sábado, 30 de outubro de 2004
Folha do Turismo
Ecoturismo na maior planície alagável do planeta
A exuberância natural da região abrange 12 municípios dos estados de Mato Grosso (Pantanal Norte) e Mato Grosso do Sul (Pantanal Sul). De meados de novembro ao começo de abril, chuvas alargam o leito do rio Paraguai e de seus afluentes, que transbordam cobrindo uma área de cerca de 230 mil quilômetros quadrados. De maio a outubro, a seca e o sol forte fazem os animais saírem de suas tocas e aproveitarem as campinas para se reproduzirem. Esses dois cenários absolutamente contrários ocorrem em um mesmo lugar, um verdadeiro santuário ecológico que fica logo ali, encravado no Centro-Oeste brasileiro, entre os estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.
A esta altura, o leitor já percebeu que estamos falando do Pantanal, a maior planície alagável do mundo, um território equivalente a três estados do Rio de Janeiro ou a um Uruguai inteiro. Considerando a extensão norte-sul, a área do Pantanal tem 770 quilômetros, sendo que 83% deste território pertencem ao Brasil. Outros 15% ficam na Bolívia e uma pequena parte no Paraguai, onde recebe o nome de Chaco.
O Lago de Manso é uma das grandes atrações do local
Justamente por estar em uma zona de transição entre os ecossistemas da Floresta Amazônica, Cerrado e os campos abertos do sul, com grande ocorrência de rios, a fauna e a flora da região são extremamente ricas. Esta surpreendente variedade de ecossistemas acabou levando o Pantanal a ser declarado reserva da biosfera pela Unesco, passando a integrar o acervo dos patrimônios da humanidade. Tudo isso só confirma o seu caráter de tesouro ecológico.
O João-de-Barro no seu habitat
Realmente, não há quem não fique paralisado ao entrar em contato com tantos animais, de tão variadas espécies. Se a viagem estiver marcada para este mês, época perfeita para a observação da fauna, é possível que o turista veja mais bichos do que veria em um safári na África. Lógico que aqui não podem ser avistados leões ou elefantes, mas os jacarés e as onças-pintadas, que, com sorte podem ser vistas, já garantem momentos plenos de adrenalina. Tente não ficar hipnotizado para poder fazer as fotografias. Afinal, não é todo dia que 280 tipos de peixes, 90 de mamíferos, 600 de aves e 50 de répteis desfilam a nossa frente.
Tuiuiu é a ave-símbolo do Pantanal
A exuberância natural da região abrange 12 municípios dos estados de Mato Grosso (Pantanal Norte) e Mato Grosso do Sul (Pantanal Sul). De alguns anos para cá, a infra-estrutura, tanto no Pantanal Norte quanto no Sul, tornou-se bastante confortável, satisfazendo aqueles que querem aventura sim, mas não abrem mão de conforto. Antigas fazendas viraram hotéis-fazenda, cujo maior expoente é o Refúgio Ecológico Caiman, no município de Miranda, no Pantanal Sul. Assim, ficou mais fácil, por exemplo, programar uma viagem com crianças.
A capivara é facilmente encontrada
A preocupação ambiental é outro ponto forte da estrutura da região. Os passeios devem sempre ser acompanhados de guias especializados, que informam o que pode e o que não pode ser feito, e o acesso a determinadas atrações tem um número máximo de visitantes por dia. Por isso, a dica é reservar os pacotes com antecedência, de preferência ainda na cidade de origem e através de uma agência de viagens.
Para se chegar até as principais atrações do Pantanal, o ideal é partir ou de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, ou de Cuiabá, capital do Mato Grosso.
Saindo da primeira, o caminho é a BR-262, trecho asfaltado que vai de Campo Grande a Corumbá, cidade sul mato-grossense considerada a ?Capital do Pantanal Sul?. Partindo de Cuiabá, o caminho é a estrada Transpantaneira. São 147 quilômetros de terra ligando as cidades de Cuiabá e Porto Jofre. A recompensa é o visual: a Transpantaneira corta uma região de lagoas e suas 126 pontes funcionam como mirantes para a natureza que se descortina em um imenso zoológico. O tempo médio para percorrê-la é de seis horas. Durante o período da cheia, a utilização de um veículo 4x4 é indispensável.
