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quinta, 17 de março de 2005

Bonito conquista por beleza e organização

Folha de S. Paulo

Visitante flutua nas águas cristalinas do aquário, antigo viveiro de sucuris(Foto: Fernando Donasci/Folha Imagem)

AVENTURA NO MS

A 330 km de Campo Grandes, turista tem 40 passeios à disposição, mas o número de visitações é limitado

Bonito conquista por beleza e organização

FERNANDO DONASCI
ENVIADO ESPECIAL A BONITO (MS)

Considerada a "menina dos olhos" do Mato Grosso do Sul, a serra da Bodoquena, no sul do Estado, guarda belezas naturais encantadoras que atraem 70 mil turistas durante o ano, em busca de diversão e paz. Há 15anos no caminho dos aficionados, Bonito é o grande responsável pelo fluxo de amantes da natureza.

De Campo Grande, capital sul-mato-grossense, são 330 km para chegar aos municípios de Bonito, Jardim Miranda, Porto Martinho e Bodoquena,cidades que servem de apoio às regiões do Pantanal e do Nabileque e que são o portal de acesso às fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Bolívia.

Três horas e meia de viagem de carro conduzem o visitante de Campo Grande a Bonito, que, em uma primeira impressão, parece ser apenas um pequeno e pacato município. No centro da cidade, a sensação é de um lugar cheio de vida, mas de pouco contato humano, havendo apenas bonitenses (moradores da região).

sso porque os visitantes do local certamente estão ocupados com a enorme diversidade de atrativos naturais para todas as idades.

A riqueza da fauna e a beleza da vegetação, de diversos tipos e tamanhos, podem ser vistas por toda parte. Muitas espécies são raras e estão em extinção. A preservação do local é uma conquista da organização e da preocupação dos próprios moradores, que fazem do município um dos maiores pólos turísticos do país, atraindo pessoas do mundo inteiro.

Quase todos os lugares abertos para visitação são de propriedade particular e estão dentro de fazendas. Algumas desenvolvem apenas as atividades turística e de preservação natural. Outras procuram harmonizar a pecuária com o ecoturismo. A fragilidade ambiental da região motivou o controle do número de visitantes.

Em Bonito existem mais de 40 atrativos turísticos. Nos passeios de cachoeiras, o número de visitantes por guia varia entre 12 a 15pessoas, com intervalo de 30 minutos para a saída de cada grupo. Nos de flutuação, o número diminui, variando entre oito a dez pessoas por guia, também com intervalo de 30 minutos entre cada grupo. Segundo Jussara Coinete Veron, presidente do Bonito Convention & Visitors Bureau, inaugurado nesta semana, cada passeio recebe de 150 a 350visitantes por dia.

"Os mais sensíveis são as cavernas e as flutuações em nascentes." A limitação tem um motivo: "Bonito é um modelo e tem um projeto inovador de ecoturismo. Existem critérios de mínimo impacto, de sustentabilidade dos passeios", explica José Zuquim, da operadora Ambiental, uma das pioneiras no destino sul-mato-grossense.

Assim, quando o turista chega a Bonito, deve obrigatoriamente passar por uma agência local para agendar seus passeios, pegar os respectivos"vouchers" e seguir para o atrativo acompanhado de um guia de turismo.A reserva antecipada é fundamental.

Os passeios podem ser mais ou menos radicais e mais ou menos familiares, mas, em todos, o turistas estará cercado de fauna e flora,tanto nas grutas do Lago Azul e de São Miguel quanto na Praia da Figueira ou nas cavernas.

Entrar em um buraco ou em uma caverna pode parecer claustrofóbico, mas,de fato, é deslumbrante. As cavernas e grutas dessa região são obras de arte da natureza. Numa delas, estalactites brilham. São mil reflexos coloridos espelhando-se no lago.

Comece pela gruta do Lago Azul. Após percorrer uma trilha, onde avistam-se espeleotemas -formações minerais nas cavernas-, visualiza-se o lago de águas muito azuis e com mais de 80 m de profundidade. Pela beleza e fragilidade, a área da gruta foi transformada em monumento natural, garantindo sua preservação. Depois, siga para a gruta de São Miguel, sem água, mas encantadora, a 16 km do centro.

