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sexta, 26 de agosto de 2022

Dicas Culturais em Bonito

Há algumas décadas, Bonito se compunha de somente três ruas de terra e não mais que oitocentos habitantes moravam por estas bandas. Era uma pequena vila cercada de muita mata, várias fazendas e as famosas nascentes e grutas ainda estavam fechadas pela vegetação, esperando para serem descobertas.

Nesta época existia uma arrozeira que se transformou em mercado, chamava-se Santo Antonio e para este lugar o tempo parou, a mesma construção de taboas surradas ainda abriga um mercado surreal e é o mesmo Sr. Antonio que atende no supermercado bodega. Produtos como arroz, feijão entre muitos outros são ainda vendidos a granel em latas usadas como a décadas.
Este atrativo é gratuito e leva o visitante além de sua compreensão, até mesmo os clientes parecem ter vindo de décadas atrás, gente do campo, das fazendas e gente simples que não aceita e tampouco entende de dinheiro plástico.
Pagam com nota de papel, ou retiram moedas da niqueleira, às vezes também utilizam o caderno da pendura, e dificilmente o Sr. Antonio que conheceu os pais e os avôs de seus novos clientes leva um calote.
Este lugar se localiza numa rua que leva o nome de Pedro Álvares Cabral, e mantém rica a cultura dos tempos da Fazenda Rincão Bonito. Muitos moderninhos podem até achar que é um afronta aos tempos modernos, mas graças a seu Antonio podemos desvendar os segredos e curiosidades de nosso passado, o seu Antonio, que tem nome de santo transformou um lugar dele em um lugar de todos. Agradeçam a ele quando passarem por lá.

Outro atrativo imperdível e gratuito é a feira de todos os sábados na praça, barracas de pastel, peixe, e verduras compõem um cenário único, as delicias de Bonito podem ser compradas direto da fonte, que ás vezes pode ser uma senhora de quase um século vendendo seus doces ou a Romã, mandioca, guavira entre outra frutas e verduras, que brotam desta terra e são colhidas no dia.

Se não bastassem estas dicas ainda temos a possibilidade de encontrar na rua o seu Marcondes, um dos melhores peões de comitiva da região ele para sem frescura e conta seus casos, e que casos.
E não se assuste se de uma hora para outra você se encontrar com uma boiada e, vários peões fazendo zunir o estalador para a boiada respeitar, estas comitivas talvez ainda seja o que de mais precioso podemos ver em matéria de cultura local, homens levam a boiada durante mais de trinta dias deste as terras alagadas até as secas.

Bonito ainda tem figuras como a do ciclista que já andou por todo Brasil numa bicicleta que deve pesar uns trinta quilos e entre vários apetrechos tem radio e buzina de caminhão, ou como a do gaúcho do trenzinho que leva todos ao balneário, muitas vezes vestido de palhaço, alegra as crianças até em cima de uma charrete.

Estamos na região dos Índios Guaicurus, os temidos índios cavalheiros e, nossa cultura está cravada pelos índios e colonizadores, que por si só são atrações extras.
Esta riqueza cultural pode ser observada por qualquer um que decidir pedalar ou caminhar por nossas ruas, e olhar para as casas e os terrenos que muitas vezes abrigam tesouros tão valiosos que se escondem sob a capa de simples pessoas da terra. 

Somente os olhos atentos podem ver estas riquezas e, contemplar verdadeiramente um Bonito feito tanto de gente como de paisagens é uma oportunidade única.

COLUNISTA

Daniel De Granville

daniel@portalbonito.com.br

Daniel De Granville, Biólogo formado pela USP e pós-graduando em Jornalismo Científico pela Unicamp, reside em Mato Grosso do Sul desde 1994, onde tem se dedicado ao ecoturismo e à fotografia de natureza. Seu site pessoal é www.fotograma.com.br, e o dia-a-dia do seu trabalho pode ser conferido em www.fotogramablog.blogspot.com.

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