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quinta, 26 de agosto de 2010

Chat com Prof. José Sabino na Globo.com

Conversa com o Prof. José Sabino, da Uniderp, sobre a viagem empreendida pelo Globo Repórter ao Pantanal Sul-Mato-Grossense.
 
Íntegra do "chat" do site Globo.com - dia 01/10/2004

Moderador apresenta a mensagem enviada por UFES: Oi prof. Existe algum projeto de genética aí na serra da Bodoquena?

Prof. José Sabino responde para UFES: A expedição colocou amostras dos peixes, temos amostras de todos eles.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Biologorapinante: Olá, gostaria de saber se existe um projeto com rapinantes especificamente aí no local.

Prof. José Sabino responde para Biologorapinante: Que eu saiba não. Existem alguns estudos feitos para que a gente conheça as espécies de aves de um modo geral.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por rafaels: Existe alguma formulação de política pública para preservação da Serra?

Prof. José Sabino responde para rafaels: Há um parque nacional, e como a maioria dos parques brasileiros enfrenta muitas dificuldades. Hoje ele ainda enfrenta problemas básicos, fundiários, apenas 11% foi desapropriado. É um parque que só existe no papel. Há problemas de queimadas e outros de uso inadequado da terra. Existem áreas também fora do parque que são muito mal empregadas, áreas de pecuária que causam danos ao solo. Não há um cuidado mais geral para a região, ainda é muito ameaçado. Há uma conexão muito forte da Serra com o Pantanal. Problemas nela se refletem na planície, então há de se criar uma política de preservação.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Cris: Boa noite! Prof. Sabino, a quanto tempo se dedica a esse trabalho na Serra da Bodoquena?

Prof. José Sabino responde para Cris: O nosso trabalho se iniciou há cerca de 10 anos quando vim para a região. Na verdade, vim como turista para visitar a região de Bonito. Na época eu era professor na PUC-SP e pesquisador da UNICAMP. Desde então passei a pesquisar os peixes da região. Em 2000 me mudei para o Pantanal.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por lilica: Onde fica o Centro de Reabilitação dos animais? A que distância de Bodoquena?

Prof. José Sabino responde para lilica: O Centro de Reabilitação tem base em Campo Grande e tem parceria com numerosas fazendas na região.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Keyla: Gostaria de sabre se o professor tem um site mostrando algumas informações sobre o assunto, ou até mesmo os seus trabalhos?

Prof. José Sabino responde para Keyla: A gente tem um site que está sendo montado, chamado Natureza em Foco. Deve entrar no ar dentro de 15 ou 20 dias. O endereço é www.naturezaemfoco.com.br!
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Luf: Que iniciativas já existem para impedir o avanço da exploração agrícola sobre áreas preservadas?

Prof. José Sabino responde para Luf: O grande problema que a gente enxerga para a região está mais centrado no Pantanal, por ser uma planície. A região da Serra, por ser bastante íngreme e conter muitas pedras não é muito favorável. A agricultura avança sobre o Pantanal, a área vem sendo explorada irracionalmente na questão ambiental.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Fontes: Vimos imagens de uma casa sendo construída. É possível construções em áreas de preservação como esta?

Prof. José Sabino responde para Fontes: Aquilo é absolutamente irregular. Mas as vezes por conta de influências, essas coisas acabam acontecendo. É uma pena. O dinheiro as vezes ainda fala mais alto aqui, embora tenhamos um esforço grande de conservação.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Thamara: Oi, boa noite professor. Como podemos fazer algo para ajudar nesses projetos?

Prof. José Sabino responde para Thamara: Existem várias maneiras de se ajudar. A maioria das maneiras que a gente vê mais facilmente é ser voluntário de alguma ONG que atue na região. Existe uma bem recente que é o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena, eles tem um site que é www.iasb.com.br, nele há informações sobre a Serra da Bodoquena.

Moderador apresenta a mensagem enviada por Toninho: O que podemos aprender no pantanal para poder aplicar na Amazônia?

Prof. José Sabino responde para Toninho: É uma boa pergunta. Eu acho que existem muitos exemplos que podemos replicar no Brasil. Uma delas é a maneira como na região pantaneira se faz um turismo relativamente controlado. Na Amazônia eu tive algumas experiências onde vi um turismo em escala muito maior do que aquela suportada pela natureza. Quando falamos de ecoturismo falamos de grupos muito pequenos que causam pouco impacto. Por exemplo, a UNIDERP tem uma área de visitação que utiliza este modelo. Acho que este é um ensinamento que a Amazônia pode aprender. Estas experiências podem ser trocadas entre os dois grandes Biomas brasileiros que são tão importantes para o mundo.

Prof. José Sabino fala para a platéia: Um dos grandes problemas que vemos hoje, e recentemente vimos no Jornal Nacional a prisão de um estrangeiro de origem alemã traficando exemplares de aranhas para fora do Brasil. Isto na verdade, é uma pontinha de um Iceberg. A gente tem relatos isolados de pessoas que entram e saem do Brasil levando uma pontinha da nossa biodiversidade. Nós temos que cuidar desta biodiversidade de uma maneira bastante eficiente e a Lei de Biosegurança além de outros instrumentos nos ajudará a cuidar desta biodiversidade de maneira mais cuidadosa. Há também a questão da pesquisa genética que é muito importante.

Moderador apresenta a mensagem enviada por Helen: Professor, a quem devemos comunicar quando deparamos com desmatamentos de mananciais.E se já existe um telefone para este tipo de específico de denuncia?

Prof. José Sabino responde para Helen: Eu não tenho de cabeça o número mas existe um disque-denúncia do IBAMA, é conhecido como Linha Verde. Você também pode chamar qualquer autoridade constituída que pode fazer o encaminhamento primário deste tipo de crime.

Moderador apresenta a mensagem enviada por brendabio: Quais são os principais impactos ambientais observados nessa área? E se esses impactos estão aumentando ou diminuindo?

Prof. José Sabino responde para brendabio: Nós temos registrado na região basicamente os impactos registrados pela pecuária de corte. São difíceis de serem medidos porque nosso conhecimento sobre os ecossistemas é muito inicial. Estamos ainda numa fase inicial do conhecimento, ainda catalogando nossas espécies. Ainda vamos levar um grande tempo para chegarmos a conclusões e respostas mais definitivas. De qualquer forma, existe o Princípio de Precaução, ele nos diz que na falta da certeza científica devemos agir com precaução.

Moderador apresenta a mensagem enviada por maxbio: O rio assoreado pela areia pode ser recuperado?

Prof. José Sabino responde para maxbio: Pode sim. Um cuidado com os pastos do entorno dele, como por exemplo a construção de curvas de nível, a recuperação da mata ciliar e depois um longo período sem dano faria com que o leito do rio fosse sendo recuperado. Com o tempo, talvez em 10 anos, ele consiga se recuperar. Existe na natureza a capacidade de se retornar a condição original, caso os danos não sejam irreversíveis.

Moderador apresenta a mensagem enviada por Junior-Rj: Em termos de reprodução de animais em extinção, o parque tem tido sucesso?

Prof. José Sabino responde para Junior-Rj: É um esforço que deve ser feito com bastante critério. Toda área na natureza tem um limite natural de aceitação das populações, de nada adianta eu colocar animais na área que já esteja saturada daquela espécie. É muito importante que se faça esta soltura em áreas em que haja capacidade de aceitação destes animais.

Moderador apresenta a mensagem enviada por lilica: Quantas espécies de animais já foram encontradas em Bodoquena, sendo classificadas como exclusivas da região? Você pode dar um exemplo?

Prof. José Sabino responde para lilica: Eu diria que especificamente da região temos os animais de cavernas, como aquele Cascudo que foi mostrado. Tem outro animalzinho que é um crustáceo que ocorre em grutas da região. Essas são as duas que tenho conhecimento que são endêmicas. Embora a gente imagine que existam muitas outras.

COLUNISTA

José Sabino

jsabino@portalbonito.com.br

É biólogo, doutor em Ecologia pela UNICAMP e consultor da ONU e do Ministério do Meio Ambiente para área de biodiversidade. Atualmente é professor do Mestrado em Meio Ambiente da UNIDERP, onde ministra as disciplinas de “Ecologia de Ecossistemas”, “Biodiversidade do Cerrado e Pantanal” e “Turismo e Desenvolvimento Regional”. É pesquisador-chefe do Laboratório de Biodiversidade Conservação de Ecossistemas Aquáticos da UNIDERP.

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