Apesar de ser conhecido como um lugar de esportes radicais e de ecoturismo, Bonito tem opções para agradar a famílias. A Praia da Figueira, a 14 km do centro, é um exemplo. Há pouco mais de um ano, o mirante foi erguido em torno de uma figueira centenária. Depois do almoço, é o lugar predileto de preguiçosos. As águas cristalinas ficam cercada de piraputangas e de curimbas.

Fernando Donasci viajou a convite do Zagaia Eco-Resort e do Bonito Convention &Visitors Bureau.

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Inaugurado na segunda-feira, o Convention & Visitors Bureau do município busca aliar lazer a negócios

Bonito quer se destacar na área de eventos

DO ENVIADO ESPECIAL A BONITO (MS)

Bonito inaugurou na segunda-feira o seu Convention & VisitorsBureau. Os C&VBs são reconhecidos mundialmente como receita de sucesso para o fomento da atividade econômica e do turismo de negócios.Com a abertura do seu C&VB, a cidade pretende fortalecer ações de sustentabilidade.

"Nossa principal ação é incluir Bonito como um destino de eventos e não só de lazer e ecoturismo", diz Jussara Coinete Veron, presidente doBC&VB.

Com 40 atrações para cativar o turista, Bonito é destaque de turismo sustentável no país. Segundo Veron, um dos objetivos do Convention é discutir sobre "a capacidade de carga e suporte para que o nosso ambiente, muito frágil, consiga suportar, de forma organizada a chegada de visitantes". Por dia, cada um dos 40 passeios pode receber de 150 a350 pessoas.
Com a fundação do Convention, o município pretende contar com as suas belezas naturais e a infra-estrutura adquirida em mais de dez anos,desde que despontou como destino de ecoturismo, para atrair eventos.

"Esse é o grande salto em termos de visão de mercado. Temos infra-estrutura adequada, acesso rodoviário e aéreo, diversidade de atrativos e área apropriada para realização de eventos."

Em setembro será inaugurado um espaço para eventos de 4.500 metros quadrados e capacidade para 1.500 pessoas, com três auditórios, praça de alimentação, bares e restaurantes. O investimento privado para sua construção foi de R$ 5 milhões.

Pelo site www.bcvb.com.br/bcvbé possível contatar agências de receptivo, hotéis e pousadas, bares e restaurantes, além de obter informações sobre o município. O site da Atratur (Associação dos Proprietários de Atrativos Turísticos de Bonito e Região) www.atrativosbonito.com.br traz informações sobre passeios.

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Grutas, cavernas e rapel em abismo tomam o dia durante estada

Dosar passeios aumenta rendimento do turista

DO ENVIADO ESPECIAL A BONITO (MS)

É preciso saber dosar os vários passeios em Bonito para não se exaurir logo de cara. Entre grutas, balneário, aquário, arvorismo, cavernas, trilhas e rapel, há atividades que tomam o dia todo, como o abismo Anhumas, que, aliás, precisa de um dia e meio -uma parte só em treinamento.

Portanto tente intercalar, entre um passeio pesado e outro, tours mais leves, como a flutuação no rio da Prata, o aquário ou a gruta de São Miguel. Para realizar as flutuações no rio da Prata (www.riodaprata.com.br) e no Aquário Natural, o visitante deve caminhar pelas trilhas da mata ciliar. Nada mal, pois observam-se animais silvestres e árvores centenárias, como os ipês, as aroeiras e as perobas. Ao chegar até as nascentes dos rios, começa uma das experiências mais interessantes de Bonito. O turista entra em um imenso aquário de águas cristalinas e se desloca tranqüilamente em meio a dezenas de espécies de peixes e de plantas aquáticas, com cores e formas de infinita beleza. O importante é deixar-se levar pela suave correnteza.

Descobre-se um mundo totalmente fantástico sem precisar fazer treinamento, embora os guias passem algumas orientações.

Antes mesmo de entrar na trilha, tanto máscara e snorkel como roupa e bota de neoprene são usados pelo turista e estão inclusos nos pacotes. Mas quem tem uma máscara em casa deve levar, pois as oferecidas no passeio podem não se ajustar perfeitamente ao rosto. Uma deliciosa comida típica sul-mato-grossense, servida na sede da fazenda, aguarda o turista para o almoço.

Outro dos pontos turísticos "leves" e interessantes é o balneário municipal, uma praia exótica localizada a dois quilômetros do centro. O lugar é mais freqüentado pelos moradores da região. Ali, nada-se com as piraputangas voadoras, um dos peixes da região mais conhecidos pelos enormes saltos dados para fora da água atrás de alimentos.