Um lugar que faz jus ao nome - Entre as surpresas encontradas na região do Pantanal, está Bonito, um imenso aquário natural localizado na Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul. Ali, as opções de diversão são muitas, indo do trekking a banhos refrescantes em belas cachoeiras e visita a cavernas de águas cristalinas, como a famosíssima Gruta do Lago Azul. É a flutuação nas correntezas dos rios, no entanto, o programa mais concorrido. A explicação é simples: a visibilidade das águas da região é espantadora devido à alta concentração de calcário, que funciona como agente purificador. Assim, toda a riqueza que habita o fundo de rios e lagoas está ao alcance dos olhos dos turistas. Mas quem quer associar ecoturismo a altas doses de aventura também encontra o cenário ideal, com possibilidades de fazer rapel no impressionante Abismo Anhumas e rafting no rio Formosinho.
Mergulho e flutuação em águas cristalinas
Cachoeiras, grutas com lagos, rios. A água - de coloração azul-turquesa, diga-se de passagem - é o que faz a diferença na cidade do interior do Mato Grosso do Sul que atende pelo sugestivo nome de Bonito. Localizado entre a Serra da Bodoquena e a planície pantaneira, o lugar entrou no mapa do ecoturismo no Brasil em meados dos anos 90. A grande oferta de atrações rapidamente alavancou a cidade para a condição de referência nacional, com cada vez mais turistas descobrindo os seus encantos.
Além das belezas naturais, o mais interessante a ser observado em Bonito é que o lugar está consciente da necessidade de preservação do meio ambiente
Ali há opções tanto para quem quer apenas relaxar e contemplar a natureza como para os adeptos de esportes para lá de radicais. Trekkings, banhos em cachoeiras, grutas e cavernas, flutuação pela correnteza de rios como o Sucuri, da Prata e Formoso, rafting, rapel, mergulho autônomo, trilhas de bicicleta, parapente e até ultra-leve. Tudo isso pode ser feito em meio ao cenário estonteante da Serra da Bodoquena, que abriga a maior extensão de florestas preservadas do Mato Grosso do Sul.
Além da preservação do verde, Bonito destaca-se por apresentar uma das mais completas áreas de lazer aquático do mundo. Um dos atrativos que confirma esta vocação de "aquário natural" é a Gruta do Lago Azul. Esta não é apenas mais uma das 80 cavernas (secas ou inundadas) existentes em Bonito. Seu diferencial é um lago de tonalidade azul-profundo ladeado por estalactites e estalagmites que dão origem a curiosas figuras de pedra.
O rafting nos rios da região garante adrenalina e emoção para os turistas
O Lago Azul está escondido no interior dos 70 metros de altura da gruta. Para encontrá-lo, é preciso enfrentar, primeiro, uma escadaria de pedra em desnível de 75 metros e alguns degraus escorregadios. Como o trajeto é puxado (no total, percorre-se 360 metros), existem cinco plataformas para se recuperar o fôlego até atingir o objetivo final. A primeira visão do lago é impactante e a primeira coisa que vem à cabeça é "quero entrar ali". O mergulho, no entanto, é proibido. Dedique-se, então, a observar as diversas tonalidades de azul que aparecem devido aos raios de luz que entram na caverna e iluminam o lago de forma descontínua. Entre as estalagmites submersas repousam ainda ossadas pré-históricas de animais, como a preguiça-gigante e o tigre-dente-de-sabre. Por motivos de preservação, a entrada de visitantes é extremamente controlada, sendo permitidas apenas 225 pessoas por dia em horários espaçados para não haver concentração de turistas no interior da caverna. Também não é autorizada a participação de menores de cinco anos no passeio.
Vitórias-régias gigantes
Se o visitante não pôde mergulhar na Gruta Azul, ainda terá uma série de oportunidades pela frente para satisfazer essa vontade. Uma delas é a flutuação (snorkeling) no rio Sucuri, de 1500 metros de extensão, e que, ao contrário do que o nome sugere, não é infestado de cobras. Pelo menos, é o que afirmam os guias locais. Munidos de coletes salva-vidas, snorkel e uma espécie de sapatilha, os turistas vão descendo o rio ao sabor de sua correnteza. A orientação é não bater as pernas (não é permitido o uso de pés-de-pato) nem ficar de pé. Assim, a transparência da água é garantida, já que andando ou nadando as partículas do fundo do rio são trazidas à sua superfície, além de espantar os peixes. O passeio dura em média uma hora e acaba quando o Sucuri deságua no rio Formoso.
