quarta, 05 de março de 2008
MS Notícias
Um grupo de 18 produtores rurais, agrônomos e técnicos em agronegócio da Alemanha iniciaram no último domingo (02.03) uma viagem tecnológica pelo Brasil para conhecer de perto alguns dos mais peculiares produtos desenvolvidos pela agricultura e pecuária brasileiras. O impacto começou já no primeiro dia de visitas quando acompanharam, no Mato Grosso do Sul, as principais etapas de produção em confinamento do jacaré-do-Pantanal precoce, animal que atinge ponto de abate em velocidade três vezes mais rápida que o jacaré desenvolvido em criatório convencional. O cardápio do almoço (com pratos a base de jacaré), a qualidade do couro e a possibilidade de segurar um "alligator" surpreenderam e empolgaram o grupo.
Os alemães chegaram ao Brasil na noite de sábado (01.03) e pernoitaram em São Paulo. Na manhã seguinte embarcaram para Campo Grande/MS de onde partiram para as fazendas conjugadas Cacimba de Pedra-Reino Selvagem, no Pantanal de Miranda - distante 226 km da capital sul-mato-grossense.
A Reino Selvagem é a única propriedade brasileira a produzir este animal que em um período de 12 a 15 meses de idade já atinge o ponto de abate e cujo couro é considerado um dos melhores do mundo para processamento industrial. A Cacimba de Pedra, por sua vez, atua na atividade de turismo rural, com grupos interessados em conhecer as etapas de produção do jacaré e vivenciar o dia-a-dia da lida rural.
Os alemães não pouparam elogios ao almoço, principalmente aos pratos típicos da fazenda, como o "jacaré grelhado ao molho de abacaxi" e o "filé de jacaré grelhado na manteiga ao molho de laranja com pimenta biquinho e banana da terra". Depois puderam conhecer e manusear o couro curtido do animal, ideal para confecções de bolsas, sapatos, roupas, pastas, cintos e peças de decoração.
REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Em seguida, debaixo de um calor de mais de 35 graus e um sol escaldante, o grupo conheceu as células de desenvolvimento dos animais onde puderam tocar e segurar alguns filhotes sem esquecerem o devido registro fotográfico. No matrizeiro da Reino Selvagem, os alemães encerraram a primeira etapa da visita tecnológica ao Brasil. Lá eles puderam ver, a uma distância inferior a dois metros, os machos e fêmeas reprodutores que chegam a medir de três a quatro metros de comprimento.
A instrução técnica ao grupo - produção, melhoramento genético e mercado - ficou a cargo do médico veterinário e proprietário da Reino Selvagem, Gerson Bueno Zahdi. Os alemães fizeram uma série de perguntas interessados em saber sobre volume de produção, retorno econômico, viabilidade do negócio, conversão alimentar e reações de ambientalistas. Zahdi explicou que, por ser uma produção sustentável e que não afeta a população de jacarés selvagens (nascidos e que vivem na natureza, sem interferência do homem) o sistema não sofre qualquer restrição, além de ser autorizado pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais).
"Isso tudo aqui é diferente para eles; o grupo gostou muito", comentou Mitie Sumida, responsável pelo atendimento da empresa campo-grandense que transportou os alemães ao Pantanal.
PELO BRASIL
No Mato Grosso do Sul os alemães ainda vão conhecer a tecnologia de transferência de embriões de bovinos, o sistema de cultivo de arroz irrigado e alguns frigoríficos. Depois seguem para a Região Norte do Brasil e terminam a visita tecnológica no Nordeste onde vão acompanhar a produção de cachaça.
De acordo com os organizadores da caravana alemã, a visita ao Brasil é estritamente de turismo tecnológico, ou seja, todos estão interessados em conhecer, fazer observações e registros sobre as especificidades de cada sistema produtivo. "Não há, nesta viagem, qualquer objetivo comercial ou de transferência de tecnologia, o que poderia eventualmente acontecer em outra ocasião", garantiu Sumida.