Para os dias em que o viajante tem mais disposição, escolha a estância Mimosa. O roteiro tem início a 22 km de carro da região central. Chega-se à casa-sede da fazenda. O passeio é uma caminhada por trilha pela mata preservada na qual se passa por oito cachoeiras cristalinas e de várias quedas. Há pontos de banho em piscinas naturais. Não há como não ver animais silvestres. Eles estão por todos os lados. Divirta-se com um jacaré que vive em um lago próximo ao receptivo ser alimentado com pedaços de fígado em bife e corajosas galinhas arriscarem suas vidas tentando roubar-lhe o alimento.

Outro tour para iniciados é a Boca da Onça. A mais alta das cachoeiras do Estado, com 156 m de altura, fica a 55 km do centro e é ideal para praticantes e apreciadores de esportes radicais: o rapel de 90 metros de altura é pura aventura. Uma plataforma de 34 metros de comprimento projeta-se no abismo, proporcionando uma descida repleta de adrenalina pelo paredão com inúmeras grutas e um magnífico visual sobre o cânion do rio Salobra.

Se quiser aumentar a adrenalina, não deixe de ir ao abismo Anhumas, uma cavidade no chão com profundidade de 72 metros, onde o turista desce e sobe de rapel, fazendo uma verdadeira viagem a outro planeta. Há magníficas formações geológicas na parte seca (espeleotemas), que são como esculturas produzidas pela natureza. Junto, há um lago de água cristalina do tamanho de um campo de futebol. Abaixo de sua superfície, os praticantes de mergulho livre se deparam com enormes estruturas em formas de cones, com até 16 metros de altura.

A única entrada de luz, nesse passeio, é por uma fenda entre duas rochas. A enorme caverna é escura e fria, mas, sem dúvida, é um dos atrativos mais belos da região. O passeio requer um treinamento obrigatório antes da descida. Para o mergulho autônomo é necessário uma credencial. O abismo fica a 22 km do centro da cidade, e o acesso só é possível por uma estrada de terra.

(FERNANDO DONASCI)

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Churrasco, jacaré e pratos sul-mato-grossenses também integram menu regional, mas também há pizzaria

Peixes de rio roubam a cena sobre a mesa

DO ENVIADO ESPECIAL A BONITO (MS)

Peixe, jacaré e churrasco são algumas das figuras mais presentes nos fornos e fogões de Bonito. O pintado ao molho de urucum do Cantinho do Peixe é uma boa maneira de começar a explorar o mundo dos peixes de rio servidos na cidade. A porção é farta e custa R$ 35 para duas pessoas.Quem não dispensa doces deve dar um pulo na confeitaria Vício da Gula.Já os amantes de um cafezinho expresso devem fazer sua parada no Espaço43, onde também funciona uma galeria de arte.

Aqueles que têm ganas de provar pratos exóticos não devem perder a chance de experimentar a carne de jacaré. Ela é a especialidade do restaurante Castelabatte(0/xx/67/255-1713). Além dos pratos típicos, a cidade tem pizzarias e culinária árabe. A culinária japonesa é representada pelo restaurante Sale e Pepe (0/xx/67/255-1822). A italiana fica por conta da Spagheteria Santa Esmeralda (0/xx/67/255-1943). Há vários restaurantes no estilo self-service. Os preços variam de R$ 10,90 a R$ 12 o quilo,como no restaurante Tapera, que entre os três tipos de carne servidos por dia, mantém sempre uma opção de peixe.

O restaurante Casarão, além do self-service, tem rodízio de peixe. Os pratos sul-mato-grossensessão indispensáveis para quem vai à região. Eles podem ser degustados nas sedes das fazendas nas quais acontecem visitas turísticas. Basta pedir, na reserva, que o almoço esteja incluído. Eles custam de R$ 12 aR$ 16 por pessoa. Há ainda os restaurantes de categoria superior dos hotéis que funcionam somente com reservas, como o do Zagaia Eco - Resort o do Wetega Hotel.

Caninha
Para os amantes da cachaça, o bar Taboa é obrigatório. Lá há um exemplar de cana curtida em canela, guaraná em pó, mel e outros segredos. (FERNANDO DONASCI)

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