sábado, 14 de agosto de 2010
MS Notícias
Transformar componentes extraídos da natureza em produtos comerciais já é uma realidade mundial. Mas o Brasil, país rico em biodiversidade, poderia lucrar muito mais com esta vasta matéria-prima. É o que pretende a Rede Pró-Centro-Oeste, que conta com a participação da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect). Esta Rede de pesquisa terá ênfase na conservação e uso sustentável dos recursos naturais do Cerrado e do Pantanal.
Dentro desta perspectiva, a Fundect tem participação decisiva para o desenvolvimento de novos produtos que agreguem valor na economia do Estado e do país.
O diretor-presidente da Fundect, Fábio Edir Costa, cita como exemplo as pesquisas focadas na exploração dos recursos naturais e biológicos. É a bioprospecção, uma forma de localizar, avaliar e explorar legalmente a diversidade de vida existente na natureza. A principal finalidade é a busca de recursos genéticos e bioquímicos para fins comerciais.
São alimentos, essências, insumos para a indústria de cosméticos, remédios. Produtos encontrados na natureza, muitas vezes já utilizadas por populações tradicionais, que podem ser patenteados e gerar fonte de riqueza à economia brasileira.
"Apesar da elevada biodiversidade, o Brasil tem apenas um produto fitoterápico - que é um anti-inflamatório - desenvolvido em território nacional. Temos condições de mudar esse quadro, investindo em pesquisas e na formação de mais doutores", disse Costa.
O papel econômico da biodiversidade traz igualmente consigo a justificativa da importância do papel no funcionamento dos ecossistemas e de um planeta saudável. Por isso a necessidade da manutenção das fontes de água superficial e subterrânea, proteção e fertilização dos solos, regulação da temperatura e do clima, para garantir o desenvolvimento sustentável da região.
Convenção sobre Diversidade Biológica
Com os avanços das novas tecnologias e a percepção da importância econômica da biodiversidade, houve um aprimoramento sobre as questões ambientais. A preocupação em apenas preservar algumas espécies de mamíferos e aves e dar proteção especial a áreas de beleza exuberante foi deixada pra trás no início dos anos 90.
Segundo informações da Embrapa, na Rio-92, centenas de países assinaram a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). O documento, em grande parte voltado para o estabelecimento de modos de exploração dos recursos biológicos pela engenharia genética, trata, entre outros assuntos, de temas relacionados ao uso sustentável e incentivos a conservação da biodiversidade.
Atualmente, a CDB já está assinada e ratificada por 174 países, com exceção dos Estados Unidos. A Convenção institucionaliza direitos de propriedade física e intelectual e facilita a negociação direta entre o poder público e as empresas privadas de biotecnologia, que devem resultar em contratos de bioprospecção. São levados em conta a exploração econômica não destrutiva dos recursos genéticos, assim como uma divisão justa dos lucros.