O Formoso é outro dos rios troncais da região. Ali também são realizados passeios de bote num rafting leve de oito quilômetros. O percurso tem apenas uma corredeira, ideal para principiantes no esporte. Ao longo do trajeto, três cachoeiras surgem enfeitando a paisagem. Em um dos afluentes do Formoso, o Formosinho, quem preferir poderá dedicar-se a uma aventura com uma dose de adrenalina um pouco mais generosa. A dificuldade deste rafting é maior que a do anterior, com um total de sete corredeiras.
A diferença é que, ao invés de botes coletivos, a descida é feita em bóias individuais, que dão origem ao inusitado esporte chamado bóia-cross. Cada aventureiro acomoda-se em uma bóia de um metro de diâmetro, de preferência de bruços, para poder observar os ecossistemas subaquáticos. Feito isso, resta deixar-se levar pela correnteza. A volta é por uma trilha que beira o rio, permitindo paradas para banhos refrescantes.
Na Fazenda Boca da Onça, é possível fazer mais trilhas na mata, onde surgem simplesmente 12 cachoeiras. A maior do estado, a Cachoeira da Onça, está entre elas. Trata-se de uma queda de 156 metros. Após a caminhada, recupere as energias nas duas piscinas da fazenda nadando ao lado de dourados, piraputangas, cacharas e outros peixes. Outra opção irresistível é a Reserva Ecológica Baía Bonita, um grande aquário natural de água doce, sem correnteza, que permite o snorkeling em águas transparentes. Outra atração da Reserva é a Trilha dos Animais, um parque onde podem ser observados jacarés, cervos-do-pantanal, lobos-guarás e sucuris.
Além das belezas naturais, o mais interessante a ser observado em Bonito é que o lugar está consciente da necessidade de preservação do meio ambiente, através de um turismo sustentável. Para se ter uma idéia, qualquer passeio nesse santuário ecológico é acompanhado por um guia local registrado, que trabalha para que os visitantes respeitem as normas locais. Muitas atrações também têm um número máximo de visitantes por dia, que não pode de maneira alguma ser ultrapassado.
Aventura e adrenalina no Abismo Anhumas
As belezas naturais de Bonito constituem o ce-
nário perfeito para a prática de esportes radi-
cais. Neste quesito, aliás, a região é generosa. Com vários rios, entre os quais se destacam o Sucuri e o Formoso (além de seus afluentes), o rafting é uma das principais atrações. Há corredeiras bem leves, ideais para iniciantes, e outras mais instigantes, para quem já tem alguma experiência no esporte.
Bonito tem esportes imperdíveis com a natureza: bóia-cross no rio Sucuri, e rapel no Abismo Anhumas
O rafting é bastante concorrido, mas a atração principal no roteiro da aventura é, sem dúvida, o rapel no impressionante Abismo Anhumas, que é combinado com o mergulho no lago que se forma dentro da caverna. O lago do Anhumas, na verdade, é uma gigantesca piscina natural do tamanho de um campo de futebol, ideal para a prática do mergulho autônomo. O interessante é que o acesso é feito por uma pequena fenda no solo, que esconde esse imenso lago cristalino. Durante o mergulho, o turista poderá ver um verdadeiro ?vale de cones? embaixo d?água, alguns chegando a medir 20 metros. As margens também seguem o padrão conífero, com estalagmites de diversas formas e tamanhos.
Mas para ter direito a um banho neste lago, é preciso antes vencer o medo: uma descida de 72 metros por rapel, altura equivalente a um prédio de 21 andares. Pela visível dificuldade da tarefa, antes de fazer a descida para valer os guias realizam um treinamento no dia anterior com o objetivo de familiarizar os turistas com o equipamento. Qualquer pessoa está apta à atividade, com exceção de cardíacos, diabéticos e portadores de problemas nervosos ou psíquicos, assim como, pessoas obesas.
