o responsável por alavancar o turismo em Bonito a partir da década de 1990 e já serviu até como cenário de novela.
Diz a lenda que o tom turquesa do lago é provocado pelos monstros que moram no fundo. Mas a ciência tem uma explicação mais simples: a coloração seria decorrente da concentração de bicarbonato de cálcio nos rios, resultante da dissolução de minerais das rochas calcárias.
Ao mesmo tempo em que embeleza as águas dos lagos e corredeiras com tons de azul, no entanto, a substância calcifica os encanamentos das casas e deixa os cabelos tão duros e quebradiços quanto as rochas que a originaram.
Mais uma vez, repete-se a pergunta: Quem se importa com a 'juba quando se está em plena caverna, cercado de formações rochosas milenares e vislumbrando um poço de águas cristalinas à frente, com 87 metros de profundidade por 120 metros de largura?
O único problema é que, para chegar lá, o turista tem de caminhar bastante e encarar nada menos do que 294 degraus irregulares em uma escadaria íngreme, sem corrimão nem iluminação e, ainda por cima, escorregadia nas épocas de chuva. Para completar, nada de mergulhos - o ecossistema agradece!
Mas se quiser conhecer uma caverna sem tanto exercício - embora também sem o inatingível lago - , opte pela Gruta de São Miguel. Uma trilha leve, de 15 minutos, leva até a entrada da caverna e um carro elétrico transporta os turistas na volta.
Lá, o forte são os espeleotemas em formas de bacias, corais e bolas brancas. Já na Gruta do Lago Azul, as estalactites e estalagmites fazem muita gente se sentir em uma catedral gótica e soltar um quase bordão: Bonito mesmo!
GUIA DE VIAGEM
COMO CHEGAR
A TAM possui passagens com preços a partir de R$ 779 (ida e volta).
Site: www.tam.com.br.
No site da Gol (www.voegol.com.br), é possível adquirir bilhetes de ida e volta a partir de R$ 660 para o trecho entre Guarulhos e Campo Grande.
* As tarifas acima não incluem taxa de embarque e podem variar conforme a disponibilidade de assentos.
De ônibus - A Viação Motta (3392-4799) realiza viagens para Campo Grande com saídas diárias do Terminal Rodoviário da Barra Funda, em São Paulo, às 17h, 21h e 23h30. A passagem custa R$ 104,50 na tarifa promocional. De lá até Bonito são mais 312 quilômetros em ônibus intermunicipal.
A única linha de ônibus que sai de Campo Grande é a Viação Cruzeiro do Sul, com embarques diários às 6h e às 15h. O percurso dura cerca de cinco horas e a passagem custa R$ 25.
PACOTES
A CVC oferece pacotes de cinco dias para Bonito com preços a partir de R$ 1.598, incluindo passagens aéreas, traslados, hospedagem com meia pensão, bolsa de viagem, visita à Gruta do Lago Azul e mergulho superficial no Rio Sucuri. Outra opção são as viagens rodoviárias de seis dias a partir de R$ 998, com transporte, quatro noites em quarto duplo (três em Bonito e uma em Presidente Prudente), cinco cafés-da-manhã, cinco refeições, bolsa de viagem, ingresso para a Gruta do Lago Azul e mergulho no Rio Sucuri. Tel.: 2191-8700. Site: www.cvc.com.br.
Pela Trilha da Aventura, a viagem de cinco dias sai a partir de R$ 1.768, com transporte aéreo entre São Paulo e Campo Grande, traslados até Bonito, quatro noites de hospedagem em apartamento duplo do Hotel Olho dÁgua com café-da-manhã, duas refeições, seguro-viagem e passeios com acompanhamento de guias especializados pela Gruta do Lago Azul, Buraco das Araras, Estância Mimosa, Gruta de São Miguel, tour de bote pelo Rio Formoso e mergulho superficial no Rio da Prata. Já o de oito dias custa a partir de R$ 2.428, com as mesmas inclusões, além de visitas à Boca da Onça, ao Aquário Natural e ao Rio da Prata. O pagamento pode ser parcelado em até cinco vezes sem juros. Tel.: 4436-0673.
Site: www.trilhadaaventura.com.br.
A Pisa Trekking possui pacotes de cinco dias para Bonito com tarifas a partir de R$ 1.996. O preço - válido até novembro - inclui passagens aéreas, traslados, hospedagem em apartamento duplo do Hotel Olho dÁgua com café-da-manhã, duas refeições, seguro-viagem, camiseta, mochila e visitas com acompanhamento de guias especializados à Gruta do Lago Azul, Gruta São Miguel, Estância Mimosa, além de passeio de bote pelo Rio Formoso e flutuação no Rio da Prata. Tel.: 5052-4085. Site: www.pisa.tur.br.
CLIMA
O verão é úmido e o inverno, seco. Mais de 80% da precipitação anual dá-se entre outubro e abril. No inverno a temperatura varia de 15º C a 20º C.
QUANDO IR
A melhor época é o período de seca, principalmente entre junho e setembro, quando a água dos rios fica mais cristalina. A Gruta do Lago Azul, no entanto, fica mais bonita entre novembro e janeiro, quando o sol entra diretamente na caverna, iluminando seu interior.
