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quinta, 04 de setembro de 2003

Aventura nas Férias

Jornal Nacional

No mundo inteiro, a forma de turismo que mais cresce é a ecológica. E no Brasil, ele tem revelado tesouros.

Descidas geladas, subidas de suar. Retrato do inferno? Não. Álbum de férias.

Botas surradas, mochila e cantil. Ecoturista não embarca no óbvio, faz o próprio mapa.

Ecoturismo é trilha sem fim. Passa numa Amazônia inundada de surpresas: 80 cachoeiras a 100 quilômetros de Manaus.

Praias salgadas ou doces, à sua escolha, em Marajó. Cânions imponentes na Serra Gaúcha. Belezas de um nordeste longe da praia - incrustadas nas rochas da Chapada Diamantina.

Um paraíso, naturalmente lindo, bem preservado, maravilhoso, chamar de bonito é até pouco, mas é o nome do lugar. Bonito, é uma espécie de capital nacional do ecoturismo, no Mato Grosso do Sul. Um lugar que só foi descoberto pelos turistas há pouco mais de 10 anos, mas já virou ponto de referência e bom exemplo de utilização responsável e sustentável daquilo que a natureza deu.

De tão bonito, todo mundo queria ver.

"Vieram primeiro os parentes, os amigos. Todo mundo gostando e trazendo mais", conta o fazendeiro Geraldo Majella Pinheiro.

Começaram a cobrar. Acabaram transformando a velha sede da fazenda em centro de visitantes. Agora, um século de pecuária convive com turistas em roupas de borracha. Um terço do faturamento já vem destes estranhos com suas estranhas montarias.

As inglesas fugiram do asfalto para descobrir: não é só Copacabana e Ipanema. O Brasil tem muito mais a oferecer.

Nesse rastro, vieram a Bonito dez mil estrangeiros - só no ano passado. E 200 mil brasileiros. Uma multidão em busca das cavernas belíssimas, das águas transparentes, de cachoeiras e aventuras. Com o ecoturismo, a economia decolou.

Dez anos atrás, sete pousadas. Agora, 77 opções de hospedagem. Podia ser um desastre: receber uma invasão anual de 12 vezes a população do município inteiro. Mas o pessoal fez bonito:

"Fazendo um comparativo da viagem que nós viemos em 95 e hoje, acho que evoluiu bastante. Acho que os lugares estão bem cuidados", afirma um turista do Rio Grande do Sul.

O olho do pecuarista engorda o turismo: 90% das 37 atrações da região estão em fazendas. Mesmo assim, turista só entra com guia credenciado e autorização oficial.

Os vouchers, controlados pela prefeitura, limitam as visitas. A Gruta Azul, por exemplo, só abre para 305 pessoas por dia.

"Reverte em benefício do município na questão da arrecadação e no meio ambiente na questão da conservação", ensina Aldenir Martins, guia e secretário de turismo de Bonito.

Não por acaso, o atual secretário de turismo é guia - o cargo sempre é de alguém eleito pelo setor.

Hoje, um em cada três moradores da cidade trabalha com ecoturismo. Metade dos alunos da única faculdade estuda turismo. Um aeroporto em construção mostra que a cidade entrou na rota do ecoturismo. Mas quem pousar aqui vai encontrar o mesmo cuidado.

"Nós nos acostumamos desde cedo que, para crescer de forma sustentada e organizada, nós precisávamos criar regras bastante rígidas, pra não depredar o meio ambiente, que é nossa riqueza maior", avisa Henrique Ruas, dono de uma pousada.

Um tesouro que os bonitenses aceitam dividir, desde que as visitas o mantenham como é: mais que bonito.

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