Depois de passar pela garganta chega-se a um lago límpido
Os primeiros oito metros da descida são os mais estreitos. Nesta parte, que parece uma garganta com rochas pontudas, é preciso ter atenção para não balançar muito e com isso esbarrar nas paredes. Depois, as rochas vão se abrindo, fazendo surgir o lago e o salão do Abismo, um vão livre com mais de 60 metros. Como a caverna é iluminada apenas pelo feixe de luz que entra pela sua estreita abertura na superfície, o salão não é inteiramente revelado, o que torna a descida intrigante e assustadora, uma vez que ainda não se sabe ao certo o que nos espera lá embaixo.
O visitante "desembarca" da corda do rapel em um deque flutuante, onde a roupa de borracha e o equipamento para o mergulho já estão separados. Quem for profissional pode mergulhar com cilindro, mas não é possível chegar até o fundo em virtude da profundidade de cerca de 80 metros. Porém, como a água é absolutamente transparente, basta iluminar o fundo com a lanterna para apreciar o espetáculo. Mesmo quem ficar apenas boiando na superfície deve usar a roupa de neoprene. A água é muito fria, em torno dos 14ºC.
Nadar no "mar de cones"é ao mesmo tempo assustador e fascinante, uma paisagem daquelas que não se vê todos os dias. O entorno da caverna também merece ser observado nos mínimos detalhes. Um bote de apoio leva os visitantes mais próximo das paredes, na parte seca da gruta. Entretanto, não é permitido descer. Os estalactites formam cortinas e esculturas curiosas, fazendo com que o interior do Abismo lembre uma catedral gótica, escura, fria e imponente.
Chega a hora de voltar para o "mundo real". A subida é feita pela mesma corda pela qual os turistas desceram. As pernas apóiam-se em uma corda auxiliar que vai presa na trava das mãos. Num movimento sincronizado, empurra-se a trava com as duas mãos e encolhe-se as pernas, impulsionando o corpo para cima só com a própria força. A malhação continua até que o topo seja alcançado. Quem passou por essa experiência afirma que o esforço compensa. Na verdade, muitos nem reparam no cansaço porque ainda estão extasiados com a experiência pela qual acabaram de passar.
Bonito - Dicas de Viagem
* Os passeios em Bonito são ecologicamente controlados. Isso significa que o número de turistas por dia é limitado pelo Ibama por razões ecológicas. Na Gruta Azul, por exemplo, só são permitidas 225 pessoas por dia, enquanto no Abismo Anhumas apenas 12 aventureiros fazem o rapel por dia.
* Por esse motivo é imprescindível reservar com antecedência os passeios, principalmente se estiver viajando na alta temporada (de dezembro a fevereiro, julho e feriados). As reservas podem ser feitas por meio de agências locais, credenciadas pela prefeitura (www. portal_bonito.com.br) ou por sua agência de viagem.
* Conforme lei municipal, para visitação dos atrativos turísticos é obrigatório estar acompanhado de guia de turismo local credenciado pela Embratur e cadastrado na prefeitura.
* Para a realização dos mergulhos autônomos é obrigatório ter curso de mergulho.
* Na hora de fazer as malas, lembre-se que seu destino é um lugar ecoturístico e o que mais você vai fazer é caminhar. Portanto, traga roupas leves, chapéu, protetor solar e um bom tênis.
* Estamos entrando na melhor época para se visitar Bonito. O lugar é aprazível em todos os meses do ano, mas de dezembro a março, período das chuvas, a vegetação está mais verde, as cachoeiras caudalosas e os animais aparecem mais facilmente.
* O fuso horário do Mato Grosso do Sul é uma hora a menos que Brasília. Ajustar o relógio é essencial para não perder os passeios com hora marcada.
Pantanal mostra aos turistas a incrível dança das águas
O regime das águas é que dita o ritmo da vida no Pantanal. Na cheia do rio Paraguai e seus afluentes - entre dezembro e o começo de abril - a região fica alagada e os animais migram em direção às áreas mais elevadas, chamadas de ?cordilheiras?. O ?alagamento? acontece por causa do relevo pantaneiro, que é muito baixo. Para se ter uma idéia, os ?picos? da região não passam de 200 metros de altura. Nesta época, portanto, a melhor forma de avistar os bichos é através de passeios de barco, que se tornam o único meio de transporte disponível na região, já que as estradas ficam submersas.
