Gérard Moss, do Projeto Rios Voadores, será condecorado pela Rainha Elizabeth com o MBE no dia 18/11, no Palácio de Buckingham - Londres
Gérard Moss receberá das mãos da Rainha Elizabeth a medalha e o título de Membro da Ordem do Império Britânico MBE
EcoBrasil
divulgação(Foto: Expedição Rios Voadores)
Gérard Moss receberá das mãos da Rainha Elizabeth a medalha e o título de Membro da Ordem do ImpérioBritânico – MBE, distinção concedida por préstimos à sociedade que merecem reconhecimento público. Gérard será condecorado pelo serviço prestado nas questões ambientais que envolvem o Brasil e consequentemente o mundo.
Explorador ambiental, piloto e engenheiro, Gérard é naturalizado brasileiro há duas décadas e têm dedicado anos promovendo a preservação e o uso racional das águas. Mais recentemente, através doProjeto Rios Voadores que ele idealizou, viabilizou pesquisas e articulou a divulgação sobre a influência da floresta amazônica no clima brasileiro, focando especialmente numa preocupação com as águas e as chuvas.
"Estou muito surpreso e honrado por ter sido indicado para receber a condecoração MBE, distinção concedida pela Rainha Elizabeth. Mas tenho plena consciência de que esse reconhecimento vem graças à colaboração que tive durante muitos anos de vários cientistas aqui no Brasil, nos projetos Brasil das Águas e Rios Voadores, e a confiança dos responsáveis do Programa Petrobras Ambiental," conclui Gérard.
Sobre o Projeto Rios Voadores:
O termo "rio voador"descreve com um toque poético um fenômeno real que tem um impacto significante em nossas vidas.
Rios voadoressão cursos de água atmosféricos, invisivíes, que passam em cima das nossas cabeças transportando umidade e vapor de água da bacia Amazônica para outras regiões do Brasil.
O Projeto Rios Voadores pesquisa, por meio da análise de amostras de vapor de água coletadas em um pequeno monomotor, as massas de ar que provêm da Amazônia trazendo umidade para outras regiões do Brasil. Essas massas de ar são conhecidas hoje como rios voadores.
Há três décadas, cientistas brasileiros, liderados pelo Prof. Eneas Salati, reconhecem e estudam os rios voadores, mas só agora, no século 21, é que nasceu uma idéia com asas para tentar aprofundar o conhecimento sobre o fenômeno.
Estudos recentes têm mostrado uma ligação significante entre o sistema climático amazônico e aquele sobre a bacia do Prata. Poucos pessoas conhecem a existência do transporte do vapor d’água por massas de ar que aqui estamos chamando de rios voadores. O volume de vapor de água transportado por esses rios voadores pode ser maior que a vazão de todos os rios do centro-oeste e ter a mesma ordem de grandeza da vazão do rio Amazonas (200.000 m3/s).
O projeto, idealizado por Gérard Moss em colaboração com Prof. Salati, busca identificar a origem do vapor de água transportado pelas massas de ar vindos da Amazônia e quantificar o papel da evapotranspiração da floresta amazônica nas chuvas que caem nas regiões mais ao sul.
Na primeira fase do projeto, realizada entre 2007-2009, foram coletadas 500 amostras de vapor de água de várias regiões do Brasil, principalmente da Amazônia. Estas amostras foram analisadas pelo CENA (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) da USP, Piracicaba, SP.
Na segunda fase, que conta novamente com o patrocínio do Programa Petrobras Ambiental, será possível avançar nos estudos, interligando os resultados das análises com as condições meteorológicas regentes na hora da coleta. É um trabalho complexo e a melhor forma encontrada para avançar nas pesquisas é justamente unindo forças. A análise das amostras de água no CENA é estudado com a forte colaboração da equipe no CPTec.
A segunda fase também dará ênfase à educação. Foram escolhidas seis cidades-chave ao longo da rota dos rios voadores: Brasília (DF), Chapecó (SC), Cuiabá (MT), Londrina (PR), Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG). Nestas cidades, haverá um projeto reforçado em parceria com autoridades locais para inserir uma aula sobre os rios voadores nas escolas municipais da rede pública, com oficinas de treinamento dos professores e fornecimento de material didático
Desde a década de 1990, Gérard e Margi Moss têm viajado pelo Brasil e pelo mundo afora em aviões leves, a baixa altitude, observando as paisagens que passam debaixo de suas asas.
Vendo o mundo de cima, perceberam a fragilidade dos rios acuados, o avanço teimoso da desertificação, as feridas abertas pelas queimadas nas florestas, os povos se tornando refugiados ambientais, e resolveram agir.
Escolheram especificamente o tema Água. Ironicamente, é do ar que conseguem “explorar” o ambiente aquático de uma forma que alia a tecnologia de ponta à geográfica e à aventura de viver. Aplicaram os pontos fortes da aviação leve – acesso a regiões remotas, voar baixo, ponto de observação móvel, plataforma fotográfica estratégica – a serviço da causa, trabalhando em parceria com cientistas brasileiros de renome.
Em 2003/2004, realizaram o Projeto Brasil das Águas, um projeto inédito que utilizou um avião anfíbio para coletar mais de 1.160 amostras de água doce de corpos de água espalhados em todo o Brasil – rios, lagos e reservatórios. Voaram 120.000 km durante os 14 meses do projeto, o equivalente a mais de duas voltas ao mundo.
Baseado nos resultados obtidos pelas análises das amostras feitas por pesquisadores em várias instituições em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, foi possível desenhar um mapa mostrando a saúde das águas doces no momento da coleta e identificar ambientes não contaminados para que possam ser conservados.
Agora, com oProjeto Rios Voadores, mais uma vez aliam o uso de um avião pequeno à busca de amostras nos cantos distantes do Brasil. Mais uma vez também, se aliaram a gurus do conhecimento científico brasileiro, tanto em estudos isotópicos quanto em climatologia (veja Equipe Científica), para divulgar o fenômeno dos rios voadores e a sua importância para um futuro regado a água de chuva para o Brasil.