VACINA
Apesar de não haver foco de febre amarela, é recomendável a vacinação pelo menos dez dias antes da viagem.
O QUE LEVAR
Roupas leves, boné, filtro solar, mochila pequena, bota para caminhada ou tênis antiderrapante, lanterna, cantil, capa de chuva, maiô, repelente, toalha pequena para os passeios, câmera fotográfica e câmera subaquática. No inverno, leve roupas mais quentes.
DIFICULDADE FÍSICA
A maioria dos passeios é de nível leve e pode só apresentar problemas a pessoas que apresentam dificuldade em se locomover. Já o passeio da Gruta do Lago Azul não é indicado para crianças com menos de 5 anos, pessoas com problemas no joelho e cardíacos, pois apresenta descidas íngremes, sem corrimão, o que dificulta o acesso.
CRIANÇAS
A viagem é mais apropriada a crianças com mais de 5 anos. Aos pais que têm filhos menores, é possível contratar serviço de babá em Bonito (o valor da diária custa, em média, R$ 50). Os passeios mais indicados para crianças são o Aquário Natural, o Rio Sucuri e arvorismo (este somente acima de 7 anos).
BANCOS
Não existem bancos 24 horas na cidade. As únicas agências bancárias são as do Banco do Brasil e do Bradesco, com funcionamento das 9h às 14h de segunda a sexta-feira.
ELETRICIDADE
110 e 220 V.
Mergulho para todos
Com águas tão transparentes, não é de se estranhar que os rios e grutas de Bonito tenham se tornado uma espécie de paraíso para os praticantes de mergulho, seja ele livre (com snorkel) ou autônomo (com cilindro de ar comprimido).
Para quem nunca se aventurou, a melhor opção é a flutuação, atividade praticamente exclusiva de Bonito - só Nobres, no Mato Grosso, oferece prática semelhante. A diferença para o mergulho livre é que, além de máscara e snorkel, o praticante deve usar roupa de neoprene e colete salva-vidas. Mas não é preciso levar nada de casa: todo o equipamento é fornecido gratuitamente pelas agências que operam o passeio.
Depois, com a parafernália já a postos, é só soltar o corpo de bruços e deixar que ele flutue ao sabor da correnteza, com os olhos atentos ao fundo do rio para que nenhuma espécie diferente de peixe passe 'batida diante dos olhos.
A alta concentração de calcário - mineral que atua como purificador das águas - garante visibilidade de até 30 metros, em meio a uma infinidade de piraputangas, dourados, pacus e plantas aquáticas.
No Rio Sucuri e no Aquário Natural, a flutuação é feita na nascente, o que garante a transparência das águas. Já no Rio Formoso, o passeio ocorre em trechos de maior correnteza, o que pode gerar sujeira nas margens.
AUTÔNOMO
Os profissionais encontram três ótimos pontos para a prática do mergulho autônomo: Rio Formoso, Rio da Prata (leia reportagem na página 6) e, para os mais aventureiros, o Abismo Anhumas, que exige credencial básica de mergulho e treinamento de uma hora e meia.
Quem quiser explorar o Anhumas, no entanto, não pode ter medo de altura, uma vez que o passeio começa com uma descida com rapel de 72 metros.
A chegada ao fundo do abismo é emocionante. Descortina-se uma caverna com estalactites gigantes e um lago do tamanho de um campo de futebol, com 80 metros de profundidade. É aí que começa a segunda parte do passeio: o mergulho propriamente dito.
Gostou da idéia? Então, é bom preparar o espírito e a carteira se não quiser mergulhar nas dívidas. Além de a atividade ser concorrida, limitada a 16 pessoas por dia, a aventura completa, com rapel e cilindro de ar comprimido, chega a ultrapassar os R$ 500.
Adrenalina na dose certa
Além do mergulho, os aficionados por esportes de aventura encontram terreno farto para a prática das mais variadas modalidades.
Uma delas é o bóia-cross pelas corredeiras do Rio Formoso. O percurso, de 1.200 metros, é cumprido em bóias individuais e dura cerca de 45 minutos. Quanto maior o volume de água, maior a velocidade. Mas mesmo em épocas de cheia a atividade é segura: guias acompanham a diversão e cordas cruzam o rio para dar apoio.
Outras opções de adrenalina são as duas plataformas de arvorismo e o mergulho ao redor de um avião bimotor submerso no Balneário Praia da Figueira. A lagoa foi formada durante a exploração de calcário na região e tem sete metros de profundidade.
Já o passeio de bote pelo Rio Formoso é um sossego só. Cada embarcação tem capacidade para 12 pessoas. Dá até para levar crianças ao longo dos oito quilômetros, cumpridos suavemente, rumo à Ilha do Padre, onde é possível passar o resto do dia curtindo a cachoeira e o restaurante da propriedade.
Fora da água, o fascínio prossegue em trilhas para a observação de pássaros, macacos e árvores centenárias preservadas nas áreas de mata nativa da Serra da Bodoquena. Um deleite para biólogos e ecoturistas de máquina fotográfica em punho.