São muitas opções de esportes e lazer
A vazante, período em que os rios começam a voltar ao ser curso normal, a partir de junho, completa o ciclo reprodutivo da fauna. Neste momento, surgem lagoas na paisagem e os animais ficam mais em evidência. Trata-se da época perfeita para realizar os chamados safáris fotográficos. É que com a seca se acentuando, os bichos ficam ilhados nas lagoas e, por isso, tornam-se presas fáceis para as fotografias dos turistas. O Pantanal Sul é onde está a fauna mais abundante e diversificada, porque ali as lagoas surgem em maior número em meio às campinas. Um dos maiores espetáculos é protagonizado pelos pássaros, que fazem revoadas que mais parecem danças coreografadas em busca de peixes.
Campos alagados e cavalos livres nos pastos
Falando em aves, vale citar que a região do Pantanal é considerada uma das mais importantes do continente americano para as aves aquáticas, com destaque para as populações de tuiuius, biguás, garças, colhereiros e patos de diversas espécies. Fazem também parte da exuberante fauna os cervos do pantanal, veados campeiros e mateiros, queixadas, lobinhos, tamanduás, tatus e jacarés, que são encontrados facilmente, e outros mais difíceis de serem avistados, como a onça-pintada (considerada o maior felino das Américas), a lontra e a ararinha, todos ameaçados de extinção.
Gastronomia a base de peixe é o forte da região
Para qualquer roteiro, a dica é acordar cedinho para ver o sol nascer. O amanhecer também é o horário mais indicado para a observação dos bichos, que costumam visitar a beira dos rios por volta das 5h. Outra opção é fazer os safáris no final da tarde, quando os turistas também são recompensados pelo céu alaranjado do pôr-do-sol. Não deixe de fazer as tradicionais cavalgadas por terrenos alagados, com água pelos joelhos. Outro programa imperdível são os passeios de barco por manguezais e florestas ciliares, que rendem ótimas fotos. Quando anoitecer, não pense duas vezes em fazer a focagem de jacarés. O passeio pode ser feito de barco ou de carro, em veículos 4x4. Munidos de lanternas, os turistas iluminam a mata e observam os olhos das feras brilharem no escuro.
Nos meses de maio a julho, é possível ainda fazer um snorkeling no rio Touro Morto (próximo à cidade de Aquidauana) ao lado de piranhas, arraias e até mesmo jacarés. Passeios de caiaque ou barco a motor pelo rio Negro é outra excelente alternativa para observar a vida animal. Os adeptos da pesca esportiva também encontram o cenário ideal para a atividade, no sistema pesque e solte. Quem gosta de caminhadas, irá encontrar trilhas de todos os jeitos e dificuldades.
O Pantanal é um dos melhores lugares do mundo para pesca
Portões de entrada - As capitais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as cidades de Cuiabá e Campo Grande, respectivamente, são as portas de entrada para se descobrir o Pantanal, apesar de ambas estarem geograficamente fora da região pantaneira. Ali chegam vôos de diversas capitais do país e internacionais. A partir de Cuiabá, o turista poderá explorar a região norte-pantaneira, indo até Poconé, Barão de Melgaço, Cáceres e Porto Jofre, localizada no final da rodovia Transpantaneira. Já Campo Grande é a cidade de partida para o Pantanal Sul, passando por Aquidauana, Corumbá, Miranda e Porto Murtinho.
Essas regiões dão origem a oito "pantanais", diferentes entre si. O Pantanal Sul é considerado o mais bem conservado e intocado ecossistema do planeta. Ali vivem aproximadamente 650 espécies de aves, 240 espécies de peixes, 50 de répteis, 80 de mamíferos, além de uma diversidade de flora: palmeiras, orquídeas, fafeno, taboa e centenas de outras espécies.
