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quinta, 26 de agosto de 2010

A história se repete

Desde dezembro de 2009, grande parte da população dos estados brasileiros vive assustada e com uma sensação de incompetência diante dos fatos e catástrofes ou dos chamados “fenômenos da natureza”.

São as precipitações pluviais, as inundações, as enchentes, casas e vias públicas alagadas, o perigo de doenças originadas por transmissão ou vinculação hídrica, proliferação e o ataque de animais, (pequenos anfíbios, répteis, mamíferos e insetos), deslizamentos, desmoronamentos, desabamentos, soterramentos, acidentes e mortes.

Em tudo a água é sempre apontada como a culpada.
Será?

Justamente, ela - a água - que é um dos elementos fundamentais para a existência do homem na Terra, estando impregnada em todos os seus tecidos por ser o meio de transporte dos elementos nutritivos para as células, transportando as substâncias solúveis que atravessam as membranas.
E o alarmismo: “Relatório anual das Nações Unidas faz terríveis projeções para o futuro da humanidade. A ONU prevê que em 2050 mais de 45% da população mundial não poderá contar com a porção mínima individual de água para necessidades básicas. Segundo dados estatísticos existem hoje 1,1 bilhão de pessoas praticamente sem acesso à água doce. Estas mesmas estatísticas projetam o caos em pouco mais de 40 anos, quando a população atingir a cifra de 10 bilhões de indivíduos. A partir destes dados projeta-se que a próxima guerra mundial será pela água e não pelo petróleo”.

Voltemos aos deslizamentos, inundações, soterramentos, etc, ocorridos desde os iniciais séculos, no Brasil, por assim dizer. Então verificamos que a história se repete.

Manchete 1 - Deslizamento soterra um grupo de holandeses
Possível manchete de um deslizamento que soterrou e expulsou um grupo invasor de piratas holandeses, caso excepcionalmente atribuído a um milagre da santa padroeira da cidade, ainda no século XVII.

“Spilbergen atacou Santos em 1615. - Conta Netscsher, o historiador dos holandeses no Brasil, que Joris Van Spilbergen foi enviado em 1614 pela Companhia das Índias Ocidentais, para procurar, pelo Estreito de Magalhães, uma passagem mais curta para as Molucas, e a sua expedição compunha-se de seis navios: o Groote Maan, o Jager, e o Meeuw, pela Câmara de Amsterdam; o Eolus, pela Zeelândia, e o Morgenster, por armadores de Rotterdam e que, chegada ao Brasil, ancorou junto à Ilha Grande, e, depois, perto de Santos ou São Vicente, a fim de refrescar, pois a equipagem ia enfraquecida e enferma".

“Isto é o que conta Netscher, mas a verdade anda bem longe de quanto ele afirmou, procurando atenuar culpas históricas dos homens de sua pátria. O histórico dessa passagem marítima acha-se feito, segundo Taunay, por um precioso, embora tosco, documento iconográfico: uma estampa de Miroie Oest et West Indical, publicada em 1621 por Jan Janez, editor de Amsterdam, cujo título vem a ser: Le portrait de Capo de St. Vincent en Brésil”. Houve sim uma tentativa de invasão.
“Nela – (estampa abaixo) se vêem as cinco naus holandesas bloqueando a barra de Santos, ao passo que a Gaivota vigia o porto de São Vicente. Assinala-se no canal o ponto extremo a que chegou o Caçador, a certa distância de uma fortaleza grande, cujo fogo os escaleres de reconhecimento não ousaram enfrentar”.

