imagem do onda

segunda, 04 de agosto de 2008

Começa a produção de peças a base de couro de jacaré precoce

MS Notícias

Botas, bolsas, botinas, cintos masculinos e femininos, alforjes, carteiras, adornos de jóias e pingentes. Essas são algumas das peças a base de couro de jacaré precoce que começam a ser produzidas artesanalmente em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, fruto do desenvolvimento, durante quase 20 anos, do projeto científico/econômico Jacaré-do-Pantanal Precoce. É a primeira vez que o couro deste animal, em reduzida idade, é utilizado na confecção de peças diversas para comercialização mediante encomendas.

A iniciativa é do Centro de Produção do Jacaré Precoce para a Conservação do Jacaré do Pantanal (CEJAP) que funciona como núcleo base do criatório das fazendas conjugadas Cacimba de Pedra-Reino Selvagem, localizadas distante 26 km da cidade de Miranda/MS, no Pantanal sul-mato-grossense. O local é o único no Brasil que hoje desenvolve este animal exclusivamente de forma precoce, denominado assim por alcançar condição de abate entre 12 e 15 meses de idade, ao contrário da criação convencional que permite o abate geralmente após os 24 meses de idade.

A precocidade tende a valorizar ainda mais o couro (já concorrido no mercado internacional), que ganha em qualidade, versatilidade e beleza. "O couro do jacaré-do-Pantanal precoce facilita o processo industrial pelas suas características como menor espessura, maior flexibilidade e resistência o que lhe confere um alto valor agregado, tanto para a indústria quanto para o consumidor final", afirma o proprietário do único criatório de precoces no Pantanal (nas fazendas Cacimba de Pedra-Reino Selvagem), o médico veterinário, Gerson Bueno Zahdi.

A produção das peças a base de couro de jacaré-do-Pantanal precoce é feita artesanalmente em Campo Grande depois que as peles passam por curtimento e pintura. Zahdi estima que o preço final, apesar da qualidade superior do couro, ainda fica abaixo das peças a base de couro tradicional de jacaré. "Em lojas especializadas um par de botas podem custar entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil; o nosso preço final fica entre R$ 2 mil e R$ 3 mil", explica Zahdi. Dentre as peças mais baratas está o cinto masculino - em torno de R$ 300,00 a peça.

MELHORAMENTO GENÉTICO

O desenvolvimento deste animal foi fruto de pesquisas e melhoramento genético. O jacaré é criado em confinamento, sem a incidência de luz solar, o que reduz sensivelmente a calcificação da pele. Tudo seguindo a legislação brasileira que permite a adoção da modalidade Ranching na criação de jacarés. Neste sistema, faz-se a coleta de parte dos avos postos no ambiente natural. A partir daí são colocados em incubadoras, espera-se o nascimento e faz-se a recria.

O cultivo é feito em células climatizadas onde os animais não sofrem incidência da luz solar. Este é um segredo para a qualidade do couro do jacaré produzido na sua propriedade. "A luz do sol promove a síntese da vitamina 'd' no animal, aumentando a calcificação da pele; esta calcificação gera um couro de segunda ou de terceira classes", explica.

O criatório de Zahdi foi implantado entre os anos de 1995 e 1996. No início, levava de dois a três anos para produzir um animal com três quilos/vivo. Com um ano de idade, um jacaré dificilmente passava de 1,5 quilo. Com o passar dos anos, a produtividade e a precocidade passaram a ser o diferencial do trabalho do produtor. "Agora pelo menos 33% do meu plantel leva apenas 12 meses para atingir seis quilos/animal/vivo e é abatido com esta idade", garantiu o criador que está expandindo seu rebanho de jacarés de 12 mil para 18 mil cabeças.

O QUE ACHOU DESSA NOTÍCIA? DEIXE O SEU COMENTARIO ABAIXO: