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quarta, 18 de dezembro de 2002

Radical, mas seguro

Revista Veja ed. 1782

Mergulho em cavernas, considerado de alto risco, ganha infra-estrutura e atrai turistas

Rosana Zakabi

O Brasil é um lugar privilegiado para um tipo especial de mergulho ? aquele feito em águas subterrâneas. São mais de 3.000 cavernas catalogadas, muitas delas com lagos e rios. O que atrapalhava era a falta de infra-estrutura de apoio. Feito de modo selvagem, o mergulho em cavernas é arriscado. Devido à pouca luminosidade em alguns trechos, o mergulhador pode se perder e não encontrar a saída. Essa situação está mudando. Neste ano, o Ibama abriu aos mergulhadores três cavernas em Bonito, em Mato Grosso do Sul. São a Gruta do Mimoso, a Abismo Anhumas e a Lagoa Misteriosa, que estão entre as mais espetaculares do país. Outras três devem ser liberadas em breve na mesma região. Os cuidados com a segurança são severos. O turista é obrigado a fazer um curso específico de mergulho em caverna, que dura cerca de uma semana e custa 600 reais. Para se aventurar em certos trechos, exige-se experiência com mergulho a céu aberto. Ainda assim, só é permitido entrar na água em pequenos grupos acompanhados de guias licenciados pelo Ibama.

O esforço vale a pena. A Gruta do Mimoso fica a 35 quilômetros do centro de Bonito e é uma das mais populares. O visitante consegue mergulhar a uma profundidade de 18 metros e, lá no fundo, nadar entre formações calcárias de 8 metros de altura. O único acesso para a Abismo Anhumas, a 23 quilômetros de Bonito, é por meio do rappel ? ou seja, é preciso descer paredões pendurado em uma corda. A descida até a superfície do lago é de 72 metros. O acesso para a Lagoa Misteriosa é feito por uma escadaria de 100 metros de altura. "O mergulho não é difícil, mas requer autocontrole e tranqüilidade, principalmente porque há alguns trechos sem luz", diz Alexandre Glauco Selhorst, engenheiro paranaense que mergulhou em Bonito neste ano. As visitas às cavernas de Bonito estiveram proibidas durante dois anos. "Além do problema da segurança no mergulho, havia a questão das pichações, do lixo e da depredação das formações rochosas", explica Ricardo Marra, chefe do Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas do Ibama.

O mergulho na Gruta da Pratinha, na Chapada Diamantina, não exige preparo nem autorização prévia. Usam-se apenas snorkel, máscara, colete salva-vidas e lanterna. Dos 3.000 visitantes que a gruta recebe todo mês, 300 mergulham, entre eles crianças e adolescentes. O mergulho custa 15 reais por pessoa e os equipamentos podem ser alugados no próprio local.

Em Minas Gerais, os mergulhos acontecem na Represa de Furnas, na cidade de Passos, a cerca de 30 quilômetros da barragem. Existem mais de dez cavernas submersas no local, a até 20 metros de profundidade. Na entrada de uma delas há um barco naufragado. Os mergulhadores nadam dentro delas e podem ver tipos de peixes que vivem nas grutas.

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