“As duas povoações (vilas) de Sanctus e St. Vincent têm portas, estacada, igrejas, edifícios altos, sendo a segunda maior do que a primeira. Notam-se em diferentes pontos do litoral numerosas tropas de índios e brancos armados, à espera do desembarque dos batavos”.
Le portrait de Capo de St. Vincent en Brésil
 
Estampa de Miroie Oest et West Indica (1621)-publicada  por Jan Janez, editor de Amsterdam

Manchete 2 - Deslizamento despeja terra e pedras causando vítimas
* Deslizamento no Monte Serrat
          
A TRIBUNA – Santos/SP – 10/03/1928
*Um grande desastre abalou Santos, em 10 de março de 1928: o desabamento de parte da encosta do Monte Serrat, soterrando muitas casas e várias dependências da Santa Casa de Misericórdia de Santos, que então estava instalada no sopé daquela elevação, em área onde a partir de 1950 foi construído o Túnel Rubens Ferreira Martins e três décadas depois a alça de acesso viário com viaduto sobre esse túnel. Estas são algumas fotos do desabamento da encosta, que quase levou à própria demolição do morro.
   - Foto: Poliantéia Santista, 1996, Ed. Caudex, S. Vicente/SP - * 10/03/1928 – Encosta, casas e dependências da Sta. Casa de Misericórdiai –
Manchete 3 – Toneladas de pedra, lama e terra nas casas e ruas.
 : foto: Rafael Herrera
Bairro do Marapé – S. Vicente/SP – 01.03.1956

 * Em 1956, o Morro do Marapé foi palco de uma tragédia semelhante à do Monte Serrat, mas com menor número de vítimas. Como no acidente de 1928, o do Marapé ocorreu no mês de março, dia 1º, deixando 22 mortos. A causa, novamente, as chuvas.
Manchete 4 - Deslizamento no sopé do Monte Serrat
   Foto: 1956 Monte Serrat, S. Vicentee/SP
- A Tribuna -
Manchete 5 – Deslizamentos em Santos
 Santos – 1958

Obs: - Outros casos destacados aconteceram e acontecem e que justificam e forçam a realização de amplos e constantes trabalhos de contenção das encostas e monitoramento da situação hidrogeomórfica.

Terreno sedimentar, com fina capa de solo, quando enfrenta chuva forte e não tem mais cobertura vegetal que fixe o solo... o resultado é um deslizamento de terras, e quem estiver no caminho sofre as conseqüências. Os escorregamentos em áreas de encostas ocupadas costumam ocorrer em taludes de corte, aterros e taludes naturais agravados pela ocupação e ação humana.
       
Três fatores de influenciam na ocorrência dos deslizamentos:

 Tipo de solo - sua constituição, granulométrica e nível de coesão;
 Declividade da encosta - cujo grau define o ângulo de repouso, em função do peso das camadas, da granulometria e nível de coesão;
 Água de embebição - que contribui para aumentar o peso específico das camadas; reduzir o nível de coesão e o atrito, responsáveis pela consistência do solo, e lubrificar as superfícies de deslizamento.
A época de ocorrência dos deslizamentos coincide com o período das chuvas, intensas e prolongadas, visto que as águas escoadas e infiltradas vão desestabilizar as encostas.

Nos morros, os terrenos são sempre inclinados e, quando a água entra na terra, pode acontecer um deslizamento e destruir as casas que estão embaixo.

Enquanto isso, as águas continuam rolando, rolando e rolando!

Vejamos...

No planeta Terra:- a avalia-se em 138015 m3, o que equivale a ocupar o volume de uma esfera de 1380 km de diâmetro, estando distribuída pelos seus três principais depósitos, nas aproximadas percentagens: - oceanos 96,6 % - continentes 3,4 % - atmosfera 0,013 %;- dos 3,4% de águas continentais, cerca de 2,4% são de água mais facilmente disponível, porém somente 0,31% não estão concentrados nos pólos na forma de gelo, ou melhor, de toda a água na superfície da terra menos de 0,02% está disponível em rios e lagos na forma de água fresca pronta para consumo; - a quantidade da água salgada dos oceanos é cerca de 30 vezes a quantidade da água doce dos continentes e da atmosfera; - nos continentes concentra-se praticamente nas calotas polares, glaciais e no subsolo, distribuindo-se a parcela restante, muito pequena, por lagos e pântanos, rios, zona superficial do solo e biosfera; - no subsolo representa cerca de metade da água doce dos continentes, mas a sua quase totalidade situa-se a profundidade superior a 800 m; - a biosfera (camada do globo terrestre habitada pelos seres vivos) contém uma fração muito pequena da água dos continentes: cerca de 1/40. 000; - a quantidade perdida pelos oceanos por evaporação excede a que é recebida por precipitação, sendo a diferença compensada pelo escoamento proveniente dos continentes; - a sua precipitação anual sobre os continentes é de 800 mm e reparte-se em escoamento (315 mm) e evapotranspiração (485 mm); -  e a precipitação anual média sobre os oceanos é de 1270 mm, resultando a precipitação anual média sobre o Globo igual a cerca de 1100 mm.