Em Barão de Melgaço, uma enorme área alagável com campos e matas que ficam submersos boa parte do ano, o turista poderá conhecer grandes baías, como a de Chacororé e Siá Mariana. Passeios de barco levam os visitantes para junto dos animais, com direito à visita a ninhos de pássaros e à focagem noturna de jacarés. A prática de esportes de aventura, como rapel e rafting, também está no roteiro, assim como o passeio a mais de 26 sítios arqueológicos na região de Rondonópolis, com registro de civilizações que viveram por ali há nove mil anos.
Cáceres, por sua vez, está próxima da fronteira com a Bolívia e destaca-se por seus enormes paredões rochosos que formam a Serra das Araras e dão origem a cachoeiras irresistíveis. Um diferencial do lugar é que ali há um aeroporto com capacidade para aviões de grande porte. Outro destaque é o Festival Internacional de Pesca, que movimenta a cidade no mês de setembro. O evento é considerado o maior do gênero do mundo. Na pequena Porto Jofre, última cidade da Transpantaneira, a tônica também é a observação das belezas naturais, sendo que o lugar fica às margens do rio Cuiabá e junto aos rios São Lourenço, Piquiri, Negro e Negrinho, os principais afluentes do Pantanal.
No Pantanal Sul, as maiores referências são mesmo Corumbá (considerada a capital da região) e Aquidauana. Esta última é uma simpática localidade e hospitaleira, que tem 70% de sua área total dentro do Pantanal. Ali, a pesca teve fundamental importância no desenvolvimento do turismo, atraindo grande quantidade de pescadores nas temporadas e finais de semana.
Corumbá, situada às margens do rio Paraguai, abrange 60% do Pantanal Sul (ou 37% do Pantanal inteiro). Trata-se da principal cidade comercial da região pantaneira, onde pode ser percebida uma grande influência européia e platina. Durante a Guerra do Paraguai (de 1864 a 1870), o lugar foi dominado pelas tropas de Solano Lopes, o que resultou na destruição de boa parte da cidade. Após a retomada pelo exército brasileiro, o porto foi reaberto e iniciou-se a reconstrução da cidade. Hoje, o Turismo é a principal atividade econômica local ao lado da pecuária. Além disso, por estar localizada na fronteira com a Bolívia,
Corumbá tem uma Zona Franca, o que torna a compra de produtos bolivianos nas cidades de Puerto Suarez e Puerto Quijarro uma atividade bastante convidativa.
Pescaria liberada até novembro
A maior planície alagada do mundo, como não poderia ser diferente, guarda uma incrível variedade de peixes, que atrai os amantes da pesca esportiva. Entre as cerca de 263 espécies da região, as mais cobiçadas são os pintados, cacharas, pacus e dourados. A temporada de pesca no Pantanal vai de março a novembro. Nos demais meses, a atividade é proibida, já que é o período da piracema, época em que os peixes sobem os rios em direção às nascentes para desova.
No Pantanal Sul, os principais destinos são Corumbá e Aquidauana, onde existe uma série de hotéis-fazenda situados à beira dos rios Negro, Miranda, Vermelho e Touro Morto especializados em atender turistas com este objetivo de viagem. Como está às margens do rio Paraguai, a cidade de Corumbá também oferece condições favoráveis a boas pescarias. De lá partem embarcações rio acima ou rio abaixo, buscando os melhores pontos para soltar o anzol. Há inclusive muitos barcos-hotéis que passam dias navegando pelos rios. Quem fizer questão de conforto, no entanto, pode optar pela hospedagem na própria capital.
Dicas para se explorar a região
* Cruzar parte do Pantanal de barco. Existem diversas operadoras que oferecem este serviço. Para quem gosta de pesca, existem excursões especializadas.
* Fazer uma excursão de jipe, acampando em meio à selva. Existem diversas operadoras que fazem este tipo de tour, que geralmente dura cinco dias. Estas excursões também podem ser feitas a cavalo.
* Hospedar-se em uma fazenda, e, a partir desta, fazer passeios de barco, jipe, cavalo e a pé. Algumas delas estão em regiões bem remotas do Pantanal, e o traslado é feito em avião mono-motor.
* Alugar um jipe e cruzar o Pantanal por conta própria. Esta opção, no entanto, é aconselhável apenas na época da seca e para jipeiros experientes.
30/08/2023 - 00:00