Obs: - A água somente passa a ser perdida para o consumo basicamente graças à poluição e à contaminação, nunca devido ao assoreamento como muitos dizem. São estes fatores que irão inviabilizar a reutilização, causando uma redução do volume de água aproveitável da Terra.
No Brasil - classificado como altamente privilegiado em termos de disponibilidade hídrica global, cerca de: um volume médio anual de 8.130 km3, que representa um volume per capita de 50.810 m3/hab.ano * números que devem ser devem ser encarados com uma certa reserva, pois a distribuição de água no Brasil é bastante irregular, por exemplo: a Amazônia, o lugar mais rico em água potável superficial de todo o Planeta, mas está distante dos grandes centros urbanos nacionais; - A grande reserva Brasileira de água: os aquíferos subterrâneos; e.t: o Brasil, a Rússia, a China e o Canadá são os países que basicamente "controlam" as reservas de “água fresca” mundial.

No corpo humano: - representa entre 45 a 75% do peso corporal do ser humano; - relativamente à mulher, o homem tem mais 15% de água corporal total, a qual constitui 60% do peso, devida ao maior teor de gordura habitualmente presente nas mulheres; - as crianças têm, em relação ao volume corporal, maior percentagem de água corporal total que os adultos; - ao nascimento, no bebe apresenta cerca de 75% do peso do corpo, diminuindo com a idade; - a gordura contém relativamente menos água do que o tecido muscular; - a gordura contribui para o peso sem um aumento proporcional no volume total de água no corpo, ou seja, as pessoas obesas tendem a ter menor percentagem do peso corporal constituído por água;
- a água impregna todos os tecidos; - é o meio de transporte dos elementos nutritivos para a célula.

I - Fonte
SÉRIE História das Doenças de transmissão hídrica e alimentar sob... No escopo do que é compreendido como Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar... www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/dta_sh9805.pdfDoenças, Vinculação Hídrica
Doenças, vinculação hídrica... aumentando o risco de doenças de transmissão hídrica e de origem hídrica. Doenças de Transmissão Hídrica: São aquelas em que a água atua como veículo de... www.simae.com.br/doencashidricas.htm
II - Consultar
oglobo.globo.com/.../2007/10/24/326883655.asp
noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,, OI19...
ambiente.hsw.uol.com.br/deslizamento-de-terra...
www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/defa...
www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1134647
cienciahoje.uol.com.br/noticias/tecnologia/al...
www.balneariocamboriu.sc.gov.br/imprensa/impr...
III – Ler as narrativas e ver as fotos
plantao190.com.br/tag/deslizamento/
http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos016.htm
http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0049a1.htm
www.geologo.com.br
www.novomilenio.inf.br/santos/fotos184b.htm
www.novomilenio.inf.br/santos/h0235c.htm
www.novomilenio.inf.br/santos/h0235c.htm

COLUNISTA

Helcias de Pádua

helcias@portalbonito.com.br

Professor Helcias Bernardo de Pádua, Biólogo-C.F.Bio 00683-01/D; Conferencista em "Qualidade das águas"; Especialista em Biotecnologia-C.R.Bio 01; Analista Clínico - Hosp.Clínicas SP; Professor de Biologia e Ciências-L-94.718-DR 5 - MEC, desde 1975; Consultor, professor e colunista; Memorista-AGMIB/Assoc. Grupo de Mem. do Itaim Bibi/SP; Graduando em Jornalismo/FaPCom

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